Quarta-feira 23 de Novembro de 6681

Sport Integrity Global Alliance (SIGA) debateu em Portugal – e para todo o mundo – a importância da Integridade no Desporto

SIGA-SemanaIntegridade-Logo-21-09-2021Com o epicentro na bela vila de Cascais, banhada pelo mar de onde, há mais de quinhentos anos, se iniciaram as viagens dos navegadores portugueses à descoberta de novos mundos para o Mundo, centena e meia de especialistas em várias matérias debateram os temas mais actuais neste campo de actividade cada vez mais em expansão.

“Ouvimos esta semana, em primeira mão, que a Federação Internacional de Artes Marciais Mistas, a Federação internacional de Xadrez e a UEFA seguirão esse exemplo. Porquê? Sabem o que é a excelência e querem demonstrar a adeptos, patrocinadores e a toda a indústria que, no que diz respeito à boa governança e integridade, desejam estar continuamente no pódio”, ilustrou Emanuel Macedo de Medeiros, CEO da SIGA numa das sessões digitais.

De segunda a sexta-feira (13 a 17 de Setembro), a iniciativa promovida pela SIGA levou a diversas discussões sobre vários temas relacionados com a integridade no desporto, tendo sido um “sucesso retumbante”, ao “concentrar esforços” e acalentar “fé num futuro melhor”.

“Prometemos e entregamos um sistema independente de classificação e verificação, operado por um órgão independente. Nomeámos o British Standards Institution (BSI) como o órgão neutro para operar o Sistema Independente de Classificação e Verificação da SIGA (SIRVS), que já está instalado e teve como organização desportiva pioneira a Liga Europeia de Râguebi”, explicou ainda Emanuel de Medeiros, sobre um processo que trará resultados em breve.

A Federação internacional de Xadrez aceitou fazer o teste de integridade, dando o mote para um cenário que Emanuel Macedo de Medeiros gostaria de ver expandido, até porque “mudanças significativas exigem que todas as partes interessadas se unam”.

Sublinhou também o CEO da SIGA que “esta onda extraordinária gerada no evento impulsionará as reformas de integridade tão necessárias e há muito tempo esperadas em toda a indústria desportiva. Espero e confio que os líderes desportivos estarão à altura das expectativas, responsabilidades e liderança que estes tempos actuais exigem deles. Afinal, disso depende a maneira como serão vistos que toda a indústria e lembrados pelas gerações mais jovens”, sublinhou este dirigente, uma personalidade de há muito ligado a este fenómeno.

A “semana sem precedentes” de debates também foi enaltecida no mesmo encontro pelo italiano Franco Frattini, líder do Conselho de Administração da SIGA, que encarou o desporto como “instrumento fundamental” no contributo para uma “educação saudável”.

“A universalidade do desporto e das regras não são conceitos nem princípios separáveis. Este é o negócio principal da SIGA. Jamais aceitaremos regras do desporto poluídas por ilegalidade, crime organizado e por aqueles que notam aqui uma nova forma de ganhar dinheiro”, sublinhou o ex-vice-presidente da Comissão Europeia (2004-2008), que foi ministro dos Negócios Estrangeiros da Itália em duas fases (2002-2004 e 2008-2011).

Antes da sessão de encerramento, a SIGA apresentou o Conselho Consultivo de Elite para a sua subsidiária na Europa, que será presidido por David Richards, ex-líder da Liga inglesa de Futebol, Associação das Ligas Europeias e Associação Mundial de Ligas.

Aportando quatro prioridades estratégicas, encabeçadas pela implementação da agenda reformista da SIGA, como o novo órgão que vai incorporar como membros Rosa Mota, campeã olímpica, mundial e europeia de maratona, e o advogado Rui Botica Santos.

“Juntos faremos um progresso substancial na nossa luta por um desporto limpo. Os adeptos europeus exigem integridade e estaremos lá para os apoiar, liderando o caminho para a integridade desportiva na Europa”, finalizou Emanuel Macedo de Medeiros.

