Rui Oliveira foi, este domingo, o melhor português na prova de fundo para elite do Campeonato do Mundo de Ciclismo, em Estrada, ao terminar na 39ª posição da corrida de 268,3 quilómetros, disputada entre Antuérpia e Lovaina (Bélgica).
A prova, muito rápida e com muita luta pela colocação desde o início, começou a decidir-se a cerca de 60 quilómetros da meta, na passagem pelo último sector de empedrado do circuito da Flandres (a volta maior fora da malha urbana de Lovaina).
Nessa altura – segundo a nota emitida pela Federação Portuguesa de Ciclismo – Portugal contava com três corredores no pelotão principal. Nelson Oliveira e Rui Oliveira bem colocados, como estiveram ao longo de toda a corrida, e João Almeida um pouco mais atrás, embora em recuperação de lugares face a momentos anteriores.
Com cinco homens adiantados, onze outros corredores desferiram um ataque no paralelo. Foi uma jogada táctica de risco encabeçada, sobretudo, pelos colectivos francês e belga. Quando acontece este ataque, Rui Oliveira estava a sofrer um momento de quebra física, não conseguindo responder. João Almeida ainda estava longe das posições cimeiras. Nelson Oliveira manteve-se atento na cabeça do pelotão, assumindo, nesse momento, a perseguição.
Alguns quilómetros mais adiante, ainda no circuito fora de Lovaina, o pelotão, comandado pelo dinamarquês Michael Valgren fica muito próximo dos homens mais adiantados. O nórdico resolveu acelerar para fazer a “ponte”, o que viria a conseguir.
Nelson Oliveira explicou a visão do momento desde dentro da corrida, ao dizer que “quando saltou o Valgren, quem estava na roda dele era o Michael Matthews e o Peter Sagan. Eles ficaram a olhar um para o outro. Eu estava na roda deles e não consegui passar naquele momento. Creio que tinha pernas para ir com o Valgren, mas naquele momento chave não saí e depois já não havia nada a fazer, a não ser lutar para honrar a camisola até à meta”, narra o anadiense.
Michael Valgren conseguiria juntar-se, de facto, à frente, e ainda subiu ao pódio. Foi um dos corredores mais fortes na fase final da corrida, mas nada comparável com o francês Julian Alaphilippe, que revalidou o título em grande estilo. Foram dele os ataques decisivos da corrida, seleccionando os melhores.
Na derradeira ofensiva, a cerca de 17 quilómetros da meta, o gaulês isolou-se e nunca mais foi visto pelos adversários. Cortaria a meta ao fim de 5h56m34s (média de 45,147 km/h), com tempo para celebrar antecipadamente e pedir aplausos ao numeroso e entusiasta público da Flandres. Num apertado sprint a quatro pelas medalhas, o holandês Dylan van Baarle conquistou a prata e Michael Valgren o bronze.
Rui Oliveira foi o melhor português, cortando a meta na 39ª posição, a 6m27s do vencedor. João Almeida, foi 47º, a 6m31s, e Nelson Oliveira chegaria no 55.º lugar, a 6m40s.
Rui Oliveira referiu que “foi uma corrida louca, a lutar todo o dia pela colocação. Sabíamos que seria muito difícil estando dos trinta primeiros para trás, por isso tentámos fazer a corrida na frente. Tentámos e lutámos, mas há dias em que não dá para ir com os primeiros, mas estou orgulhoso de ter corrido com esta equipa”.
André Carvalho e Rafael Reis não terminaram a corrida. O palmelense esteve sempre bem colocado até ao primeiro sector de empedrado do circuito da Flandres. Aí sofreu um furo e a roda que lhe foi colocada pela assistência neutra ficou a travar, atrasando irremediavelmente o corredor. André Carvalho chegou no pelotão principal à segunda de três incursões pelo circuito de Lovaina, mas ficaria preso numa queda que se deu metros adiante do famalicense, provocando um corte que não voltaria a ser fechado.