Iúri Leitão e Rui Oliveira fecharam, com a conquista da medalha de bronze, a presença de Portugal no Campeonato Europeu de Ciclismo em Pista, competição que decorreu na cidade de Grenchen, na Suíça.
A última corrida do programa deste europeu foram os 50 quilómetros (200 voltas) do madison masculino, disciplina olímpica e uma das especialidades mais espectaculares do ciclismo de pista.
Perante um pelotão de qualidade elevada, os portugueses entraram em liça com o foco nos dez primeiros, mas sabendo que um lugar no top5 era possível. Só que um número considerável dos 18 países participantes tinha legitimamente expectativas semelhantes.
O que ficou demonstrado com o desenrolar da prova. Até metade da corrida doze selecções tinham conquistado pontos. Uma delas foi a portuguesa. No entanto, Iúri Leitão e Rui Oliveira guardaram o melhor para a entrada no último terço do madison. Foi nessa altura que os representantes nacionais passaram ao ataque para concretizar a dobragem ao pelotão, a 65 voltas do final.
Com essa movimentação, Portugal passou para o topo da classificação, suplantando os holandeses Yoeri Havik e Jan Willem van Schip, que também já haviam dobrado o pelotão mas, graças a uma estratégia de poupança de energia nos sprints intermédios, abdicando de pontuar na maior parte destes. Só que os representantes dos Países Baixos demoraram poucas voltas a responder aos portugueses, conseguindo nova dobragem para, praticamente, sentenciar a corrida.
Nas últimas 50 voltas, Portugal teve uma luta intensa com os belgas, os italianos e os russos pelas posições do pódio. Iúri Leitão e Rui Oliveira ainda tentaram surpreender os rivais, na expectativa de poderem inclusive chegar à medalha de ouro. Esse desgaste não permitiu responder aos belgas Kenny de Ketele e Lindsay de Vylder, que atacaram para vencer o último sprint, que vale pontuação a dobrar.
Com isso, a selecção belga ficou com a medalha de prata, graças a um total de 56 pontos, menos quatro do que os amealhados pelos campeões europeus, os holandeses. Iúri Leitão e Rui Oliveira somaram 49 pontos e ganharam a medalha de bronze.
Ao site da Federação Portuguesa de Ciclismo, Gabriel Mendes, seleccionador nacional, salientou que “estou muito feliz e orgulhoso do desempenho dos nossos corredores, que estiveram num nível de excelência. Cumpriram tudo o que estava planeado e que passava, na primeira metade da corrida, por amealhar o máximo possível de pontos em gestão do esforço, guardando energias para a segunda metade e para algo que conseguimos fazer: ganhar uma volta numa fase em que a fadiga já se instalou. Essa dobragem foi conseguida e colocou-nos na luta pelo pódio, tendo sido possível defender uma medalha até ao fim”.
Por seu lado, Rui Oliveira referiu que “foi uma corrida louca desde o início. Sabíamos que estávamos os dois em forma para lutar pelas medalhas. Entrámos conservadores para depois tentarmos dar a volta, pelo que esperámos pelo momento certo. Atacámos quando nos pareceu que as equipas principais começavam a fraquejar. Foi uma jogada arriscada, mas que correu bem e estamos muito felizes e orgulhosos por uma medalha nesta disciplina olímpica”.
Rui Oliveira destacou ainda que “o resultado nesta especialidade olímpica, apenas atrás de nações como a Bélgica e os Países Baixos, que têm décadas de experiência em Madison, enquanto nós estamos no início, culminou com um fechar destes europeus com esta medalha, além das outras, o que é incrível”.
Portugal termina este Campeonato da Europa com quatro medalhas. Além do pódio conquistado hoje em Madison, Rui Oliveira sagrou-se campeão europeu de Scratch, Iúri Leitão foi o segundo classificado e na corrida por pontos e João Matias conquistou a medalha de prata em eliminação.