De acordo com uma nota divulgada no respectivo site, a Confederação do Deporto de Portugal (CDP) dá conta de que, no encontro nacional realizado com as Federações Desportivas filiadas, foi decidido que é necessário agir no âmbito das verbas a atribuir anualmente ao desporto.
Depois de salientar que:
-0,045% é o peso do desporto no orçamento geral do Estado, o que equivale a ser cerca de 40% abaixo da média europeia;
- 73% da população portuguesa revela nunca praticar desporto segundo o Eurobarómetro;
- O sedentarismo é dominante no dia-a-dia dos jovens em Portugal;
- O dispêndio médio, por atleta federado é anualmente, em Portugal, de apenas 75 euros.
a CDP considerou que estes números assustadores mostram cruamente o porquê da posição de Portugal na cauda da Europa em termos de prática desportiva, apoio financeiro à atividade e capacidade competitiva, o que tem como consequência sermos o pior país em termos de resultados quando comparados com outros parceiros europeus com a equivalente dimensão populacional.
“O desenvolvimento desportivo porque todos ansiamos, continua posto em causa e foi com o objetivo de tentar encontrar antídoto para tal calamidade que os presidentes de federação (44 no total), a convite da Confederação do Desporto de Portugal, se reuniram no INATEL em Oeiras, com o objetivo de discutir o Estado da Nação do setor”.
No encontro ficou claro que é necessário agir!
“A união do setor ficou bem patente nas vozes da generalidade dos presidentes de federações desportivas, onde a insatisfação foi comum, assim como a vontade clara de marcar uma posição muito forte junto do Governo, o qual, de acordo com o artigo 79º da Constituição da República, deve ter no apoio efetivo à prática desportiva uma das suas responsabilidades/prioridades”.
“O conjunto das intervenções levou-nos a concluir que o Desporto não é um tema na agenda política, nem tem lugar na discussão do Orçamento do Estado de cada ano. É tarde para influenciarmos o Orçamento para 2023, mas, é o momento certo para lutarmos em conjunto no sentido de conseguir, finalmente, alcançar um orçamento (para 2024) consentâneo com a posição que o desporto, com as suas vitórias e medalhas representa na sociedade portuguesa”, segundo a CDP.
Como foi dito no decorrer da reunião “a preparação do orçamento do desporto 2024 começou hoje!”.
“Mente Sã em Corpo São” trata-se de uma máxima que ouvimos com frequência, a qual alerta para o bem-estar e desenvolvimento de qualquer sociedade pelo que, mais do que reclamar verbas para a competição ou para a Federação A ou B, foi comum a todos os presentes a ideia de que este é um problema social, mais do que um problema de um setor”.
Adiantou ainda a CDP que “sem o desporto federado, e sem a promoção da atividade desportiva nas crianças, jamais Portugal poderá desenvolver-se nas mais diversas áreas. Um dos exemplos dados foi o impacto que a prática desportiva tem no setor da Saúde, com o potencial de diminuir os custos da Saúde em muitos milhões caso os portugueses tivessem hábitos regulares de prática desportiva”.
Acrescentou também a CDP que “estamos seguros de que o fundamental é o desenvolvimento do desporto dos clubes de base para a juventude poder ter acesso a uma prática eclética e os talentos terem condições para se desenvolver e termos campeões amanhã”.
“Como resultado da Cimeira de Presidentes, a CDP, em conjunto com as Federações desportivas, está a preparar um conjunto de iniciativas com o objetivo de contrariar a realidade descrita onde se incluirão ações de sensibilização junto do Governo e demais forças políticas com assento parlamentar”, concluiu a CDP.
A questão do financiamento ao desporto tem tido vários desenvolvimentos ao longo dos anos, em especial nos mais recentes, considerando também uma posição algo semelhante por parte do Comité Olímpico de Portugal, que acolhe as Federações Olímpicas que também integram a CDP.
Insistências que, como é público, levaram o governo a aumentar os montantes atribuídos ao Comité Olímpico e ao Comité Paralímpico de Portugal, no que se refere aos Jogos marcados para Paris’2024.
Sabe-se, desde algum tempo, que os resultados que sejam obtidos a partir deste momento começam a contar para a obtenção dos mínimos e rankings envolvidos em cada modalidade, cujo objectivo é conseguir uma maior presença de atletas nos dois eventos e, como corolário, a obtenção de mais medalhas, o que é lícito.
A nível governamental o momento não é nada favorável para este efeito mas a corrida “ao ouro” (financiamento) já começou, como se depreende das posições tomadas nesta reunião de alto nível do desporto português.