Vicente Pereira conquistou, este sábado, mais duas medalhas de ouro individuais ao vencer os 50 livres e os 100 estilos e ajudou a estafeta de 4×50 livres a chegar ao ouro, na jornada de encerramento do Mundial DSISO Albufeira 2022.
O português foi o nadador mais medalhado ao conquistar 13 medalhas. Para além das seis medalhas de ouro, duas de prata, ajudou na conquista de quatro ouro e um bronze em estafetas. Referência especial para os três recordes mundiais dos nadadores portugueses neste Mundial de Albufeira, como foram Vicente Pereira (100 mariposa), João Vaz (200 bruços) e estafeta de 4×100 livres.
Uma competição em que Portugal obteve a sua melhor participação de sempre em Mundiais DSISO – Down Syndrome International Swimming Organisation, com os 10 nadadores da seleção nacional a conquistarem um total de 32 medalhas (12 ouro, 9 prata e 11 bronze), superando as cinco medalhas do último mundial na Turquia 2021 (2 prata e 3 bronze). A Grã-Bretanha foi o país mais medalhado com 50 medalhas (18, 22, 10), seguido de Portugal, segundo (32), México com 35 (8,10,17) e EUA, 20 (8,8,4).
Nas eliminatórias, Vicente Pereira obteve o melhor tempo e melhorou o seu recorde nacional dos 50 livres de 30,93 para 30,50 segundos. Na final, o pupilo de Rui Gama venceu com 30,59 à frente do americano Joseph Jurries (31,56) e do estónio Eric Toett (32,08). Ainda na final dos 50 livres Diogo Matos foi 8.º com 33,69.
Nos 100 estilos, o jovem sportinguista de 17 anos concluiu com 1.21,32 minutos à frente do seu colega de seleção e de equipa André Almeida (1.21,89). O pódio ficou completo com o italiano Francesco Piccinini (1.24,16). De referir o 6.º lugar de Diogo Matos (1.27,38).
Diana Torres conquistou a prata nos 200 mariposa com recorde nacional de 3.47,36 minutos, melhorando o anterior máximo que lhe pertencia com 3.55,12. A nadadora do FC Porto somou três medalhas individuais depois do bronze nos 50 e 100 mariposa.
Referência para o 4º lugar a encerrar de João Vaz nos 200 mariposa com 3.08,88 minutos, numa prova dominada pelo britânico Zac Lacey (2.54,86). Recorde-se que neste mundial o sportinguista bateu o recorde mundial dos 200 bruços e conquistou cinco medalhas: um ouro, três prata e um bronze.
Francisco Montes, nadador da ADADA-Associação de desporto Adaptado do Porto, terminou em terceiro lugar as 60 piscinas de 25 metros com o tempo de 23.49,59 minutos ficando a escassos 32 centésimos do seu recorde nacional. O ouro foi para o britânico Mark Evens (22.23,59) e a prata para o Giovanni Hernandez (23.05,09).
Nos 1500 livres femininos Filipa Reis foi 4º classificada com recorde nacional (27.24,15). O anterior máximo da nadadora do Feira Viva estava fixado em 27.31,41.
A encerrar este Mundial, Portugal fez a festa com a conquista da medalha de ouro na estafeta de 4×50 livres (foto). Diogo Matos, André Almeida, Filipe Santos e Vicente Pereira concluíram com 2.09,70 minutos à frente da Itália (2.11,37) e da Grã-Bretanha (2.17,30).
No balanço, Rui Sardinha, vice-presidente da FPN, referiu que foi “uma organização que é um orgulho para Portugal. Toda a gente reconheceu que foram os melhores Campeonatos Mundiais de sempre. Com o apoio da CM Albufeira e a parceria com as escolas locais, conseguimos uma organização que valoriza Portugal. Esta direção da FPN, desde que tomou posse há 10 anos, delineamos um caminho que agora está a dar frutos. A exigência a todos os níveis foi um fator determinante para todos melhorarmos: dirigentes, treinadores, atletas. E os resultados estão a aparecer em todas as disciplinas. Melhoramos de cinco medalhas no último mundial, para as 32 desta 10ª edição. Quanto ao futuro, estamos sempre disponíveis para ajudar a natação mundial nas organizações de grandes eventos e a promover a natação nacional. Todos saem satisfeitos”.
José Machado, diretor desportivo da FPN, comentou os aspectos técnicos, tendo referido que foi “um campeonato do Mundo que decorreu de uma forma praticamente perfeita. Em relação às espectativas diria mesmo que foi perfeita. No decurso das provas detetamos que há sempre um ou outro aspeto que pode ser melhorado, mas a forma como os nadadores encararam a competição, o espírito de equipa, a vontade de tentar sempre chegar um bocadinho mais longe, foram exemplares. Há aqui um nível competitivo elevado, apesar não estarem representados todos os países. Nota-se, sobretudo, apesar da ausência da Austrália, uma das maiores potências, um crescendo no nível de competição neste Mundial. Se estes países assumirem um nível de competição idêntico às outras competições similares, como os jogos paralímpicos, certamente que este nível vai ser ainda maior. Há um especto que é relevante: o nível de competição aqui é equiparado e é fácil entender. Os nadadores têm o mesmo tipo de ‘handicap’ e competem ao mesmo nível, sem seriação por classes, o que permite valorizar o espetáculo desportivo.
“Destaco na seleção nacional um facto que mais me satisfez: todos conseguiram conquistar medalhas. Da mesma forma que em outro tipo de competições salientei sempre o resultado coletivo, aqui é o mesmo. Isto, no fundo, é o resultado de exigência que é colocada em termos dos critérios de apuramento para estes eventos a nível continental e mundial. Assim os nossos nadadores têm-se apresentado na parte superior da tabela.
“No plano organizativo este Mundial esteve num nível muito elevado. O envolvimento, o sistema da organização, os alojamentos, os transportes, está num nível elevado, sobretudo quando comparado com outras organizações da DSISO. E isso é um aspeto importante quando somos nós organizadores.
“Temos de destacar no plano competitivo os recordes mundiais. Porque nunca ninguém nadou mais rápido do que esses recordistas. Temos três recordes mundiais neste Mundial de Albufeira – Vicente Pereira (100 mariposa), João Vaz (200 bruços) e estafeta de 4×100 livres –, portanto, passa por aí esse destaque. Recordo que Vicente Pereira não bateu o recorde mundial por um centésimo nos 100 livres, que acredito possa ser batido mais tarde ou mais cedo. Esse aspeto deve ser referenciado”.