O que se passou na noite desta sexta-feira (por acaso não era dia 13) voltou a comprovar que o futebol profissional em Portugal continua a envergonhar todo o país e, por extensão, todo o mundo, não só da lusofonia.
Primeiro, para o caso, porque começou pelo árbitro, João Pinheiro que, ao mostrar amarelo a Coates, quando este foi agredido à pesada pelo jogador do F. C. do Porto, tendo invertido a situação (terá pedido desculpa à comitiva do Sporting em determinada altura) quando deveria ter pedido a intervenção do VAR.
Mostragem que se veio a reflectir no segundo tempo quando (49’) voltou a mostrar outro amarelo a Coates e, com isso, sacar do vermelho e colocar o central sportinguista fora de jogo, numa altura em que o Sporting vencia por 2-0.
Depois, pela falta de critérios objectivos para a mostragem dos cartões, que deu (como quase sempre tem acontecido com este e outros árbitros) na confusão final, em que mais quatro jogadores (Marchesin e Pepe e João Palhinha e Tabata) foram sancionados com vermelho directo quando decorria a “tourada” final no relvado.
Isto é o futebol profissional que temos, o tal que quer a centralização dos direitos televisivos assentes em empresas – rapidamente criadas pela Liga de Portugal – para que possam dominar tudo e todos e, como é referido, para dar mais milhões a todos os participantes na competição.
Isto sem curar, em primeiro plano, de assegurar que a ética, o desportivismo, o fair play, a transparência e a integridade sejam a prática diária de todos os que envolvem o chamado futebol profissional, que poderá afundar-se a qualquer momento, face aos comportamentos que se vão verificando aqui e acolá, tendo sido este F. C. do Porto-Sporting mais um marco negativo para a promoção da modalidade, dita rainha, que muitos apregoam mas que não conseguem controlar.
Se a cúpula do futebol profissional não consegue gerar consensos entre os que a formam, certo e sabido que serão os referidos membros (sociedades de futebol) a ter que mudar as cúpulas por forma a angariarem membros que dêem garantias plenas quando à respectiva organização.
Os jogos de interesses não são comuns (a não ser receberem mais e mais proveitos) pelo que a radicalização surge em forma de imagens com as que foram vistas no Estádio do Dragão nesta sexta-feira.
A regulamentação (feita à medida dos interesses de alguns, que esmagam outros por completo) está fora do contexto de uma liga que deve ser autónoma, independente (como pode ser, se são os próprios filiados que criam este tipo de actos) de clubes e sociedades anónimas ou outras, em que não é possível ter a ampla liberdade de ser uma entidade em que a transparência e integridade seja não uma mera palavra mas o significado real de uma organização deste tipo que, acrescente-se, até se filiou, recentemente, na SIGA – Aliança Internacional para a Integridade no Desporto, cujos princípios são a da transparência e integridade acima de tudo e todos!
Como é que se poderá pensar em integridade, com fiscalização, entre outras coisas, se o regulamento de competições determina que os horários dos jogos são elaborados de acordo com os interesses de alguns parceiros que a integram?
Tudo isto dá origem a variados factos, que redundam sempre nos espectáculos desportivos.
O calor humano é preciso, indispensável, mas também é indispensável que o sangue seja frio para que leve os dirigentes a raciocinar e balizar os interesses da modalidade com a clareza que continua no éter.
Assim seja!