Mais atento ao desenrolar dos acontecimentos e, quiçá, activo “quanto baste” para apanhar o comboio da frente, João Almeida ganhou vinte segundos ao líder, o que pode ser muito bom para a etapa desta segunda-feira, um contrarrelógio de 35 km.
Numa etapa (8ª) disputada entre Terni e Fossombrone, numa distância de 207 km, este domingo, as peripécias surgiram amiúde depois de uma “amorfa” corrida na véspera (sábado), onde nada se passou no grupo da frente.
Bastou uma curta montanha (329 metros) de 4ª categoria (aos 156,8 km) para se abrirem as asas que permitiram “voar” alguns dos segundos planos, para uns 45 km finais a todo o gás, com o ciclista português a estar de olho aberto e seguir o caminho que o fez diminuir a desvantagem para o camisola rosa, o norueguês Andreas Leknessund.
Com o irlandês Ben Healy a servir de “ponta” final – onde conseguiu isolar-se o suficiente para chegar ao fim com cerca de minuto e meio de vantagem sobre o segundo, dando o safanão “inesperado” – se tivermos em consideração que esta segunda-feira é dia de contrarrelógio.
Esta situação acabou por fazer acordar João Almeida, que teve que dar à perna para aproveitar o balanço e poder ganhar segundos na classificação geral, ainda que sem mudar de posição (4ª).
Sem Tadej Pogačar ou Remco Evenepoel em seu caminho, Ben não tinha praticamente ninguém para contra-atacar. Depois de 130 quilómetros completamente planos, o irlandês (22 anos) despediu-se de todos na primeira rampa disponível, nomeadamente a do Cappuccini (na primeira passagem das duas), e a 51 quilómetros do fim já estava praticamente isolado.
Em poucos quilómetros, a diferença sobre seus ex-companheiros de fuga aumentou para mais de um minuto: dominar os altos e baixos do Marche era fácil naquele ponto. Uma vez em Fossombrone, teve tempo de sobra para desfrutar do seu primeiro sucesso num Grande Tour.
Bem Healy (EF Educacion) completou o percurso com o tempo de 4h44m24s, seguido pelo canadiano Derek Gee (Israel), com 4h46m13s e pelo italiano Filippo Zana (Jayco Alula), com o mesmo tempo.
João Almeida (EAU) chegou na 15ª posição, com 4h49m12s.
Na classificação geral, o norueguês Andrea Leknessund (DSM), continua vestido de Rosa, agora com um total de 33h52m10s, seguindo-se o belga Remco Evenepoel (Soudal), apenas a 8 segundos e de Primoz Roglic (Jumbo) a 38 segundos.
João Almeida (EAU) manteve-se firme no 4º lugar, a 40 segundos, seguindo-se o britânico Geraint Thomas (Ineos), a 52 segundos.
Nas outras classificações, o italiano Jonathan Milan (Bahrein) comanda a dos Pontos; o italiano David Bais é lider na Montanha, com 86 pontos (o francês Thibault Pinot (Groupama) desceu para segundo, com 56); o norueguês Andreas Leknessund (DSM) encabeça a Juventude e a INEOS segue na dianteira na classificação por equipas.
Nesta segunda-feira, a 9ª etapa liga os ciclistas de Savignano Sul Rubicone a Cesena, numa distância de 35 km, num contrarrelógio individual, o que poderá modificar a ordem da classificação geral, tanto mais que é uma prova que se efectua num percurso completamente plano, ao longo da costa marítima, pelo que se esperam grandes “velocidades”, porque tudo estará em jogo, pese embora faltem muitos quilómetros para o final do Giro.