Prosseguindo a cooperação iniciada há vários anos, a World Athletics e o Comité Internacional de Fair Play deram as nãos na procura de situações que decorram durante o mundial que esta sexta-feira se iniciou em Oregon (EUA), que possam ser distinguidas.
Isto trás à memória o acto cometido pelo atleta guineense, Braima Dabó, que “aparou” um atleta de outro país (Mundial de 2019) que estava em “queda” e o ajudou a chegar ao fim da prova, situação que foi louvada por todo o mundo e que levou o referido Comité de Fair Play a atribuir o Troféu ao atleta, que estuda em Portugal.
Ainda que “prejudicado” na sua marca e na classificação, Dabó foi ainda premiado em Portugal pelo Panathlon Clube de Lisboa pelo mesmo acto.
Criado há mais de 50 anos para promover os princípios do fair play no desporto: competição justa, respeito, amizade, espírito de equipa, igualdade e desporto sem dopagem. Prémio que distingue aqueles que respeitam as regras escritas e não escritas do desporto, que incluem integridade, solidariedade, tolerância, cuidado, excelência e alegria, e que dão exemplo para os outros, dentro e fora do campo.
Braima Dabo (Guiné-Bissau) foi o mais recente a receber o prémio num Campeonato do Mundo. Nas eliminatórias dos 5.000m em Doha em 2019, o concorrente Jonathan Busby, de Aruba, estava nos lugares finais da prova, mas Dabó sacrificou a sua própria corrida para apoiar e ajudar Busby na linha de chegada.
A propósito deste prémio, Dabó referiu que “depois de ganhar o prémio de fair play em 2019, recebi muita atenção que não esperava. A minha maior surpresa veio do Presidente da República de Portugal, que me concedeu a Medalha de Mérito. Também recebi uma bolsa do Instituto Politécnico de Bragança que me permitiu continuar os meus estudos e estou agora a terminar o mestrado”.
Acrescentou ainda que “o Prêmio Fair Play é uma grande lembrança que vou guardar para sempre, mas a vida continua e agora estou ansioso pela maior das alegrias com o nascimento do meu primeiro filho”, declarações veiculadas no site da World Athletics.
O presidente da World Athletics, Sebastian Coe, salientou, sobre o assunto, que “estou muito satisfeito que o Comité Internacional de Fair Play, em colaboração com a World Athletics, mais uma vez honre um momento de fair play no Campeonato Mundial de Atletismo Oregon22. O Atletismo está orgulhoso de que vários de nossos atletas de elite tenham recebido este prémio – mais recentemente no Campeonato Mundial de 2019. Esta última iniciativa demonstrou o nosso profundo compromisso com um dos valores centrais do nosso desporto: competir no espírito do jogo limpo”.
Registe-se que o júri para este mundial é composto por figuras ímpares do atletismo mundial, tendo integrado Sunil Sabharwal (EUA) Secretário-Geral do CIFP; Kory Tarpenning (MON) Membro do Conselho do CIFP; Jon Ridgeon (GBR) CEO Mundial de Atletismo; Ximena Restrepo (COL) Vice-Presidente Mundial de Atletismo; Naoko Takahashi (JPN) Campeão olímpico da maratona de 2000; Jackie Joyner-Kersee (EUA) ) três vezes medalhista de ouro olímpica; Valerie Adams (NZL) Comissão Mundial de Atletas de Atletismo; Patrick Sang (KEN) duas vezes medalhista de prata em corridas de obstáculos e treinador.
“Jogo limpo é o que se precisa”. E se o prémio atribuído a Dabó é um exemplo para recordar muitas vezes, não se poderá esquecer que nem sempre assim acontece, por motivos que nos escapam e onde a ética, transparência e integridade são proficuamente olvidados.