Depois de um encontro com a família da modalidade, na bela Sala de Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, onde foram divulgados os últimos pormenores para a 83ª Volta a Portugal em Bicicleta, eis que o “caldo se entornou”.
Na oportunidade, Carlos Moedas, presidente da edilidade alfacinha, deu conhecimento que o pai tinha sido jornalista no Diário do Alentejo, onde escrevia apenas sobre ciclismo no tempo de Homero Serpa, um dos mais carismático escriba do Jornal A Bola, relembrando o tempo de infância e adolescente que acompanhava a modalidade na sua terra natal (Beja).
Pelo que é uma honra que Lisboa volte a ser um dos locais, também carismáticos, da 83ª Volta a Portugal, recebendo o primeiro acto da competição, no prólogo de abertura.
Presentes na cerimónia ainda autarcas da maioria das Câmaras Municipais por onde passa a Volta’2022, realçando-se a da atleta olímpica Sara Moreira, que exerce funções de Vereadora do Desporto na edilidade de Santo Tirso, na imagem junto da camisola amarela, símbolo de líder.
Todos os anos a Volta é uma emoção. Nestes dias que antecedem a grande prova, o nervoso miudinho apodera-se dos mais frenéticos adeptos da modalidade e dos próprios ciclistas que mal podem esperar pelo momento da Grande Partida.
Entre a Praça do Império, em Lisboa, e a Marginal de Gaia com uma incursão em Espanha e jornada de descanso em Viseu, serão percorridos 1.559,7 quilómetros divididos entre o Prólogo e as 10 etapas.
Desta vez, uma das surpresas é a chegada da 5ª etapa (10 de agosto), a Miranda do Corvo, na região Centro, que faz notícia. Além da chegada ao Observatório do Parque Eólico de Vila Nova, no concelho de Miranda do Corvo ser inédita, o final de etapa vai ser exigente e proporcionar uma subida na Serra da Lousã com cerca de dez quilómetros com uma pendente de média de 9% que culmina com contagem de montanha de 1ª categoria.
Mas este dia, após o repouso do pelotão, guarda um outro dado curioso. A partida vai acontecer na Mealhada.
Trata-se de um regresso há muito esperado porque há 44 anos que a cidade não vê começar uma tirada da Volta. A última vez aconteceu em 1978, na 40ª edição, quando liderava a prova Alexandre Rua (Águias de Alpiarça).
Associada ao maior evento desportivo do verão português desde o ano passado, quando patrocinou a Camisola da Montanha, a marca Continente assumiu, entretanto o “main sponsor” da Volta a Portugal à qual empresta agora o nome. A prova sai para a estrada a 4 de agosto com o símbolo do Continente estampado no icónico amarelo da Camisola que desde 1927 representa vitória e liderança.
Quem vai suceder a Amaro Antunes, algarvio da W52-FC Porto, que venceu a principal prova do ciclismo português nos dois últimos anos? A resposta certa e definitiva apenas será encontrada a 15 de agosto depois de concluído o contra-relógio com quase duas dezenas de quilómetros que vai terminar em Gaia com uma fantástica vista sobre o Douro.
Para já, recordem-se os troféus, com o destinado à equipa vencedora (datada de 1927) e ao vencedor individual.
Alinham na 83ª Volta a Portugal Continente 19 equipas de diferentes geografias. Cada formação pode alinhar com um máximo de sete corredores. O pelotão será formado por cerca de 130 homens.
As equipas são as seguintes: Rádio Popular / Paredes / Boavista (POR); W52 – FC Porto (POR);
Efapel Cycling (POR); Kelly / Simoldes / UDO (POR); TAVFER – Mortágua – Ovos Matinados (POR): ABTF Betão – Feirense (POR); Aviludo – Louletano – Loulé Concelho (POR); Atum General / Tavira / AP Maria Nova Hotel (POR); LA Aluminios / Credibom / Marcos Car (POR); Glassdrive / Q8 / Anicolor (POR); Caja Rural-Seguros RGA (ESP); Euskaltel-Euskadi (ESP) Burgos-BH (ESP);
Human Powered Health (USA); Wildlife Generation Pro Cycling (USA); Trinity Racing (GBR);
Protouch (África Sul); Electro Hiper Europa-Caldas (COL) e Bai Sicasal Petro de Luanda (ANG).
