De acordo com a nota divulgada pelo Comité Olímpico de Portugal, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, esteve esta quinta-feira no Comité Olímpico de Portugal (COP), onde se encontrou com as atletas olímpicas Patrícia Mamona (Atletismo), Telma Monteiro (Judo), Lorene Bazolo (Atletismo), Tamila Holub (Natação), Maria Caetano (Equestre) e Diana Gomes (Natação), atual presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, para uma conversa sobre as questões da igualdade de género, inclusão e diversidade.
A iniciativa de marcar presença no COP durante a sua visita oficial a Portugal foi destacada pelo presidente do COP, José Manuel Constantino: “A escolha de uma organização desportiva, no caso o Comité Olímpico, para a agenda das visitas e reuniões de trabalho da presidente do Parlamento Europeu e a reunião com os atletas revela uma sensibilidade política e cultural que importa destacar. Estamos naturalmente gratos.”
Após a reunião em que participaram, para além dos dois líderes, o secretário-geral do COP, José Manuel Araújo, o diretor-geral do COP, João Paulo Almeida, a diretora do Departamento de Estudos e Projetos do COP, Cristina Almeida, e a presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, Diana Gomes, Roberta Metsola assinou o Livro de Honra do Comité Olímpico de Portugal.
Durante o painel, Patrícia Mamona, atleta olímpica no triplo salto, medalha de prata em Tóquio 2020, abordou a igualdade de género no Atletismo: “Tenho muita sorte na modalidade que pratico porque o Atletismo é um desporto individual, por isso, quer seja homens ou mulheres, todos têm as mesmas oportunidades. O triplo salto é um evento recente nos Jogos Olímpicos porque acreditavam que as mulheres não eram capazes e não eram fortes o suficiente e nós mostramos o contrário. Sinto que, se acreditarem e tiverem as oportunidades, as mulheres podem fazer o que quiserem.”
A judoca Telma Monteiro, medalha de bronze no Rio 2016, lembrou a importância de os atletas terem voz ativa: “Posso falar dos problemas no meu desporto, mas a minha preocupação é que eu não tenho o poder para mudar a situação. Sou uma atleta famosa, posso expressar os meus receios, mas se alguém no poder não concordar não posso fazer nada. Acho que poderíamos melhorar alguns aspetos para dar mais força aos atletas. Quando sinto que há algo a melhorar tento fazer a minha parte e passar a mensagem. Não podemos ficar calados, mesmo que o problema não seja meu ou no meu desporto. Tenho essa responsabilidade.”
“O nosso desporto é misto, não há distinção de géneros. Competimos e qualificamo-nos juntos sem qualquer diferença. Não sinto diferenças porque a história deste desporto sempre foi assim. Nos últimos anos as mulheres têm dominado os pódios. O nosso desporto está um pouco por todo o Portugal, mas continua muito ligado ao interior do país. Em Tóquio, éramos todos do Alentejo”, explicou Maria Caetano, atleta da disciplina Equestre de dressage.
Lorene Bazolo, originária no Congo, que compete nos 100 e 200m, falou da chegada ao nosso país: “A integração em Portugal não foi fácil no início. O meu objetivo era fazer desporto a nível internacional. Não falava a língua e graças ao desporto comecei a praticá-la, a integrar-me e a ser conhecida. E comecei a ir às escolas aconselhar os jovens a iniciarem-se na prática do desporto.” Roberta Metsola também fez atletismo e corria os 100m, tendo assinalado a coincidência.
Também sobre a integração, Tamila Holub, nadadora que nasceu na Ucrânia e mudou-se para Portugal aos três anos, explicou a importância da educação olímpica: “A minha experiência como embaixadora do Festival Olímpico da Juventude Europeia [Banska Bystrica 2022] foi muito importante porque estávamos a ensinar aos jovens atletas toda a história dos Jogos Olímpicos, que é tão bonita. Temos de trabalhar a transmitir a tradição e aprender uns com os outros, primeiro entre atletas e depois nas escolas. Estamos a fazer um bom trabalho, mas temos muitos aspetos a melhorar.”
Para terminar, Roberta Metsola relembrou as palavras de Telma Monteiro em jeito de conclusão: “Às vezes a ligação entre o que fazes e a mudança que queres fazer é demasiado grande. Isso é uma coisa que vou levar comigo, em relação a tomar decisões e a ouvir os atletas, porque ninguém sabe mais do eles. Há demasiadas camadas entre os atletas e as mudanças que acontecem.”