Beneficiando todas as prerrogativas para sair vitoriosa frente à Espanha, no último jogo da fase de grupos da Liga das Nações, Portugal deu mais uma cambalhota negativa, nos minutos finais, e “secou” o espírito estampado nos milhares de espectadores que encheram o Municipal de Braga.
No último quarto-de-hora, sem que a formação lusa conseguisse marcar o golo que podia valer o apuramento ou, no mínimo, manter o empate até final, uma Espanha matreira (mas também manhosa) acabou por chegar ao golo, permitido por toda a defesa que, atrasada, abriu caminho a Álvaro Morata para surgir (88’) quase em cima da linha de baliza a fazer o mais fácil: encostar a bola para dentro da baliza. Sem apelo nem agravo.
De uma forma global, a Espanha foi superior a Portugal no que concerne à posse de bola (que serve para controlar o ímpeto do adversário), verificando-se uma vantagem na primeira parte de 72/28%, terminando em 68/32% no final do jogo. Quanto a remates, Portugal fez 4 (dois para a baliza) nos primeiros 45 minutos e terminou com 7-7 (4-5 para a baliza), a tal pequena diferença que fez a diferença (redundou no único golo), afinal o que levou os espanhóis à “final-four”. Três oportunidades de golo que não foram concretizadas, o que, a acontecer, o jogo estaria a favor dos lusos antes mesmo do golo espanhol, que talvez até nem acontecesse.
Mais, os espanhóis também ganharam mais pontapés de canto (7-5), pelo que o resultado se deve considerar justo, pese embora a equipa nacional tivesse tido oportunidades que podiam ter mudado o rumo da vitória.
Apesar de Ronaldo ter tido a primeira oportunidade no princípio de jogo, Ruben Neves (23’) rematou forte, mas o guardião Unai Simón esticou-se e defendeu, ainda que largando a bola, que foi depois afastada, o que voltou a acontecer (33’) com Diogo Jota a desferir um potente remate e Simon a esticar-se e evitar o golo luso.
Quatro minutos depois (37’) foi Bruno Fernandes a fazer o gosto ao pé, chutando do lado esquerdo, mas a bola subiu mais um pouco do que devia e foi bater nas malhas laterais, do lado de fora, gorando-se a tentativa.
Com a maior posse de bola, os espanhóis foram controlando a “ansiedade” portuguesa. Dominando a parte final do primeiro tempo, também com algumas oportunidades, a que se opôs um Diogo Costa em excelente plano.
No reatamento (47’), Ronaldo voltou a criar perigo, fugindo pela esquerda, isolou-se e, na grande área, rematou para Simon voltar a defender e manter a baliza inviolável, no que se seguiu um período de pressão portuguesa, que levou (69’) a bola ao centro da pequena área e ser desviada, por cima da baliza, por um defesa espanhol, no que foi a mais flagrante oportunidade lusa.
Portugal manteve a pressão e (69’) voltou a ter uma oportunidade de ouro para marcar, mas a bola foi desviada, no centro da pequena área, por cima da barra por Carvajal, que quase fazia um autogolo.
No entanto, os espanhóis não se ficaram e (71’) Morata desferiu um forte remate que levou Diogo Costa a defender bem, agarrando a bola.
Chegados aos 75’, a Espanha mantinha a pressão sobre o meio campo português, aumentando a velocidade de jogo e até colocando mais jogadores no meio campo, não tendo Portugal a defesa alta espanhola para poder, por aí, acercar-se da baliza de Diogo Costa, que (77’) teve que se empregar a fundo para salvar um golo (a remate de Morata) fazendo uma grande defesa, depois de Danilo ter falhado o corte e Morata elaborar um forte remate e colocado, que Diogo salvou, voando literalmente para desviar a bola.
Com o tempo a passar, Portugal como que começou a baixar as guardas, pensando que um empate seria suficiente para passar â fase final.
Na hora errada (88’) a Espanha chegou ao 1-0, depois de pressionar até “romper” o último reduto luso, quando o espanhol Carvajal centrou ao segundo poste, onde surgiu Nico Wiiliams a cabecear para o poste contrário, onde surgiu Álvaro Morata a fazer o golo, livre de adversários, que estavam todos atrasados em relação ao atacante espanhol. Um balde de água fria. Erros deste tamanho nunca dão bons resultados. Como se viu.
Morata que voltou a criar perigo (90+4’) quando granjeou oportunidade para poder voltar a marcar, com a baliza aberta, mas não aconteceu.
Resta agora pensar na Liga Bwin enquanto não chega o Mundial de Futebol no Qatar, em Novembro e Dezembro deste ano.
No balanço feito no final do jogo, o seleccionador nacional, Fernando Santos, salientou que
“na primeira parte, a equipa esteve bem organizada, a sair bem, apesar de a Espanha ter mais bola. Ao intervalo, falei com os jogadores para termos maior agressividade na pressão, para recuperar rápido, e criámos mais oportunidades e a Espanha nenhuma.
A equipa surgiu mais subida, a pressionar mais nos primeiros 15 minutos da segunda parte. Criámos duas ou três situações de golo. A partir dos 15 minutos, deixámos de ter bola, a equipa baixou linhas e a deixar-se pressionar. Tivemos mais dificuldades.
Na segunda parte, alguns jogadores estavam mais cansados, era preciso refrescar a equipa. Dar outra força ao meio-campo e mais velocidade na frente, mas acabámos por sofrer um golo.
Tem de servir de lição. Temos de manter o nosso padrão de jogo, independentemente do adversário. E fizemos isso durante muito tempo. Tivemos alguns momentos bons na primeira parte, a circular bem a bola, a atacar bem. Criámos várias oportunidades de golo. A equipa estava mais subida e depois viemo-nos abaixo. Perdemos a capacidade de ter bola, os jogadores não conseguiam ligar o jogo e obrigar a Espanha a vir para trás. Depois começou a empurrar, a empurrar…
A Espanha não teve verdadeiramente uma oportunidade, mas fez um golo e ganhou”.
Espanha, Croácia, Países Baixos e Itália foram o quarteto para a fase final, onde vão decidir o vencedor desta nova edição da Liga das Nações, com Portugal de novo afastado.