Diversificado e rico, face aos temas em análise e trazidos pela centena e meia de intervenientes de todo o mundo, foi a Semana da Integridade no Desporto que a Sport Integrity Global Alliance promoveu à volta do mundo, tendo como palco Portugal.
Ainda que a maioria dos oradores estivesse espalhado por todos os cantos onde existem seres humanos, nem por isso se deu pela falta de calor para os vivos debates que foram lançados durante os cinco dias da semana, bem se podendo assinalar que, uma vez mais, a Integridade no Desporto andou de boca em boa, procurando cimentar a importância do assunto e, acima de tudo, criar raízes para que a organização, liderada pelo português Emanuel Macedo de Medeiros, encontre o caminho, os parceiros e o apoio indispensável dos países para que possamos viver dentro de um quadro jurídico regulamentar de nível para defender os princípios mais genuínos do desporto.
Um dos debates, sedeado em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel.na Região Autónoma dos Açores, teve como tema o impacto específico da pandemia de Covid-19 na chamada Macaronésia – quatro arquipélagos vulcânicos do Atlântico Norte.
Promovido pela Associação Regional de Futebol de Ponta Delgada, membro da SIGA, os representantes dos Açores, Cabo Verde e Madeira partilharam os problemas que enfrentaram, com optimismo, uma vez que o futebol está a voltar ao normal na região, painel que foi realizado em português.
A promoção de empregos decentes para jovens por meio do desporto foi a próxima etapa do alinhamento, co-realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o webinar apresentou as melhores práticas num Fórum Aberto, no qual o público pôde fazer suas próprias perguntas.
Laura Maria Tiilda, Gerente de Projectos, Associação Internacional de Desporto e Cultura, salientou que “concordo plenamente que o desporto e a actividade física podem ter um impacto positivo no bem-estar mental, social e físico de uma pessoa. A maioria de nós tem uma noção de como o bloqueio foi negativo, a falta de ar fresco e movimento. Além disso, o desporto pode actuar como meio para preparar os jovens para o emprego, melhorando as habilidades básicas e físicas.
Não menos importante foi o tema sobre a comunicação social que, como se sabe, também sofreu as consequências, mormente nesta área do desemprego.
Cinco especialistas reuniram-se para um bate-papo sobre o “novo normal”, como as organizações de mídia foram afectadas e como isso poderia influenciar a Integridade Desportiva – como muitos anunciantes de jornais importantes são empresas de apostas hoje em dia.
Surpreendentemente ou não, todos os oradores chegaram a uma conclusão feliz: o jornalismo desportivo investigativo não está morto e está pronto para participar na promoção do desporto limpo.
David Conn, jornalista do The Guardian, revelou que “o jornalismo de investigação vende jornais. Essas são as histórias que fazem impacto e quando os jornais olham para o ano que tiveram, as histórias de licitações são muitas vezes investigativas. Tenho uma opinião positiva de que, embora haja uma pressão financeira, muito prejudicial para os pequenos jornais, os jornais nacionais no Reino Unido continuam a investir no jornalismo de investigação”.
Michael Robichaud, vice-presidente sénior de patrocínios globais da Mastercard, e Justin Toman, chefe de marketing desportivo da PepsiCo, concordaram que as principais marcas precisam garantir que as marcas desportivas que patrocinam cumpram os padrões de integridade.
Kate Beavan, ex-F1, explicou, com números, o impacto da falta de integridade para a indústria, e Guy-Laurent Epstein , Diretor de Marketing da UEFA, tornou público que o órgão regulador do futebol europeu está pronto para assumir o SIGA Independent Rating e Sistema de Verificação (SIRVS).
“Acho que devemos tomar SIRVS e já estamos a fazer isso. Temos que antecipar o máximo que pudermos essas dificuldades. Temos que aceitar. Temos duas empresas como a Mastercard e a PepsiCo, com quem abrimos um diálogo significativo sobre como construir isso todos juntos. Queremos fazer pensamentos colectivos relevantes para as pessoas. É nosso dever servir de exemplo e garantir que possamos entregar esses valores daqui para frente”.
A Tecnologia e Inovação ao serviço da Integridade Desportiva foram versadas por Pedro Duarte, Diretor, Corporate External & Legal Affairs, Microsoft, que destacou a importância da análise baseada em dados no desempenho dos atletas.
Foi uma semana intensa, transbordando de impacte internacional, mas também é certo que não basta promover, divulgar e conquistar mais apoiantes.
Talvez importe, também e desde já, caminhar para junto das entidades que, em cada país, tem como missão específica trilhar caminhos neste sentido (Transparência, Dignidade, Integridade), como sejam os próprios governos e instâncias a eles ligados ou, por outras palavras, umbilicalmente unidos mas que seja a favor dos cidadãos, afinal, quem constrói os países e a sua história de vida e, em termos globais, do Mundo inteiro.
Não se pode contar apenas com o sector privado – de forma genérica – para que haja Transparência e Integridade, sob pena de continuarmos a “nada em seco”, em que tudo se sabe mas em que não se actua em conformidade.
Não tenhamos receio de fiscalizar e tomar medidas sancionatórias que abonem a verdade e a boa vontade dos que estão neste caminho por via da SIGA.
É tempo de arregaçar as mangas!