A Camisola Amarela Continente será entregue diariamente ao corredor que menos tempo totalizar no conjunto das etapas. Sendo a mais importante e a que se mais de destaca não deixam de existir outras cores para outras ambições.
A Camisola Verde Rubis Gás vai destacar o ciclista que nas Chegadas e nas Metas Volantes conseguir somar o maior número de pontos sendo nessa condição o mais regular e líder da classificação por pontos.
O Prémio da Montanha na Volta de 2022 continuará representado pela Camisola das Bolinhas.
A Europcar associou-se à classificação que destaca o Rei dos Trepadores, para a qual contam os pontos somados nas 27 contagens de Montanha espalhadas ao longo do percurso.
A Camisola Branca Jogos Santa Casa continuará reservada para o Prémio da Juventude, ou seja, para o atleta da categoria Sub23 melhor classificado.
O “Prémio Melhor Português” em cada etapa será igualmente apoiado pelos Jogos Santa Casa. Por outro lado, a empresa Viúva Lamego encarrega-se de acentuar a cultura portuguesa em cada cerimónia de pódio ao produzir peças de cerâmicas exclusivas que vão premiar o vencedor de cada etapa.
Este ano as peças são desenhadas por Add Fuel, traço do designer gráfico e ilustrador Diogo Machado cuja prática tem sido reinterpretar a linguagem tradicional do azulejo, mesclando elementos tradicionais e contemporâneos. Trata-se de pinturas manuais em azulejo com tinta de alto fogo.
Para além da competição também haverá a diversão, com o Concerto da Volta, desde há vários anos uma marca que tem acompanhado cada edição da Volta a Portugal. Tradicionalmente realiza-se na véspera de cada Dia de Descanso. Este ano com a jornada de repouso da caravana a acontecer em Viseu, o concerto com a banda pop rock “Os Azeitonas” vai estar integrado no cartaz das Festas de São Mateus e acontece a 8 de agosto a partir das 22 horas.
O dia seguinte é dedicado aos cicloturistas e a quem gosta de pedalar e sentir a atmosfera das etapas da Volta a Portugal. Uma vez por ano, os adeptos têm oportunidade de experimentar essa sensação ao participar na Etapa da Volta Brisa RTP.
Será a 15ª edição desta iniciativa para a qual são convidados todos os amantes do ciclismo a viver a experiência do pelotão da Volta utilizando as mesmas estruturas de Partida e Chegada e carros de apoio. O percurso desenhado à medida dos não profissionais terá uma distância de 90 quilómetros passando nos melhores cenários da região de Viseu.
Na parte final, no regresso à Avenida da Europa, os participantes aproveitando a longa reta da meta até poderão imitar os sprints que habitualmente acontecem nos finais de etapa em Viseu.
Qualquer pessoa pode participar na 15ª Etapa da Volta Brisa RTP desde que complete pelo menos 15 anos até ao final de 2022. Os menores de 18 anos terão de apresentar autorização dos progenitores. Opcionalmente, os participantes podem também incluir na inscrição o Equipamento Oficial e solicitar também presença no almoço convívio.
Depois disto e em declarações à Comunicação Social, Joaquim Gomes, director da prova e gestor da empresa que organiza o evento, que era conhecedor de que alguns ciclistas da equipa da W52-FCPorto estavam suspensos e que não poderiam participar na Volta, frisou que “por se tratar de um histórico da Volta, em circunstância o abandono (W52), de forma conflituosa, seria bom para o ciclismo”.
Joaquim Gomes referiu-se também ao funcionamento da ADoP em termos que não foram os mais apropriados, não se percebendo em que contexto, porquanto a Autoridade Antidopagem do Desporto apenas actua nas situações em que haja situações que contrariem a legislação vigente, que defende a verdade e a actividade desportiva.
Depois de uma visita ao “quartel-general” da equipa W52, promovida pela Polícia Judiciária e ADoP – em processo que decorre – os agentes encontraram diverso material e substâncias proibidas pela legislação para uso em desportistas, o que levou à suspensão que colocou dez elementos da equipa em regime de suspensão de actividade.
De suspense em suspense, aguarda-se o desenrolar de novos acontecimentos, se bem que o responsável da equipa divulgou que recorrerá a ciclistas estrangeiros para recompor a formação da W52-FCPorto.