Segunda-feira 25 de Novembro de 9247

Carlos Lopes sagrou-se Campeão Olímpico há 38 anos

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DCS / JDM – Arquivo

Cumprem-se, esta sexta-feira, 38 anos em que Portugal conseguiu colocar, pela primeira vez na história do desporto nacional, um atleta no primeiro lugar do pódio dos Jogos Olímpicos, depois de um trabalho aturado, complicado, depois que, a poucos dias do evento, Carlos Lopes foi atropelado.

Com um espírito de combatente oriundo das terras de Viriato, Lopes soube tornear todas as dificuldades criadas e, com ajuda de poucos, lutou contra si próprio, com o tempo e até por Deus, para que operasse o milagre da recuperação da lesão e dos efeitos psicológicos que isso acarretou na altura do “encosto” que uma viatura descuidada podia ter provocado uma ausência forçada dos Jogos Olímpicos de Los Angeles.

Chegado a Terras do Tio Sam – como é conhecido também os Estados Unidos da América – Lopes tratou de se colocar ao “fresco”, recompor o físico e a mente (já de si muito forte quanto ao objectivo a alcançar na sua brilhante carreira) para que, no dia 12 de Agosto de 1984 – que é o dia Mundial da Juventude – entrasse no Estádio Olímpico como um dos candidatos ao pódio, comprovado pelos resultados anteriormente verificados.

Acabou por ser na madrugada do dia 13 (em Portugal) que muitos portugueses – e milhares de cidadãos de todo o mundo – assentaram arraiais nos sofás ou no chão, no banco ou na cadeira, ou mesmo na cama de cada um para acompanharem, a par e passo, um Carlos Lopes, afinal, muito mais tranquilo que toda a gente.

Com uma passada certa, num estilo de atleta campeão, assente num perfil perfeito para um maratonista de gabarito e acreditando em si próprio para ganhar confiança, que nunca faltou, Lopes foi passando os quilómetros ao longo da cidade norte-americana para, ao seu sinal, na altura pré-definida, dar asas ao seu sonho de ser campeão e começar a “voar” mais depressa que os seus adversários para entrar no Estádio com a certeza de que não seria surpreendido por ninguém, tal a vantagem e, em especial, a força de espírito e, até, o à-vontade que demonstrou no final dos 42.195 metros, ao ultrapassar a linha final com um novo recorde olímpico.

O primeiro ouro olímpico que Portugal conquistou através de um exemplar atleta que foi Carlos Lopes, “colado” à maestria de um treinador (Senhor Atletismo). Mário Moniz Pereira, que o cativou e que, ao fim de 39 anos de trabalho, também alcançou o seu grande objectivo de vida: ter um atleta, por el treinado, que subisse pela primeira vez ao mastro mais alto do Estádio Olímpico.

Dir-se-ia que se juntaram as vontades de ambos para se atingir o ouro olímpico.

Ainda assim, actualmente, para muitos, esta odisseia parece que não existiu.

Terá sido obra e graça do Espírito Santo.

Carlos Lopes cumpriu 75 anos em Fevereiro passado e Moniz Pereira deixou-nos com 95 anos, em 2016. Num Centenário passado (2021) sem que houvesse uma comemoração digna do trabalho realizado por ambos.

 

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