Patrícia Mamona interrompeu, em Belgrado, no mundial de pista coberta, a senda de medalhas que vem conquistando nos últimos anos nas principais competições do universo desportivo, enquanto Auriol Dongmo e Pedro Pichardo conquistaram o ouro e a prata.
Belgrado (Sérvia) foi o palco maior dos Mundiais em Pista Coberta, com Portugal a fechar a participação igualando a segunda melhor prestação de sempre a este nível, com duas medalhas (de ouro e prata) e três finalistas, com um total de 18 pontos.
Auriol conquistou o ouro no lançamento do peso, enquanto Pichardo chegou à prata no triplo salto (ainda que lesionado), com Mamona a ser outra finalista (6ª).
A final do triplo-salto foi a mais competitiva de sempre em Mundiais de pista coberta, com recorde mundial (15,74 m, no último ensaio) de Yulimar Rojas, numa prova alterações ao longo de todo o concurso à excepção de uma: o primeiro lugar, onde a venezuelana se colocou num patamar muito acima das restantes, com uma vantagem de um metro sobre a segunda classificada, a ucraniana Maryna Behk-Romanchuk (14,74 m, recorde pessoal) e a jamaicana Kimberly Wiilliams foi terceira com 14,62 m também ao último ensaio 0 outro recorde mundial do dia foi para o o sueco Armand Duplantis, no salto com vara ao passar a fasquia colocada a 6,20 m.
A recordista nacional e vice-campeã olímpica fez os melhores saltos da época (saltou duas vezes a 14,42 metros, uma delas no último ensaio), chegou a estar no quarto lugar, caiu para sétimo, mas fechou na sexta posição.
Ao site da Federação, Mamona referiu que “não sendo desculpa, comecei tarde a época devido a lesão. Sei do trabalho que fazemos e senti que podia chegar a um melhor salto, mas na verdade não gosto muito deste tipo de pistas. Gosto de piso mais duro, como ao ar livre”.
A campeã portuguesa reconheceu ainda que “no quinto ensaio, por uma minúscula falha na tábua, não vi validado um resultado que me poderia colocar nas medalhas, mas não fui muito feliz com a tábua e serve para aprender, para continuar a tentar saltar cada vez mais longe. Não consegui hoje, mas conseguirei no futuro”.
Salientou também que “o meu foco é ao ar livre e vejo com muita satisfação regressar à pista [Hayward Field, em Eugene, Oregon, nos EUA) onde passei os 14 metros pela primeira vez e que espero me ajude a saltar de novo acima dos 15 metros”.
Neste último dia dos campeonatos, depois de ter marcado 7,69 segundos na eliminatória matinal dos 60 metros barreiras, Abdel Larrinaga correu nas meias-finais da distância em 7,70 segundos, ficando em oitavo lugar na sua série.
No final da corrida, Abdel Larrinaga mostrou-se satisfeito pelo resultado, tendo referido ao site da FPA que “nunca antes um português chegara a uma meia-final nas barreiras”, mas admitiu que “sentiu qualquer coisa. Pensei, estou aqui, entre os melhores do mundo e acho que o facto de estar aqui pela primeira vez, tendo pouca experiência a este nível me impediu de chegar a um dos objectivos, o recorde de Portugal”, tendo agradecido todo o trabalho feito com o seu treinador, Mário Aníbal, com o total apoio da família e dos seus colegas de equipa.
“Este verão ainda vamos apostar mais nos 110 metros barreiras que no decatlo, a minha prova favorita. Vamos aproveitar para treinar um pouco mais uma das minhas provas mais fracas, o salto com vara, para depois sim, surgir em 2023 ou 2024 bem mais forte nas provas combinadas. E aí tentar ir mais longe. É que, depois de estar aqui, viver esta experiência, ninguém quer ficar longe disto! É muito motivante”, concluiu o atleta.
Isaac Nader foi o último atleta luso em competição, correndo a final dos 1.500 metros, no que foi a estreia a este nível.
Em prova dominada pelo campeão olímpico (o norueguês Jakob Ingebrigtsen, que acabou em 2º com 3.33,02), porquanto o triunfo foi conseguido pelo etíope Samuel Tefera em 3.32,77 minutos, um recorde dos campeonatos. Sempre na cauda do pelotão, Isaac Nader pareceu surpreendido com o elevado ritmo da prova e terminou em 10º lugar em 3.39,97 minutos.
O atleta português salientou que “acho que me portei bem nestes Campeonatos, na minha estreia, tendo passado à final, que era o meu primeiro objectivo. Não consegui fazer melhor hoje, pois pensava que a prova seria um pouco mais lenta, para 3.35, mas afinal veio para 3.32 e não consegui manter esse ritmo, se bem que considero que esta presença foi mais uma aprendizagem para o meu percurso a caminho de Paris 2024. Quero estar sempre a melhorar e a aprender para, quiçá, chegar a campeão olímpico já em Paris”.
Noutra latitude geográfica, a portuguesa Sofia Lavreshina conseguiu a marca de qualificação (400 metros barreiras) ao correr a distância em 59,75 segundos, no decorrer de uma competição universitária em High Point, nos Estados Unidos.
A atleta portuguesa foi segunda classificada na prova, confirmando o seu momento de forma, que há duas semanas a levou a bater o recorde nacional Sub-20 de 400 metros em pista coberta (ainda à espera de processo de homologação) com a marca de 54,75 segundos (4ª classificada), conseguida em Boston, nas eliminatórias do seu campeonato regional. Na final, Lavreshina foi 6ª com 55,14 segundos.