“Salvaguardar as crianças e jovens: garantir, no desporto, ambientes saudáveis, seguros e positivos”, evento que o Instituto Português do Desporto e Juventude promoveu esta quinta-feira, sublinhou o papel que as organizações desportivas devem desempenhar para atingirem o objectivo da criação de um ambiente de qualidade para os jovens desportistas.
O “Roteiro para a protecção de crianças e jovens no desporto”, elaborado com a participação de organizações de topo do desporto português, entre as quais se encontram o Comité Olímpico de Portugal, define as medidas a aplicar até 2024 para uma “eficaz protecção de crianças e jovens no desporto”, incluindo medidas concretas para a criação da figura de ‘Guardião’, esteve em destaque na sessão na qual participou Joana Gonçalves, gestora de projecto no COP.
Para Joana Gonçalves, de acordo com a comunicação emitida pelo COP, “este é um problema que não é exclusivo do desporto, é transversal às diferentes áreas da sociedade”, tendo acrescentado que “todos somos responsáveis”. A gestora de projecto do COP teve oportunidade de esclarecer que o programa de integridade do COP tem este problema também como objecto de intervenção do ponto de vista da educação, da prevenção e da sensibilização.
A definição do perfil do “Guardião” dos jovens desportistas foi um dos temas centrais da sessão e concluiu-se que deve ser alguém capaz de inspirar confiança e segurança. “Estamos todos de acordo que deve ser alguém que inspire confiança e esteja disponível”, defendeu ainda Joana Gonçalves.
Os atletas olímpicos Diana Gomes e João Rodrigues, e o investigador Carlos Neto participaram na sessão como embaixadores do Roteiro, ainda em versão em inglês, mas que brevemente estará traduzida para português
João Rodrigues sublinhou que “compete a todos os que lideram o movimento desportivo nacional a criação de um ambiente favorável à prática do desporto pelas crianças”, enquanto Diana Gomes partilhou a experiência do que foi ser uma atleta obrigada a estar fora do contexto familiar, aos 14 anos, durante muito tempo, tendo referido que “é importante garantir que o desporto seja seguro”.
Carlos Neto defendeu que o Roteiro não deve estar centrado nos atletas de elite, “deve começar mais cedo”, e lançou algumas questões, tais como: “entre os direitos da criança, um deles é fundamental, que é o direito à participação. As crianças são ouvidas? Ou apenas são disciplinadas para aquilo que lhes é exigido?”. Carlos Neto reflectiu ainda sobre a influência que a pandemia teve sobre os jovens, com o tempo de prática desportiva que lhes retirou, e sublinhou ainda haver “algo que não é admissível, que é a violência sobre o outro, como é o caso do ‘bullying’.”
Cristina Matos Almeida, coordenadora nacional do Roteiro, referiu que, numa fase inicial, o projecto vai ser trabalhado com as federações de Futebol e de Ginástica, para numa fase posterior ser estendido a mais dez federações, por forma a cobrir 90 por cento do desporto português que inclui a prática por jovens.
Vítor Pataco, presidente do IPDJ, abriu a sessão, tendo o fecho ficado a cargo de Carlos Manuel Pereira, vogal do IPDJ. Bruno Avelar Rosa assegurou a moderação.