Nesta “facilidade” de se fazer o resumo dos cinco dias de trabalho intenso, cabe tudo o que se verbalizou e o que ficou por dizer, porquanto, com tantas intervenções concentradas, era impossível passar tantas mensagens em tão pouco tempo.

Ainda assim, ficou bem patenteado que esta segunda edição da Semana da Integridade no Desporto teve um cunho melhorado em relação à primeira versão, em especial porque a diversidade dos oradores e a experiência de cada um acabou por “colar” os ouvintes quer aos écrans dos computadores quer ao som que foi reenviado para todo o mundo.

A Integridade das Apostas Desportivas foi o mote para um dia com uma agenda totalmente voltada para a acção cuja actualidade dispensa “apresentação”, face ao poder que perpassa nas apostas em todo o mundo, existindo como que “dois mundos à parte”: o das apostas regulares e legais e o das “ilegais”, com este último bloco a ter uma predominância de elevada “estatura financeira”, que ninguém, em cardial nenhum, consegue controlar face à velocidade de cruzeiro com que veleja num mar mais ou menos calmo e sem escolhos à vista.

A SIGA Asia conseguiu ditar o ritmo de debates perspicazes, assumindo a liderança no assunto mais urgente da Índia, um país que tenta encontrar um caminho para as melhores práticas, já que as Apostas Desportivas geram dúvidas entre os stakeholders, o que a SIGA está a tentar divulgar e levar todas as organizações nesta indústria a um nova era em termos de boa governança, integridade, transparência e responsabilidade em todo o ecossistema esportivo.

Para Dmitry Belianin, Diretor de Marketing, PMI: “o desafio número um é a educação do público. O mercado indiano está emergindo, e a maioria das pessoas não entende desportos de fantasia ou apostas. Alguns vêem isso como puro entretenimento, outros como formas de ganhar dinheiro. Esse mercado tem um grande potencial, mas a confiança é fundamental. A regulamentação das apostas criará milhares de novos empregos na Índia e aumentará as receitas fiscais”.

“A Integridade Esportiva não pode ser obrigatória, tem que ser uma necessidade. Temos que iniciar a conversa, não pode ser uma opção. A educação é essencial, pois os consumidores têm muitas perguntas e a regulamentação ainda está por vir. Há um mercado cinzento, que levou a Pro Panja League a construir um sistema jurídico”.

Da Índia e do palco da Ásia ao palco da América, a SIGA incluiu um anúncio importante ao fazer o lançamento do Conselho Consultivo da SIGA América.

SIGA-SemanaIntegridade-21-09-2021Os Fóruns Abertos são sempre um dos momentos mais ricos em qualquer conferência, pois promovem um amplo campo de debate, em que as regras são fáceis: tudo pode ser discutido. Os campeões do SIGA Ben Gollings, Cameron Myler, João Tralhão e Kylla Sjoman, juntaram-se para um bate-papo com Sarah Butler, e acabaram apostando na saúde mental e integridade como chave para o desporto limpo.

George Mavrotas, Secretário de Estado da Juventude e Desporte da Grécia, referiu que “a manipulação das competições desportivas tornou-se uma das grandes ameaças do desporto, juntamente com o doping e a violência de qualquer natureza. A manipulação de resultados envenena o coração do jogo, arruína o fair-play e cria dúvidas e suspeitas em vez de drama e empolgamento. O movimento desportivo sozinho não pode lidar com este problema global. A aliança do movimento desportivo, organizações governamentais, autoridades policiais e de apostas é necessária ”.

Jonny Gray, CEO, International Tennis Integrity Agency, acrescentou que “todos os jogadores, da indústria de apostas, reguladores, governos e outras partes interessadas, devem colaborar para proteger a integridade do desporto, que não pode fazer isso sozinho e somos vítimas de manipulação e corrupção, o que abala a confiança em nosso produto e a confiança no desporto limpo ”.

