Roberto Martínez foi apresentado, esta segunda-feira, na Cidade do Futebol, como novo selecionador nacional de Portugal, técnico espanhol de 49 anos que chega à liderança da Equipa das Quinas depois de passagens pela Bélgica, Everton, Wigan Athletic e Swansea City.
Na cerimónia de apresentação, o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, deu as boas-vindas ao novo treinador e destacou a competência do novo responsável técnico.
Na conferência, Martínez mostrou-se muito motivado pelo desafio, ao afirmar ao site da FPF que “estou muito feliz por estar aqui, estou encantado por poder representar uma das seleções mais talentosas do Mundo”.
Acrescentou ainda que “desde a primeira vez que conheci a direção e o presidente soube que era este o projeto que queria. Entendo que haja grandes expectativas e objetivos, mas também entendo que há um grande conjunto de pessoas a trabalhar para cumprir os nossos objetivos”.
Prosseguiu, afirmando que “o importante é sermos uma Seleção muito competitiva. Quando penso no meu percurso internacional, em seis anos e meio tivemos invictos em 28 jogos para grandes torneios. É uma forma de tornar uma competitividade dentro da equipa. Portugal tem de ter sempre vontade de ganhar tudo e para isso é preciso ser uma equipa moderna, com flexibilidade tática. Jogar com uma linha de três ou quatro defesas depende dos jogadores, e será meu trabalho e da equipa técnica tirar o máximo de cada jogador. A flexibilidade tática é muito importante. Se vamos jogar em transições, temos de estar bem estruturados sem bola e dar aso ao talento que temos com bola. Temos de controlar os jogos”.
Roberto Martinez adiantou também que esclareceu que a equipa técnica ficará fechada nos próximos dias: “A estrutura da equipa técnica está clara. Depois de sete anos no futebol mundial sei exatamente o que é preciso, vamos finalizar isso nos próximos dias. Mas gostaria de ter um assistente português, que tenha sido jogador da Seleção e tenha carreira internacional. Acredito que seria muito importante para acelerar o nosso entendimento pelo futebol português”.
Depois de destacar o trabalho desenvolvido por Fernando Santos e enaltecer competência de Roberto Martínez, o presidente da FPF, Fernando Gomes apresentou o novo selecionador nacional, destacando a sua competência, de acordo com as declarações que se reproduzem do site da FPF.
O presidente federativo referiu ainda que “sublinho também o sinal de coragem que nos dá a todos, uma vez que aceita suceder ao treinador mais titulado à frente da Seleção de Portugal.
Desejo toda a sorte e recebo-o, em nome dos portugueses, seguro de que tudo farás para colocar a equipa de todos nós nas decisões das maiores provas internacionais.
Este é um momento importante para a Seleção Nacional, peço que compreendam o facto de preferir ler as palavras que escrevi para esta ocasião. Não quero correr o risco de me esquecer de algum dos aspetos que considero relevantes neste dia”.
Adiantou, por outro lado, “permitam-me que reafirme a honra que foi ter Fernando Santos como selecionador nacional desde 2014. Juntos construímos o período mais feliz da seleção nacional, com a vitória no Euro 2016, a conquista da Liga das Nações, uma das melhores campanhas de sempre no Campeonato do Mundo do Catar e o fortalecimento dos laços entre a equipa de todos nós e os 11 milhões de portugueses. Digo hoje o que a direção da FPF já teve oportunidade de afirmar em dezembro: muito obrigado Fernando Santos! Estamos seguros de que os portugueses não esquecerão tudo o que fizeste nesta casa, que será para sempre também a tua casa”.
Acrescentou que “depois de um Mundial em que todos – a começar por mim – sentimos que Portugal poderia ter ido mais longe, o desafio que enfrentei, como presidente da FPF, foi este: levar o ciclo que começou em 2014 até ao Europeu de 2024 ou iniciar já o ciclo que visa chegar ao Mundial 2026 como um dos mais fortes candidatos ao título? A minha decisão, depois de profunda ponderação, foi começar um ciclo novo”.
Salientou: “permitam que seja muito claro sobre isto. Apesar de o nosso mandato terminar no final do ano civil de 2024, cumpre-me tomar todas as decisões de gestão que assegurem uma transição segura e tranquila para o meu sucessor ou para a minha sucessora.
Isso significa, por exemplo, liderar a candidatura ao Mundial 2030, pensar e executar o plano para o futebol português em 2030, reforçar os laços com parceiros, negociar patrocínios e receitas que até vão para lá de 2026, melhorar as competições da FPF, dar todas as condições às seleções nacionais e, claro, definir contratos com treinadores e treinadoras. Até ao último dia na Cidade do Futebol, é isso que podem esperar de mim”.
