A equipa portuguesa enfrentou, este domingo, uma dura e intensa prova de fundo de 267 quilómetros no Campeonato do Mundo de Estrada, em Wollongong, na Austrália, onde Nelson Oliveira foi o português melhor classificado.
A prova de fundo de elite do Campeonato do Mundo de Estrada arrancou de Helensburgh, de onde o pelotão internacional realizou 42 quilómetros até chegar ao primeiro ponto alto da corrida, o Mount Keira. Foi precisamente aí que a seleção francesa decidiu fazer a sua primeira movimentação do dia, acabando por conseguir fragmentar o pelotão. Portugal conseguiu colocar dois corredores no grupo da frente: Ivo Oliveira e Nelson Oliveira.
Este grupo numeroso, composto por vários nomes importantes como Wout Van Aert (Bélgica), Tadej Pogacar (Eslovénia) e Stefan Küng (Suíça), chegou a ter cerca de dois minutos para o pelotão. A fuga acabaria por ser alcançada, pois nunca chegou a haver entendimento entre os corredores.
Formou-se uma nova fuga, esta com sucesso, composta por 16 corredores. O grupo de fugitivos chegou a ter cerca de oito minutos para o pelotão, de onde mais à frente na corrida sairia o derradeiro ataque que decidiu a corrida.
Uma vez mais, com a França a proporcionar a saída de um grupo de mais de 20 corredores de várias seleções. Portugal não conseguiu colocar nenhum corredor neste grupo, no qual estava inserido Remco Evenepoel (Bélgica) e ainda outros corredores que poderiam lutar por um bom resultado, tais como Neilson Powless (EUA), Nairo Quintana (Colômbia), Jai Hindley (Austrália), Romain Bardet (França) e Alexey Lutsenko (Cazaquistão).
O selecionador nacional, José Poeira, explicou por que é que Portugal não conseguiu integrar-se nesta fuga, afirmando que “quando se deu esse ataque ainda era muito cedo e chegámos a pensar que a fuga poderia não ter êxito. Além disso, no momento em que se deu o ataque não conseguimos estar no sítio certo para responder”, que acrescentou ainda que “o Rui Oliveira teve uma avaria na bicicleta quando estava num grupo que tentou sair do pelotão atrás do grupo onde seguia o Remco. Este problema surgiu numa altura complicada da corrida, em que existiram muitas movimentações, perdeu terreno quando teve de mudar a roda e nunca mais conseguiu recolar. Sei que no sprint final o Rui poderia ter feito um bom resultado, mas as circunstâncias da corrida e este percalço que ele teve não o permitiram estar lá”.
Tal como seria de esperar, o ataque por parte de Remco Evenepoel na frente da corrida acabaria por surgir. O primeiro foi a 60 quilómetros do final, no final da subida ao Mount Pleasant, com resposta pronta dos restantes elementos do grupo onde seguia.
No pelotão reinava a falta de entendimento entre as várias seleções. Perante uma tentativa por parte de Tadej Pogacar de impor um ritmo mais forte houve resposta por parte de vários corredores, entre eles João Almeida, que se mantinha entre os primeiros do pelotão nesta altura da corrida.
Na frente, as movimentações foram-se sucedendo, com Remco Evenepoel a lançar-se novamente ao ataque, desta vez levando consigo Alexey Lutsenko, O belga só teve de esperar pelo momento certo para lançar o ataque que o levou à vitória, a 25 quilómetros do final. Esta iniciativa extremamente eficaz surgiu também no final da subida do Mount Pleasant.
Remco Evenepoel foi em solitário até à linha de meta, onde teve tempo de sobra para celebrar o culminar de uma temporada de sonho. O grupo de cinco elementos que seguia em posição intermédia acabaria por ser absorvido pelo pelotão já nos metros finais, com o francês Christophe Laporte e o australiano Michael Matthews a conquistarem, respetivamente, as medalhas de prata e bronze. De ressalvar que Remco Evenepoel ganhou quase 2m30s a este primeiro grupo de corredores.
Nelson Oliveira foi o primeiro representante da seleção nacional a chegar (44º), a 3m01s do vencedor. João Almeida chegou no 60.º lugar, a 5m16s. Ivo Oliveira fechou em 81.º, a 9m31s.