Para quem nunca tinha ganhado nada, fosse onde fosse, sem dúvida que o italiano Davide Bais deu uma “bofetada de luva branca” a todos aqueles que nunca acreditaram que seria possível vencer uma etapa e logo no Giro de Itália.
Aproveitando, quiçá, o frio gelado que cobria toda a serra por onde passaram nesta 7ª etapa, disputada entre Cápua e Grand Sasso d’Italia, a verdade é que Davide soube contornar todas as dificuldades por que passou e mandar ao longo da corrida, depois que passou a andar sempre no grupo da frente.
Quem sabe se esta manhã, ao alinhar na largada em Cápua, se imaginasse a lutar pela vitória numa chegada como esta, ele que nem sequer é um escalador puro? Normalmente, em etapas como Capua-Campo Imperatore, não é de todo impossível que uma separação chegue, talvez uma grande com toda uma série de grandes nomes que abandonaram o GC em favor da caça ao palco.
Em vez disso, apenas quatro ciclistas receberam luz verde para se isolarem sem grandes problemas: Davide Bais (Eolo-Kometa), Henok Mulubrhan (Green Project-Bardiani CSF-Faizanè), Karel Vacek (Team Corratec-Selle Italia) e Simone Petilli (Intermarché-Circus-Wanty).
De forma paulatina mas com pedalada ritmada entre o grupo, a vantagem foi subindo rapidamente para 12 minutos e assim permaneceu até os últimos 50 km, quando começou a diminuir lentamente, também devido à perda de Mulubrhan, que levantou bandeira branca na subida de Roccaraso. A essa altura, Bais começou a acreditar que podia fazer o brikharete da vida, ainda que, com ele, estivesse Petilli, um escalador puro bem mais acostumado a esforços como o exigido pelo Gran Sasso d’Italia.
Mas o ciclista de Lecco não estava no seu melhor dia e, também devido ao vento contrário na subida ao cume, não conseguiu fazer a diferença. Bais e Vacek mantiveram o leme e, nos últimos 500 metros, continuaram juntos. Só então Davide Bais (eolo Komata percebeu que o negócio estava fechado, e usou as suas qualidades de “terminador”, dirigindo-se para o icónico final do Campo Imperatore, onde terminou a etapa com o tempo de 6h08m40s.
O checo Karel Vacek logrou a segunda posição, a nove segundos, com o terceiro lugar do pódio a ser conquistado pelo também italiano Simone Pettili (Intermarché), com mais 16 segundos.
João Almeida “aguentou-se” bem e completou no oitavo lugar, a três minutos e dez segundos, nada preocupante porquanto os sete primeiros da geral mantiveram-se nos mesmos postos.
Assim sendo, o norueguês Andrea Leknessund (DSM), continua líder, vestindo de Rosa, agora com um total de 29h02m43s, seguindo-se o belga Remco Evenepoel (Soudal), a 28 segundos e o francês Aureliene Paret-Peintre (AG2R) a 30 segundos.
João Almeida (EAU) manteve-se firme no 4º lugar, a um minuto do líder, seguindo-se o esloveno Primoz Roglic (Jumbo), a um minuto e doze segundos.
Nas outras camisolas, o italiano Jonathan Milan (Bahrein) comanda a dos Pontos; o italiano David Bais passou a liderar na Montanha, com 86 pontos (o francês Thibault Pinot (Groupama) desceu para segundo, com 56); o norueguês Andreas Leknessund (DSM) encabeça a Juventude e a INEOS segue na dianteira na classificação por equipas.
Neste sábado, a 8ª etapa leva os ciclistas de Terni a Fossombrone, numa distância de 207 km, pelas montanhas geladas, havendo três pequenas contagens, com a primeira a surgir apenas aos 156,8 km (329 metros, 4ª categoria), seguindo-se uma de 2ª categoria aos 170,6 km (628 metros) e a última ao quilómetro 201,1, de 4ª categoria (329 metros), quase no final da etapa.
Novos desafios para João Almeida e todos os participantes.