Quinta-feira 21 de Novembro de 2024

Portugal venceu o Ghana em noite de recordes e de Deuses no Mundial do Qatar

portugal vs gana nov 2022

Diogo Pinto/FPF

Neste 24 de Novembro de 2022, em que Portugal se estreou no Mundial de Futebol Qatar’2022, bem se pode dizer que os Deuses ou Semideuses – depende do ponto de vista de cada um – estiveram com a equipa nacional

Ou porque “tenho a ambição, o desejo e o sonho de vencer o Mundial”, como referiu o seleccionador nacional Fernando Santos, porque “a equipa vai ser criativa…”, ainda salientado pelo responsável técnico da formação lusa ou, então ainda, porque “rezemos pelo semideus”, como outro alguém também reflectiu.

Num breve apanhado de situações, vemos que Cristiano Ronaldo bateu mais dois recordes pessoais, nacionais e mundiais: passou a ser o português com maior número de presenças em mundiais (5); aumentou para 8 o número de golos marcados em mundiais, ficando apenas a um do Rei Eusébio; é o que mais jogos fez em mundiais (18); aumentou o recorde pessoal, nacional e mundial dos melhores marcadores, com 118, de todos os países; é também o que mais jogos fez na selecção (192).

Quanto a Eusébio, a primeira maior referência nacional, os 9 golos que obteve num único mundial acontecerem em 1966, quando Portugal alcançou a melhor classificação até hoje em mundiais (3º lugar).

Por aqui se vê a qualidade da personalidade chamada Cristiano Ronaldo, pese embora a fase em que ainda se encontra (sem grande motivação e acuidade actuante) pelos desencontros pessoais e profissionais que lhe baterem à porta desde o início da presente época.

Transplantando para os dias de hoje o descrito atrás, o filme do jogo frente ao Ghana não foi tão clarificante, nalguns aspectos, pese embora Portugal tenha desfrutado de uma maior superioridade em todos os parâmetros normalmente referidos: rematou mais (11-9, dos quais 5-3 para a baliza, numa posse de bola de 62/38%), que redundou numa vitória justa, mas tangente, quando teve tudo para se ficar pelo 3-1, o que seria mais curial.

Dois erros (desacertos, desatenções, ou como queiram classificar) por parte de Danilo e Cancelo originaram os golos dos ganeses (73’ e 89’) numa altura em que a situação, controlada, se podia ter “esfrangalhado” e Portugal ficar a queixar-se de falta de sorte. Mas os Deuses estavam lá e “interferiram” na quebra anímica dos africanos.

Numa primeira parte em que Portugal gerou a maior posse de bola, fazendo rolar o esférico sem avançar demasiado e, por isso, também não rematar mais à baliza, o Ghana não deu muita importância, porquanto entrou com uma tática defensiva, como convinha, para poder ser mais acutilante no ataque. Mas também não o foi porque a equipa nacional estava “arrumadinha” e sem permitir desacertos, pese embora também o ataque não tivesse funcionado como se podia esperar, ou não, dependendo do contexto que o seleccionador nacional tinha definido, que ninguém sabia.

Tanto que Portugal segurou a bola numa percentagem de 70/30%, com sete remates dos quais apenas dois para a baliza e sem grande perigo.

No segundo tempo, Portugal continuou a insistir e acabou por chegar ao golo depois de Ronaldo, numa das raras aparições na grande área adversária, se ter isolado e ter sido afastado com o braço e, ao mesmo tempo, ser tocado na perna de apoio, que levou o árbitro a assinalar a grande penalidade (confirmada pelo VAR).

Com o objectivo de bater alguns dos recordes atrás referidos, Ronaldo (65’) seguiu para a marca de grande penalidade para rematar forte, para o lado que o guarda-redes adivinhou e que só não aconteceu porque a bola levava “lume”. Estava feito o 1-0 para Portugal e, nos restantes 25 minutos, muita coisa podia acontecer. No que foi o 50º golo de Ronaldo em Mundiais (cinco campeonatos).

