O Prof. Mário Moniz Pereira, se ainda contasse para a contabilidade dos seres vivos, teria completado 102 anos no passado sábado, dia 11 de Fevereiro.
Ao seu estilo, falando “muito a sério”, não deixava nada ao acaso e, por vezes, brincava com a idade, sempre que alguém mais próximo lha perguntava, descontraindo-se e, quando entrou na casa dos oitenta, dizia que não tinha 83 anos, por exemplo, mas sim quatro vezes vinte mais três.
Uma matemática perfeitamente certa, mas desconcertando alguns pelo óbvio, nem sempre de resposta pronta na decifração.
Neste e noutros aspectos, com alguma facilidade, Moniz Pereira como que descontraia – em momentos mais propícios ao stresse, como perto das grandes competições – os atletas com frases similares, brincando com este tipo de “trocadilhos”.
O que lhe corria na veio desde muito novo, como prova uma espécie de “contrato” que fez, pelo menos uma vez (exemplo aqui publicado), com um atleta com vista às “condições” a que o atleta se tinha de comprometer para determinada competição.
É o caso de uma declaração que o atleta Armando Chaves subscreveu, com a preciosidade de no tal documento ser aposto um selo fiscal de dez centavos, como se pode ver na reprodução.
“Declaro, por minha honra, que me submeto à preparação necessária para poder estar nos Campeonatos da Europa (Estocolmo).
Data: 8/10/1957”.
O campeonato que estava marcado para 1958.
Uma preciosidade que integra o espólio do Prof. Moniz Pereira à guarda do Museu Nacional do Desporto (Praça dos Restauradores), onde poderá ser visto, bem como outros de uma vida de setenta anos de atletismo e de desporto em várias latitudes e longitudes.