Num dia dominado por africanos, como há muito é norma neste tipo de corridas em todo o mundo – relevando-se, cada vez mais, o potencial humano da população deste Continente – Lisboa, que é a Capital Europeia do Desporto em 2021, ficou como madrinha de mais um êxito inolvidável na área do desporto luso.
Num conjunto de parâmetros que convergiram para a queda do recorde da Maratona – desde a temperatura ambiente a uma brisa marítima que acabou por não ter grande influência contra os participantes e uns pingos de chuva que até ajudaram os atletas a refrescarem-se ao longo do percurso – por certo que este resultado suplantou a ausência dos 20.000 participantes que não estiveram presentes, para dar outro colorido ao evento, porquanto os objectivos foram alcançados em pleno ao que foi planeado. E quem assim analisou a situação depressa concluiu que o triunfo foi justo.
Está de parabéns o Maratona Clube de Portugal pela ousadia que mantém e pela teimosia de que “antes torcer do que quebrar”, com a competição em relevo pelo mundo fora, salientando-se que, também este domingo, em Paris, o queniano Elisha Rotich ganhou na capital francesa com 2.04.21, também um novo recorde do percurso parisiense.
Quanto à competição lisboeta, dezena e meia de atletas instalaram-se no comando da prova na primeira fase de “aquecimento”, após a partida dada em Cascais, grupo que se foi “desfazendo” à medida que a quilometragem avançava, com os principais candidatos ao pódio a analisarem a concorrência.
A meia-maratona (21.097 metros) foi cumprida em 1.03.46 e, pouco depois, apenas três concorrentes seguiam no comando que, um pouco mais à frente, ficou reduzido ao que viria a ser o vencedor, já que o etíope Shiferaw começou a “testar” os parceiros, que não deram luta e que aproveitou para se ir embora cerca dos 30 km, ainda que ainda à vista dos dois atletas que o seguiam (Dadi Yami Gemeda (Quénia) e Yihunlighe Adane Amsalu (Etiópia).
Com uma passada forte, Shiferaw foi ganhando vantagem, forçou o andamento e terminou, na Praça do Comércio, com o recorde de 2.05.52, depois de percorrer a segunda meia-maratona em 1.02.06, registo digno de um grande campeão.
Vencedor que se mostrou “muito satisfeito com a forma como a prova decorreu e por voltar a ganhar em Lisboa, com novo recorde da prova”, a que se associou Carlos Moia, presidente do Maratona, que viveu os últimos metros da corrida com grande alegria, porque conseguiu atingir o objectivo proposta, apesar de toda a polémica gerada desde que o vírus se instalou em todo o mundo e que levou a uma paragem completa durante quase um ano do desporto no planeta terra.
O melhor português, na ausência dos especialistas, foi Edgar Matias (19º, com 2.29.15), registando-se que os dez primeiros foram todos africanos.
Na prova feminina, a história acabou por ser muito parecida, com a também etíope Asayech Bere a completar a prova com 2.25.07, um novo recorde pessoal para a atleta, que avançou para o triunfo cerca dos 25 km, quando fugiu das restantes adversárias.
A melhor portuguesa foi Joana Fonseca (Portugal) 2.44.45, que ficou na 10ª posição.
As classificações finais foram as seguintes:
Masculinos
1º Andualem Shiferaw (Etiópia) 2.05.52; 2º Hosea Kiplimo (Quénia) 2.07.39; 3º Adane Amsalu (Etiópia) 2.07.54; 4º Yihunie Derseh (Etiópia) 2.10.09; 5º Yami Gemeda (Etiópia) 2.10.53, 6º Kipkorir Kwambai (Quénia) 2.11.23; 7º Takele Bikila (Etiópia) 2.11.58; 8º Tesfa Tiruneh (Etiópia) 2.12.02; 9º Mndaye Bejica (Etiópia) 2.13.55; 10º Roba Yadete (Etiópia) 2.14.03. 19º Edgar Matias (Portugal) 2.29.15; 21º Ricardo Madeira (Portugal) 2.34.52; 23º Miguel Peixoto (Portugal) 2.37.40.
Femininos
1ª Asyech Bere (Etiópia) 2.25.07; 2ª Negede Fekade (Etiópia) 2.27.14; 3ª Jane Seurey (Quénia) 2.28.35; 4ª Agnes Barsosio (Quénia) 2.28.54; 5ª Zerfie Tesama (Etiópia) 2.29.04. 10ª Joana Fonseca (Portugal) 2.44.45; 13ª Graça Costa (Portugal) 3.16.37; 19ª Manuel Brandão (Portugal) 3.23.34.
Etíopes completaram Meia Maratona com mais dois triunfos
Com partida na Ponte Vasco da Gama, os concorrentes da Meia Maratona “viajaram” sobre o rio Tejo e foram também desaguar à Praça do Comércio, com mais dois triunfos para os atletas etíopes, que fizeram o pleno.
Considerando a menor quilometragem (apenas 21.097 metros), esta corrida permitiu um maior despique pelos títulos, considerando que houve luta até final para se saber quem seriam os vencedores.
Na parte masculina, Gerba Dibaba completou a prova com 1.01.21, apenas menos dois segundos do que o queniano Isaac Temoi, depois de um sprint final empolgante.
O melhor português foi Samuel Barata, na sexta posição, com 1.02.49.
O mesmo sucedeu na corrida feminina, onde Ethlemahu Dessi chegou com 1.10.48, menos onze segundos do que Dolshi Teklegergish (Eritreia).
A primeira portuguesa foi Solange Jesus, cronometrada com 1.15.25.
As classificações foram as seguintes:
Masculinos
1º Gerba Dibaba (Etiópia) 1.01.21; 2º Isaac Temoi (Quénia) 1.01.23; 3º Awet Ghebrezghiabehr (Eritreia) 1.02.11; 4º Andrew Kwemoi (Quénia) 1.02.19; 5º Shadrack Kimiming (Quénia) 1.02.42; 6º Samuel Barata (Portugal) 1.02.49; 7º Maxwell Rotich (Uganda) 1.03.57; 8º Miguel Borges (Portugal) 1.04.55; 9º Segundo Jani (Equador) 1.05.23; 13º Hermano Ferreira (Portugal) 1.07.04.
Femininos
1ª Ethlemahu Dessi (Etiópia) 1.10.48; 2ª Dolshi Teklegergish (Eritreia) 1.10.59; 3ª Gete Teklemichael (Etiópia) 1.13.33; 4ª Solange Jesus (Portugal) 1.15.25; 5ª Sara Duarte (Portugal) 1.20.24; 6ª Marisa Barros (Portugal) 1.20.47.