Após o debate sobre a integridade no desporto, o Presidente da Associação de Jogadores Portugueses, Joaquim Evangelista, fez uma revelação franca: “os Jogadores Profissionais em Portugal estavam a sofrer da dependência do jogo online”.

Na abertura do evento, Franco Frattini, Presidente da SIGA, revelou que “o desporto, em muitas áreas, está mais vulnerável do que nunca porque é mais atraente para o crime e criminosos”, tendo o CEO da organização, Emanuel Macedo de Medeiros, salientado que “falar não é o suficiente. Não seja um espectador. Seja um agente de mudança. Se você tem um talento, use-o. Se você tem uma ideia melhor, mostre! Se você quiser ver o Desporte no Pódio, apoie nossas Metas de Integridade no Desporto”.

A Protecção de crianças no desporto e saúde mental foi um dos últimas temas a ser abordado, tendo o Director-geral do Comité Olímpico de Portugal, João Paulo Almeida, participado no painel “Youth Development & Protection: Setting the New Gold Standard for Sport”, no qual foi abordado o tema do bem-estar e da protecção de crianças e jovens no desporto, tendo como pano de fundo as recentes declarações de atletas realizadas nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 e a audição no Senado dos Estados Unidos da América a ginastas olímpicas americanas, no âmbito da investigação federal ao caso do médico Lary Nassar.

A quebra do código de silêncio e cultura de permissividade às diversas formas de abuso, bem como a protecção integral da saúde física e mental dos atletas em todo o processo de desenvolvimento da carreira desportiva, nomeadamente o dever que a este propósito incumbe às organizações desportivas, foram alguns dos tópicos abordados por João Paulo Almeida, sublinhando o enorme caminho que se encontra por trilhar nesta área e os obstáculos que enfrenta.

A necessidade de um escrutínio independente sobre o cumprimento de medidas de protecção, e a implementação de programas de capacitação e educação centrados na saúde física e emocional de todos os envolvidos na prática desportiva, da formação ao alto rendimento, foram aspectos considerados determinantes para salvaguardar a credibilidade do desporto e dos seus valores, fortemente abalados pelo avolumar de casos de negligência, abuso e assédio por Ju’Riese Colon, do US Center for Safesport, Massimiliano Montanari, do International Center for Sport Security, e Cassidy Lichtman do Player Executive Committee for Athletes Unlimited Voleyball, que acompanharam o director-geral do COP no painel moderado por Dan Mannow, da CSM North America

SIGA-Semana-Integridade-Emanuel-21-09-2021Já a atleta olímpica Susana Feitor, vice-presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, participou no painel “Mental Health in Sport: The Stigma Enigma”, que abordou a saúde mental no desporto, moderado por Sarah Hill, da Healium, com Ivan Tchatchouwo, da “The Zone”, Marilyn Okoro, da “Mintridge Foundation”, e Leon McKenzie, da “Fight It”.

Ficou patente no decorrer das intervenções que a comunicação com os atletas é chave, sendo fundamental fomentar as relações de confiança e respeito. Falar do tema da saúde mental e quebrar o estigma pode ser crucial para o enfrentar.

É igualmente necessário criar uma boa rede de contactos para apoio, como também preparar as fases de mudança, em particular o final da carreira. O uso de ferramentas digitais pode funcionar com uma boa ajuda de segunda linha, já que a primeira é a educação e a equipa que rodeia o atleta.

Uma acção com o “selo” da SIGA que promove o que o desporto deve ser, com regras de integridade suficientes e capazes de gerarem um consenso mundial e que, ao mesmo tempo, tenha capacidade de fiscalizar e sancionar quem, seja onde for, não tiver hombridade de jogar limpo, de ter valores morais e sociais acima da média, em benefício de um desporto que se pretende, cada vez mais, digno para o ser humano.

 

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