Sem pompa e circunstância – como vai sendo habitual – Carlos Lopes, o primeiro campeão olímpico da história do desporto em Portugal, completa esta sexta-feira 75 anos de vida.
Desde Vildemoinhos (concelho de Viseu) até ao estrelato olímpico passaram céleres 25 anos, porquanto em Munique (1972) Lopes estreou-se nos Jogos Olímpicos, onde participou nas eliminatórias dos 5.000 e 10.000 metros.
Chegado ao Sporting em 1964, Lopes depressa deu a entender aos estudiosos, penetrantes e concentrados olhos de Moniz Pereira, que logo viu que tinha um diamante de alto valor nas suas mãos, que era preciso trabalhar, trabalhar, ainda que “a sorte dê muito trabalho”, uma das célebres frases que o Inesquecível Mário Moniz Pereira colocou nos compêndios da história do desporto em Portugal, mormente no Atletismo.
Doze anos depois de se ter iniciado na prática desportiva oficial, Lopes abriu asas e voou para a conquista do primeiro grande título, também único na altura (e ainda hoje também), como foi o caso (1976) no Mundial de Corta Mato, que o embalou para a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Montreal, na tal prova (10.000 metros) em que Lasse Viren venceu com a ajuda do “leite de rena”, que era o seu alimento preferido para as grandes prestações – que não se viram nem antes nem depois do ouro recebido.
Depois de estar ausente dos Jogos de Moscovo (1980) devido à também célebre lesão no tendão de Aquiles – em que esteve à beira de ficar na berma da estrada mas que conseguiu recuperar – Lopes preparou-se para o que, na altura, foi uma grande surpresa, conquistar o ouro na maratona olímpica (1984, em Los Angeles), no célebre dia (noite em Portugal) 13 de Agosto de 1984.
Um dia 13 que foi estudado e preparado milimetricamente para que tudo desse certo. Como se verificou.
Só de grandes campeões.
Falar ou escrever sobre Carlos Lopes é fácil, uma facilidade que deriva da própria personalidade do Homem e Atleta que foi, apesar de algumas vicissitudes porque passou ao longo das duas décadas em que o atletismo foi tudo para a sua vida e da família que entretanto criou.
Não haverá adjectivos suficientes para qualificar uma carreira como a que Lopes percorreu, sempre a par de outro português de grande estirpe intelectual, técnica e humana, como foi Mário Moniz Pereira, que há uma semana completaria 101 anos se ainda estivesse connosco.
Carlos Lopes só foi o que foi porque teve o Senhor Atletismo a seu lado, um aliado para os bons e os menos bons momentos, como que “cobertos” por uma família que também soube navegar em mares calmos e revoltos.
Difícil é parar de escrever ou falar sobre Carlos Lopes e Mário Moniz Pereira, dois seres Indissociáveis, Inesquecíveis, integrantes de uma História e de um Portugal que ainda não lhes concedeu o tributo que mereceram e merecem!
Parabéns Carlos Lopes e que Portugal o reconheça como uma figura das mais dignas de toda a sua História.