Pedro de Almeida o homem do Alvalade’56
Pedro de Almeida, o recordista português do salto em comprimento dos anos 60, olímpico e que discursou na inauguração do estádio Alvalade, em 1956, faleceu este sábado.
O corpo encontra-se na Igreja do Campo Grande (Lisboa) e o funeral terá lugar este domingo, saindo da referida Igreja pelas 15h30 com destino ao Cemitério dos Olivais.
Nascido em 3 de Setembro de 1939 (73 anos recentemente completados), Pedro de Almeida formou-se em Arquitectura, representou sempre o Sporting Clube de Portugal e foi olímpico em Roma (1960), com os 7,62 que fez no salto em comprimento, que foi recorde de Portugal por 23 anos, tal a categoria do salto realizado.
Sendo já uma figura em franca ascensão no atletismo, Pedro de Almeida, com 17 anos, foi convidado pela direcção do Sporting para fazer a alocução de inauguração do então Estádio José de Alvalade, em 1956. Um estádio apinhado, sem que coubesse uma agulha. Em que os valores éticos, de solidariedade e de amizade falavam alto. Como vão longe esses tempos.
Numa altura de fraca actividade internacional por parte de Portugal, Pedro de Almeida foi 14 vezes internacional, com saliência nos jogos Ibero-americanos de 1960 e 1962, ano em que também esteve no campeonato da Europa.
Também foi recordista de Portugal nos 110 metros-barreiras (14,7 e 14,6) em 1961 e foi ainda oito vezes campeão de Portugal nos 110 metros-barreiras (três vezes) e comprimento (cinco) entre 1958 e 1964.
Tendo passado, depois, a exercer funções e a viver em Angola, Pedro de Almeida foi ainda técnico da modalidade até ao final da colonização portuguesa, onde deu “vida” a um futuro campeão de Portugal, Bernardo Manuel fundista ao serviço do Sporting Clube de Portugal, onde integrou a equipa leonina que se sagrou campeã, várias vezes, campeã europeia de corta-mato.
Bernardo Manuel, que veio para Portugal com Pedro de Almeida e a quem deve, sem dúvida, tudo aquilo que é hoje, progrediu na vida portuguesa e hoje é Doutorado pela Universidade Portuguesa, mantendo agora uma maior relação com o seu país de origem.
Pedro de Almeida é pai de uma “equipa” de atletas. O mais destacado é o barreirista João Almeida, que teve uma excelente exibição nos recentes Jogos Olímpicos de Londres, onde bateu o recorde nacional dos 110 metros, precisamente onde o seu pai se iniciou as corridas, a par do comprimento.
Um pai que morreu feliz: Pedro de Almeida viu, ainda em vida, o seu filho bater um recorde que lhe pertenceu há 51 anos. É obra que se pode considerar inédita.
Ao amigo e companheiro nas lides do atletismo naquela Angola imensa (e antes e depois em Portugal) aqui deixo um abraço de saudade e profundos sentimentos de pesar para a família ora enlutada. Até um dia!