A medalha de ouro correspondente ao título mundial alcançado por Pedro Pablo Pichardo acabou por ser um pecúlio reduzido para o esperado – e percebe-se porquê – pela equipa portuguesa que esteve no Mundial de Oregon’22.
Com vários atletas no top dos rankings mundiais – o próprio Pichardo, mais Patrícia Mamona, Auriol Dongomo e até Liliana Cá – nada admira que as perspectivas federativas fossem mais elevadas, se bem que, como sempre, existem situações que não se conseguem prever, por vários motivos.
Para além do mais significativo – o da obtenção das marcas impostas pela organização da World Athletics ou da própria federação nacional – há outros factores que influenciam o estado psicofísico de cada atleta.
Outro factor a ter em conta é o chamado “jetleg” (8 horas entre Eugene (EUA) e Portugal), porquanto são muitas horas de diferença, que perturba o rendimento dos atletas nos primeiros dias.
Por outro lado, o facto de 2021 ter sido ano de Jogos Olímpicas (ainda que atrasados um ano) também teve influência – a que se acresce ao facto da pandemia não ter deixado os atletas fazer o planeamento global das duas épocas anteriores, o que, parece não haver dúvidas, acabou por recair neste ano de 2022, acumulando um “stress” competitivo (aumentado na presente época) que redundou nalguns resultados aquém do esperado.
Outrossim, o facto de passar a haver mundiais de dois em dois anos, aumentou ainda mais os efeitos psicológicos, tanto mais que, como é norma, no primeiro ano a seguir aos Jogos Olímpicos, a maior parte dos atletas como que entram num ano “sabático” para descomprimir a pressão que a maior festa mundial do desporto (jogos) provoca.
Nesta coincidência e apesar da excelente presença nos rankings (top) e da obtenção de recordes pessoais (nacionais também) e confirmação de mínimos exigidos, pode concluir-se que este ano de 2022 “ajudou” a que os resultados esperados não tivessem acontecido.
No breve resumo que fez, terá sido isto que o Prof. José Santos, Director Técnico Nacional, declarou à Comunicação Social, ainda que cortesmente e não versando nomes.
Por isso mesmo, Pedro Pichardo acabou por ser o que maior felicidade teve – merecida – porquanto conquistou a medalha de ouro desde o primeiro (dos seis) ensaio realizado, deixando os outros finalistas completamente “abalados psicologicamente”, podendo referir-se que “foi à guerra e venceu-a, sem deixar que ninguém lhe fizesse frente”. Desconcertante!
A favor de Portugal, porque o “país merece pelo acolhimento que me tem dado e porque gosto e sou de Portugal”.
O Atletismo português também continua a ser diferente. De todas as restantes modalidades.
É a única que ganha sempre medalhas nos grandes areópagos do desporto mundial!
E daqui a três semanas aí estarão os Europeus para confirmar a regra de que, desta vez – se os atletas portugueses conseguirem “demarcar-se” pela via positiva, em especial em termos psicológicos – poderá haver mais medalhas.
Assim se espera, ainda que não seja uma obrigatoriedade mas uma devoção! Por Portugal e pelos portugueses!