A Federação Portuguesa de Ciclismo divulgou as Normas Particulares para a Filiação de Equipas Continentais em 2023.
As alterações face a anos anteriores visam a credibilização do ciclismo profissional que se pratica em Portugal, através da inserção de todos os corredores no grupo-alvo do passaporte biológico (luta antidopagem) havendo também mudanças nas regras para a composição dos plantéis.
As equipas que pretendam ter o estatuto de Continental UCI em 2023 têm até ao dia 26 deste mês de Setembro para submeterem a candidatura à Federação Portuguesa de Ciclismo, que terá de pronunciar-se sobre as candidaturas até ao dia 4 de Outubro.
Uma das grandes novidades é o alargamento a todos os corredores do plantel de todas as equipas portuguesas dos controlos no âmbito do passaporte biológico, tendo Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, comunicado a todas as equipas que “após boas conversações com o Governo, a ADoP e a UCI, decidimos que será implantado o passaporte biológico a todos os ciclistas das equipas continentais portuguesas. Todos os ciclistas inscritos nas equipas passarão a fazer parte dos grupos-alvo da ADOP e UCI”.
Sendo a credibilização uma tarefa de todos e que beneficiará o conjunto do ciclismo português, as equipas e a Federação deverão fazer um esforço financeiro acrescido, contribuindo para concretizar o plano.
Assim, cada equipa terá de pagar uma taxa de quinhentos euros por cada ciclista de categoria elite do plantel, ao passo que a Federação Portuguesa de Ciclismo assumirá as despesas com os corredores sub-23 de cada equipa. “Será uma aposta ambiciosa e dispendiosa. Todas as partes irão aumentar o seu investimento e as equipas também vão ter de contribuir com parte deste custo extraordinário”, esclareceu ainda Delmino Pereira na missiva referida.
No plano da luta pela credibilização da modalidade, as candidaturas para constituição de equipa continental terão de ser acompanhadas de um dossiê com o histórico de casos de violação das normas antidopagem por elementos da equipa nas últimas dez épocas desportivas.
Acresce que nenhum membro da equipa técnica ou ciclista poderá ter licença desportiva enquanto membro de uma equipa continental se for arguido em processo-crime por violação de normas antidopagem ou se tiver sido condenado disciplinarmente por violação das normas antidopagem.
Esta inibição de inscrição relativa a processos disciplinares desportivos cessa caso se verifiquem cumulativamente as seguintes situações: condenação apenas uma vez por violação das normas antidopagem, condenação por período inferior a dois anos e terem decorrido cinco anos entre a data da violação das normas e o primeiro dia do ano para o qual é pedida a licença (1 de janeiro de 2023).
A composição do plantel das equipas também está sujeita a normas específica. Ou seja, cada equipa poderá ter, no máximo, trinta por cento de ciclistas oriundos de países fora da União Europeia (excluem-se países da CPLP desta regra) e a maioria do plantel terá de ser formada por corredores portugueses.
As normas definem também os salários mínimos anuais das diferentes tipologias de corredores que as equipas podem inscrever: ciclistas de elite (€14.000), sub-25 (€9.780) e neoprofissionais/sub-23 (€4.935).
Selecção nacional a caminho do Mundial na Austrália
Portugal competirá com nove corredores no Campeonato do Mundo de Estrada, que vai realizar-se em Wollongong, Austrália, entre 18 e 25 deste mês de Setembro.
Num Mundial com especiais exigências logísticas e orçamentais, por se disputar na Austrália, Portugal, que não conseguiu apurar-se em sub-23, optou por participar nas duas categorias em que é realista aspirar à discussão das primeiras posições, elite e juniores masculinos.
Na elite, estão convocados Ivo Oliveira, João Almeida e Rui Oliveira (UAE Team Emirates) e Nelson Oliveira (Movistar Team). Os cinco convocados na categoria de juniores são António Morgado, Daniel Lima e Gonçalo Tavares (Bairrada), José Bicho (Almodôvar Formação/Team SCAV) e Tiago Nunes (Silva & Vinha/ADRAP/Sentir Penafiel).
Todos os convocados participarão nas respetivas provas de fundo, madrugada de 23 de setembro, os juniores, e madrugada de dia 25, os corredores de elite.
Nos contrarrelógios competem João Almeida e Nelson Oliveira, madrugada de dia 18, e António Morgado e Gonçalo Tavares, na madrugada de dia 20.
Os contrarrelógios serão disputados em percursos praticamente planos, com alguns topos de pouca monta. As provas de fundo, pelo contrário, apresentam um acumulado de subida considerável, 2016 metros no caso dos juniores e 3945 metros para os corredores de elite.
Os juniores competem integralmente no circuito urbano de Wollongong, tendo de completar oito voltas. Este circuito tem como principal dificuldade a subida ao monte Pleasant (1100 metros com inclinação média de 7,7 por cento e vários troços acima dos dez por cento de pendente).
Este circuito receberá também os corredores de elite, que ali terminarão a sua prova, completando 12 voltas. Só que antes disso, há mais 61,9 quilómetros de corrida, que incluem a escalada do monte Keira (8,7 quilómetros de extensão com 5 por cento de inclinação média, mas com várias zonas acima dos 10 por cento, chegando mesmo aos 15 por cento). A passagem pelo Keira deverá fazer a primeira seleção e prevê-se que seja um momento determinante da prova.
“Temos a ambição de discutir os primeiros lugares nas provas de fundo de juniores e de elite. Nos contrarrelógios será mais complicado, porque, sendo quase totalmente planos, adequam-se menos aos nossos corredores”, explicou José Poeira, o seleccionador nacional.
Mundial de Maratona na Dinamarca
Entretanto, a seleção nacional compete no Campeonato do Mundo de Maratona BTT (XCM), no próximo sábado, em Haderslev, Dinamarca, com três corredores.
O selecionador nacional, Pedro Vigário, convocou Filipe Francisco e Tiago Ferreira (DMT Racing Team) e José Dias (Buff Mergano Team).
A prova de elite masculina terá 120 quilómetros, resultantes de três voltas a um circuito em redor de Haderslev. A partida será dada às 7h30 (hora portuguesa).
Para Pedro Vigário, seleccionador nacional, “partimos com a mesma ambição que tem sido a bitola dos últimos anos: lutar por uma posição de pódio. Este Mundial é um objetivo importante da época para os nossos corredores, que o prepararam muito bem”.
Do trio nacional, dois corredores já sabem o que é subir ao pódio em Campeonatos do Mundo de XCM. José Dias foi terceiro classificado em 2021, Tiago Ferreira conquistou o título mundial em 2016 e foi vice-campeão em 2017 e 2020.