Sobre Roberto Martinez, referiu que “nas últimas semanas defini o perfil do novo selecionador, em conjunto com os membros da direção que acompanham a Seleção A, Humberto Coelho e João Pinto, e também com José Couceiro, vice-presidente e diretor técnico nacional.
O novo selecionador nacional teria de ser ambicioso, conhecedor do futebol internacional, habituado a treinar jogadores ao mais alto nível, com experiência nos melhores campeonatos e idealmente também em seleções.
Na construção deste perfil nunca foi relevante o local de nascimento do novo selecionador de Portugal. Somos uma seleção formada por jogadores que na sua grande maioria atuam, já atuaram ou vão atuar nos próximos anos em diferentes países e campeonatos. O percurso de Roberto Martinez fala por si próprio: nasceu em Espanha e como jogador desenvolveu-se no seu país e projetou-se em Inglaterra. Como treinador, tem construído uma carreira com base na permanente aquisição de competências e no trabalho”.
Recordou que “há seis épocas teve oportunidade de começar a dirigir a Bélgica, seleção que colocou durante vários anos como número 1 do ranking mundial e que tornou uma equipa capaz de lutar com qualquer adversário, por todos os títulos.
Na primeira conversa com Robert Martinez foi imediatamente claro que estava perante um treinador que se encaixava no perfil desenhado. Ele, tal como nós na FPF, acredita que Portugal pode e deve estar sempre na decisão das grandes competições. E estar na decisão significa, pelo menos, aceder às meias-finais. Em qualquer prova. É isso que ambicionamos, é esse o ADN da Federação.
Somos um País de futebol, os nossos clubes formam muito bem os atletas e os jogadores atuam diariamente ao mais alto nível. Portugal é um adversário temido e que pode vencer qualquer equipa”.
De forma directa, referiu “caro Roberto, apesar de o teu relacionamento com a FPF ter poucos dias, creio que já percebeste aquilo com que poderás contar: desejo permanente de progredir e ganhar, confiança, estabilidade, organização, capacidade de trabalho e, estou certo, o apoio dos portugueses que são um povo apaixonado pela seleção nacional.
O ciclo de Fernando Santos durou mais de 8 anos.
O ciclo de Rui Jorge na seleção sub-21 começou há 12 anos.
Jorge Braz lidera a seleção de futsal desde 2010.
Mário Narciso cumprirá uma década este ano no comando do futebol de praia.
Francisco Neto fará em fevereiro 9 anos à frente da seleção feminina de futebol.
Luís Conceição está há 8 anos como responsável pela seleção feminina de futsal.
Os treinadores precisam de tempo e apoio para formar equipas.
Isso é muito claro na FPF, tem sido assim desde que aqui cheguei, em dezembro de 2011.
Não será diferente agora”.
A concluir, Fernando Gomes referiu “Roberto, tudo faremos para o que teu ciclo à frente da seleção seja longo e feliz. Nos próximos anos tu e a tua família terão oportunidade de descobrir um País que sabe acolher quem chega e que retribuirá sempre em dobro o trabalho e o empenho que colocares em cada dia na Federação Portuguesa de Futebol. Muito bem-vindo a Portugal!”
Sem se debruçar noutras coisas mais específicas, Fernando Gomes referiu-se a Fernando Santos.
Talvez não fosse a melhor altura para esclarecer o que foi o mundial do Qatar e assuntos correlacionados (Cristiano Ronaldo, diálogo com coreanos em campo e falta dele com Fernando Santos e por aí fora) mas o presidente federativo abordou, em público, o que lhe ia na alma, o que, por certo, perdurará por muitos anos, a não ser que queira abrir esse livro lá mais para diante.
Quanto a Roberno Martinez Montoliu – que nasceu em Balaguer (na Catalunha, Espanha) a 13 de julho de 1973 – o currículo dos últimos anos, levando a Bélgica ao topo do ranking mundial nas últimas quatro épocas, é suficiente para que se acredite que seja o homem certo, no lugar certo, em tempo certo.
A escolha de um seleccionador estrangeiro (depois de Scolari, ainda que este a falar também português) até se pode considerar a única viável, porquanto os técnicos portugueses de primeira linha estão a “alinhar” lá por fora, facto que “barrava” Fernando Gomes para escolher algum deles.
Por outro lado, fica a dúvida se aceitariam ou não, porquanto o assunto Cristiano Ronaldo não está resolvido e não se sabe como o vai ser. Precisa-se de um colectivo coeso, com alguém que possa fazer a diferença aqui e ali, mas que seja mais jovem.
Só o tempo o dirá!