Patrícia Sampaio foi a atleta portuguesa que mais se evidenciou em mais uma edição do Grand Prix Portugal em Judo, ao conquistar a medalha de ouro na categoria de -78 kg, onde Rochelle Nunes obteve a medalha de prata.
Estas duas medalhas, que se junta ao bronze alcançado por Bárbara Timo no dia anterior, levaram a equipa portuguesa ao segundo lugar – entre os 81 países participantes – da classificação colectiva, o que foi excelente para Portugal, no evento que terminou este domingo, após 3 dias de combates entre os melhores judocas do Mundo nos tatamis do Complexo Municipal dos Desportos da Cidade de Almada.
Patrícia Sampaio (-78 kg) estreou-se com uma vitória sobre a espanhola Lúcia Pérez Gomez (97ª do ranking mundial), dominando com dois ‘wazaris’ pontuados em pouco mais de um minuto. Na ronda seguinte, enfrentou a croata Petrunjela Pavic (63ª, atual Campeã Europeia Sub-23). Aos 32 segundos, a portuguesa foi surpreendida e cedeu ‘wazari’, mas conseguiu igualar a partida menos de um minuto depois e confirmou a vitória ao pontuar novo ‘wazari’.
Nos quartos-de-final, contra a sul-coreana Hyunji Yoon (19ª, Medalha de Ouro no Grand Prix Portugal 2022), assistiu-se a um confronto equilibrado. Ainda assim, a atleta lusa conseguiu superiorizar-se e obrigou a asiática a errar e a somar o terceiro ‘shido’.
Discutiu o acesso à final com outra atleta sul-coreana – Jeongyun Lee (17ª, atual Vice-campeã Asiática). Embalada pelo apoio do público de Almada, Patrícia foi crescendo e acabou por pontuar ‘wazari’, gerindo a vantagem até ao final do tempo regulamentar.
No derradeiro combate, perante a ucraniana Yelyzaveta Lytvynenko (20ª, atual Campeã Europeia de Juniores e Bronze no Mundial de Seniores 2022), a portuguesa voltou a assumir o encontro, sempre a atacar, obrigando a adversária a somar penalizações, o que lhe garantiu o triunfo a 20 segundos do fim do tempo regulamentar.
Na categoria +78 kg, Rochele Nunes começou nos oitavos-de-final, onde enfrentou a brasileira Giovanna Santos (140ª). Após um combate equilibrado, a portuguesa pontuou ‘ippon’ a 20 segundos do fim.
Nos quartos-de-final, dominou o confronto com a francesa Valentine Marchand (85ª), mas não conseguiu traduzir a superioridade em pontos. Rochele acabou por seguir em frente na prova após acumulação de ‘shidos’ da judoca gaulesa.
Voltou a dominar o encontro seguinte, garantindo a presença na final, contra a cazaque Kamila Berlikash (15ª), que cedeu por acumulação de ‘shidos’. Na luta pelo ouro, enfrentou a vencedora da última edição da prova, Hayun Kim (8ª do ranking), da Coreia do Sul.
Após os minutos iniciais marcados pelo equilíbrio, a portuguesa conseguiu projetar e pontuar ‘wazari’, mas na sequência, a asiática contra-atacou e alcançou o ‘ippon’ por imobilização.
Com este resultado, Rochele Nunes conquista a Medalha de Prata.
No regresso às competições internacionais (onde não competia desde 2017), Célio Dias (-100 kg) estreou-se com uma vitória sobre o britânico Harry Lovell-Hewitt (103º), dominando com dois ‘wazaris’ pontuados em cerca de dois minutos.
Na ronda seguinte, perante Shermukhammad Jandreev (55º), do Uzbequistão, o português voltou a demonstrar o seu bom momento de forma, conseguindo adiantar-se no marcador por ‘wazari’. O judoca uzbeque ainda conseguiu igualar a partida, mas o olímpico luso confirmou o segundo triunfo com novo ‘wazari’.
Nos oitavos-de-final, encontrou Bojan Dosen (36º). Após um combate equilibrado, o sérvio pontuou ‘wazari’ nos últimos 20 segundos, resultado que permaneceu até final. Desta forma, Célio Dias alcança um honroso 9º lugar.
Recordamos que nas eliminatórias desta manhã, Carolina Paiva (-78 kg), Beatriz Moreira (-78 kg), Ricardo Serrão (-90 kg), Diogo Brites (-100 kg), Guilherme Silva (-100 kg), Ailton Cardoso (-100 kg) e Vasco Rompão (+100 kg) não conseguiram ultrapassar os seus primeiros adversários.
A Coreia do Sul garantiu o 1º lugar do ranking com 4 medalhas de ouro, 1 de prata e 1 de bronze pconquistadas, com Portugal no 2º lugar, totalizando 3 Medalhas (2 ouro e 1 Prata, além do 5º lugar de Catarina Costa no dia inaugural). O Uzbequistão, com 2 medalhas de ouro, fechou o pódio, ocupando o 3º lugar (entre os 41 Países presentes) com 2 medalhas de Ouro e 2 de Bronze.
Alguns dos melhores judocas do mundo, nomeadamente 320 atletas de 24 países, vão permanecer em Portugal, onde vai decorrer um Estágio Internacional entre esta segunda-feira e quarta-feira, também em Almada.
A maioria dos atletas presentes vai preparar a participação no Grand Slam de Paris (que se cumpre no próximo fim-de-semana).
Patrícia Sampaio, que conquistou a medalha de ouro, salientou que “esta medalha é uma ótima forma de começar o ano. É o resultado de muito trabalho e treino, com a ajuda de estágios internacionais que tive a oportunidade de fazer no final do ano. Começar o ano em casa, com a medalha de ouro, com todas as pessoas a cantar o hino comigo, foi perfeito”.
Para Rochelle Nunes (medalha de prata) “senti o ouro nas minhas mãos, é difícil perder assim, mas tenho de estar orgulhosa do meu percurso, tenho alcançado resultados muito bons. Às vezes vou um pouco abaixo, é algo que estou a melhorar, mas é porque queria mais. O apoio que recebi das bancadas foi a melhor parte do dia, é isso que eu vou levar comigo, mais do que a medalha.”
Pedro Soares, treinador da seleção nacional, salientou que “foi uma competição muito positiva, com retorno para o país, muitos países e atletas presentes e muitos judocas fortes. Esta prova acontece uma semana antes do Grand Slam de Paris e quando alguns poderiam pensar que seria uma prova de segunda linha, provou-se o contrário, com nível altíssimo a que temos assistido, quer em quantidade como em qualidade. Em relação à prestação dos nossos atletas, mesmo sem dois dos melhores, conseguimos lutar por medalhas e acabamos com três conquistadas. Quero também realçar a prestação dos nossos atletas mais jovens que conseguiram vencer combates. Isto é um Grand Prix, eles tinham aspirações limitadas, mas conseguiram dar uma boa imagem, que é também o papel do país anfitrião. No geral, penso que foi um Grand Prix muito positivo”.
Nesta segunda-feira, no mesmo local, realiza-se o Grand Prix Portugal2023, com Portugal a receber, pela primeira vez, a prova do circuito mundial da IBSA (International Blind Sports Association) que reúne os melhores judocas cegos e baixa visão do mundo, num total de 102 judocas (69 Masculinos e 33 Femininas) em representação de 27 Países, incluindo os três portugueses: Miguel Vieira (-60 kg J1), Nuno Rocha (-73 kg J2) e Rúben Gonçalves (-73 kg J2), que combatem neste primeiro dia. (12 horas).
