Sábado 23 de Novembro de 0819

Portugal subordinou-se a uma Sérvia que soube reagir e … ganhar o apuramento directo para o Mundial!

Se havia dúvidas depois do empate frente à República da Irlanda quanto ao estado “moral” da equipa nacional, a derrota frente à Sérvia, ante o olhar não só dos quase 59.000 que viram ao vivo e muitos milhões que seguiram as imagens da RTP, confirmou quase tudo o que se verificou na passada quinta-feira.

Apesar de ter os melhores jogadores em campo, com estrelas de sobra para ganhar a quase toda a gente, a verdade é que as falhas foram tantas que, apesar de se colocar a vencer aos dois minutos de jogo, Portugal voltou a não saber gerir-se a si próprio, onde parecia que ninguém acreditava que se podia chegar ao primeiro lugar e, com isso, marcar a viagem para o Qatar, como veio a provar-se.

Num lance que deixou algumas dúvidas quanto à existência ou não de falta de Bernardo Silva sobre o médio sérvio a quem “roubou” a bola – Bernardo tocou no jogador, provocou desequilíbrio e consequente perda de bola – que seguiu para Renato Sanches que, oportuno, dominou o esférico, deu dois passos em frente e rematou a contar, ante uma certa antipatia da defesa sérvia, mas que o árbitro confirmou.

Se se podia esperar o aproveitamento do momento menos positivo da Sérvia – com o treinador a ajudar por reclamar e ser admoestado com um amarelo – para forçar o andamento e tentar aumentar a vantagem, Portugal encolheu-se e os visitantes é que tomaram as rédeas do jogo, criando embaraços atrás uns dos outros, tal como se viu frente aos irlandeses.

Portugal continuou a jogar muito atrás, algumas vezes de motu próprio e outras porque os sérvios pressionaram no meio campo luso, onde confundiram amiúde as tais estrelas “apagadas” do futebol lusitano, quiçá convencidos – face às declarações pré-jogo de que vamos para ganhar a caminho do Qatar – mas com um sabor amargo no final.

Não houve jogadas com princípio meio e fim, antes arrancadas de vários jogadores, a solo, sem ligação a nada e a ninguém, com passes transviados, sem força para recuperar e ir à luta, no que aproveitou a Sérbia para (33’) chegar ao empate, ainda com um pouco de sorte (tal como Portugal também teve no golo inicial), porquanto Tadic rematou forte mas, tendo a bola sido desviada por Danilo e acabou por desviar a bola de Rui Patrício que lhe fez trocar os gestos das mãos e levou a bola a fugir para o lado contrário, ultrapassando o risco de baliza.

Depois disto, Portugal continuou sem visão de jogo, entrou em ruptura psicológica e não acertava em nada, como aconteceu com João Moutinho que (41’), com a baliza aberta, rematou com a parte de dentro do pé direito, a bola bateu no defesa e foi para canto.

No final dos primeiros 45 minutos, a Sérvia provou que estava na frente, em todos os quadrantes estatísticos, como se confirmam com os 54/46% de posse de bola, 8-5 em remates, dos quais 2-1 para a baliza.

No segundo tempo, pese embora as substituições feitas por Fernando Santos, a equipa nacional continuou a não dar sinal de que podia modificar o resultado a seu favor, pelos mesmos motivos, tendo saído (64’) Bernardo Silva (por curiosidade comentou, no final, que “peço desculpa aos portugueses, porque assistiram a um jogo a que não deviam ter assistido”, não se percebendo a crítica, quiçá por ser substituído – e bem) e João Moutinho, que também não atinou. Duas estrelas que não renderam aquilo que valem.

E assim se chegou ao minuto 90’ quando Mitrovic, na sequência de um centro largo ao segundo poste, se elevou com facilidade (estava sem cobertura, bem como outro seu colega que estava por perto) e enfiou a bola de baliza entre o poste e Rui Patrício, guarda-redes que também não saiu dessa posição para tentar desviar a bola, porque não jogou em antecipação e com visão.

É indispensável que se analise o que se passou, qual o estado de espirito dos jogadores – não pode haver fixos durante 90 minutos se não conseguem cumprir nem metade – e, no final, saber quem culpar.

De salientar que esta foi a primeira vez que a Sérvia venceu Portugal, com maior relevo porque foi obtida em Portugal. Há sempre uma primeira vez, seja onde e como for!

 

Fernando Santos o seleccionador, salientou que “a mensagem não passou e a responsabilidade é minha”, não se sabendo se anunciando que quer sair ou não.

Do mal, o menos e Portugal ainda tem a hipótese de chegar ao Qatar, considerando que vai estar nos “play-offs” a realizar em Março de 2022, juntando-se à Rússia no pote 2. O sorteio está marcado para o dia 26 deste mês de Novembro.

Os dez segundos classificados disputam um “play-off”, a decorrer de 24 a 29 de Março de 2022, juntamente com os dois melhores vencedores dos grupos da Liga das Nações de 2020/21 que não se tenham apurado directamente para a fase final como vencedores do grupo de qualificação europeia, nem tenham participado no “play-off” como segundos classificados dos grupos da qualificação europeia. As doze equipas serão sorteadas para três caminhos no “play-off”, com meias-finais e finais. Os três vencedores apuram-se para o Campeonato do Mundo 2022.

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