A primeira (73’), o Ghana acercou-se da baliza à guarda de Diogo Costa, a bola segue para a esquerda onde é devolvida para o centro da área, Danilo permitiu que a bola passasse por entre as pernas e, do lado de lá, estava Ayew para empurrar a bola para dentro da baliza lusa, fazendo o 1-1.

Com o jogo mais “quente”, Bruno Fernandes (78’) conseguiu isolar João Felix (que passou o tempo a cair e a pedir faltas e amarelos) que, acercando-se da baliza ganesa, rematou para o segundo poste, sem hipóteses para o guardião.

Entretanto, Rafael Leão entrou em jogo, colocou-se no lado esquerdo do ataque luso e foi chamado (80’) a receber um passe milimétrico de Bruno Fernandes – o melhor português em jogo – com o central da equipa africana a colocá-lo em jogo, surgindo na cara do guardião e a rematar, em jeito para o segundo poste, com a bola a entrar quase junto ao poste. Estava feito o terceiro para Portugal e tudo parecia um céu estrelado.

Cristiano Ronaldo (83’) ainda colocou a bola no fundo da baliza ganesa mas estava na situação de fora de jogo, pelo que nada valeu, numa altura em que Portugal, com a entrada de Gonçalo Ramos e João Mário, para reforçar o meio campo, terá visto a oportunidade de baixar o nível de exigência e acabar por sofrer (89’) o segundo golo do Ghana, por intermédio de Bukari, que aproveitou uma desatenção de Cancelo para reduzir para o 3-2, que acabou por ser o resultado final, ainda que se tenha jogado mais dez minutos de compensação.

No que foi a vitória de Portugal no primeiro jogo de um Mundial, desde 2006.

A felicidade esteve com Portugal e, como Fernando Santos, “deseja-se” que se mantenha.

No outro jogo do grupo H, Uruguai e Coreia do Sul empataram (0-0), numa partida em que os sul-americanos foram superiores (10-7 nos remates, dos quais apenas um para a baliza e por parte do continente sul-americano, numa posse de bola de 57/43%, característico de um jogo em que o resultado não podia ter sido outro.

No grupo G, o Brasil encontrou bastantes dificuldades para levar de vencida a Sérvia, ainda que tenham rematado mais (22-5 dos quais 8-0 para a baliza) numa posse de bola de 59/41%, números que demonstram uma quase paridade no domínio do jogo, assentando bem o triunfo dos irmãos brasileiros.

A principal figura do jogo foi o avançado Richarlisson, que obteve os dois golos (62 e 73’).

No outro encontro, a Suíça derrotou (1-0) os Camarões, com um golo marcado por Embolo (48’), em jogo relativamente morno, com os Camarões a rematarem mais (8-5, dos quais 5-3 para a baliza), numa posse de bola de 51/49% para os suíços, que tiveram a felicidade de marcar.

No histórico desta primeira ronda (completa) para as 32 equipas (correspondendo a 16 jogos), os resultados mais expressivos acontecerem no Espanha-Costa Rica (7-0), Inglaterra-Irão (6-2), França-Austrália (4-1) e Portugal-Ghana (3-2), sendo salutar verificar que Portugal ficou no grupo do topo.

Também para a história, registe-se que a maior presença de espectadores se verificou no Argentina-Arábia Saudita (88.012), seguindo-se no Qatar-Equador (67.372) e no Marrocos-Croácia (59.407), se bem que a capacidade de cada estádio ao serviço deste mundial tem capacidades bem diferentes.

Para esta sexta-feira, para início da segunda ronda, lugar aos jogos Qatar-Senegal (13h), Países Baixos-Equador (16h), no grupo A; País de Gales-Irão (10h) e Inglaterra-EUA (19h), para o grupo B.

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