Duas medalhas de bronze foram alcançadas, nesta sexta-feira, por Maria Martins e Ivo Oliveira no Mundial que se realiza em Saint-Quentin-en-Yvelines (França), no que foi um dia de sonho para Portugal, porque situação inédita a este nível, batendo o que tinha sido melhor o registo a nível nacional.
Maria Martins começou muito bem o seu concurso de omnium, terminando a prova de scratch na oitava posição. Seguiu-se a corrida tempo, na qual a ciclista portuguesa conseguiu subir na geral até ao quinto lugar. Esta melhoria resultou da conquista de uma volta bónus, após a qual somou 20 pontos, e ainda de dois sprints ganhos.
Maria Martins partiu para a terceira prova do concurso de omnium entre as melhores da geral, mas logo após a primeira eliminação acabaria por sofrer uma queda. Felizmente, este azar não impediu a corredora portuguesa de continuar em prova, colocando-se rapidamente numa posição segura na frente do pelotão, que permitiu continuar em prova até às últimas quatro eliminações, tendo concluído, precisamente, no quarto lugar.
Foi da quarta posição na geral que Maria Martins partiu para a corrida por pontos, empatada com a terceira classificada, Anita Stenberg (Noruega). A corrida fez-se sempre de forma bastante tática, dado que as diferenças pontuais eram bastante pequenas, com Maria Martins a manter-se sempre bem posicionada e a conseguir pontuar em dois dos sprints. Os pontos somados valeram-lhe a medalha de bronze na disciplina olímpica de omnium.
No final, a atleta portuguesa salientou que “é inacreditável ter conseguido esta medalha, ainda para mais numa disciplina olímpica e num campeonato do mundo de elite. Fiz uma corrida muito consistente e isso também foi o que levou a que conseguisse chegar à medalha. A queda não deixou mazelas que me pudessem prejudicar nas corridas seguintes e senti-me sempre bem até ao final da prova. Nunca coloquei as medalhas como objetivo, mas quando percebi que estava com o pódio na mira foi tentar agarrar o terceiro lugar com todas as minhas forças. Esta medalha é muito especial para mim, pois é a recompensa de todo o trabalho que tenho feito nestes últimos meses”.
Ivo Oliveira partiu para a eliminatória da prova de perseguição individual com o objetivo de superar a sua melhor marca na disciplina, aquela que em 2020 lhe garantiu a medalha de ouro no Campeonato da Europa.
O português manteve um ritmo muito forte ao longo dos quatro quilómetros de esforço individual, o que resultou num tempo de 4.06,704, oito décimas de segundo mais rápido do que o tempo que trazia como sendo o seu melhor até ao momento. O tempo conseguido deu também a Ivo Oliveira a oportunidade de ser um dos quatro apurados para a final, neste caso para discutir a medalha de bronze com o britânico Daniel Bigham.
Foi precisamente o corredor britânico que levou vantagem durante a primeira metade da prova, mas o português seguiu-o sempre de muito perto. Quando atingiram os dois quilómetros de prova, Ivo Oliveira passou para a frente no cronómetro e foi aumentando o ritmo com os olhos postos na medalha de bronze.
Ivo referiu que “quando aqui cheguei não sabia exatamente qual seria o meu estado de forma, pois estive doente na semana passada. Quando percebi que o corpo estava a responder bem só queria conseguir bater o meu recorde pessoal. Na final, sabia que o corredor britânico já tinha competido ontem e que isso poderia jogar a meu favor, por estar mais desgastado. Nas voltas finais ouvia o selecionador a motivar-me e também o meu irmão que estava nas bancadas. Esse apoio deu-me muita força. Para mim foi como ser campeão do mundo”.
Nesta sexta-feira foi também dia de João Matias cumprir o seu primeiro dia de competição no campeonato. O minhoto participou na corrida por pontos, na qual teve de enfrentar adversários de grande nível, como Yoeri Havik (Países Baixos), Corbin Strong (Nova Zelândia) e Roger Kluge (Alemanha).
O português tentou manter-se sempre bem colocado no pelotão, mas as várias mudanças de ritmo e ataques acabaram por elevar a dificuldade da corrida. Foi a cerca de 60 voltas do final, após o décimo dos 16 sprints pontuáveis, que João Matias se colocou na frente do grupo, lançando o ataque. Conseguiu ganhar alguma vantagem, mas acabaria por não ter a oportunidade de dobrar o pelotão, sendo alcançado algumas voltas mais tarde.
A movimentação de João Matias não foi infrutífera, tendo amealhado cinco pontos. Mais tarde, pouco antes do 14º sprint pontuável, procurou colocar-se na frente do pelotão, somando mais cinco pontos. No final de contas foram 10 os pontos somados por João Matias, que fechou esta corrida por pontos no 15º lugar.
Este sábado, João Matias volta a subir à pista, desta feita para disputar o concurso de omnium masculino. A prova de scratch irá ter início pelas 12h20, seguindo-se a corrida tempo às 14h50, a eliminação às 17h50 e a corrida por pontos às 19h00.