Vítor Serpa, Director do Jornal “A Bola”, foi o moderador da tertúlia “Os atletas Convidam à Leitura”, acção que decorreu na Feira do Livro de Lisboa.
Vítor Serpa, que esteve nos Jogos Olímpicos por cinco vezes, deu as boas vindas aos atletas olímpicos presentes para o debate, integrado na Capital Europeia do Desporto – Lisboa 2021.
José Costa (Vela, Classe 49er, Diploma em Tóquio), Nuno Barreto (medalha de bronze, com Hugo Rocha, na classe 470, nos Jogos de 1996, em Atlanta), Francisco Geraldes (Futebolista do Estoril Praia), Francisco Belo (16º no lançamento do peso em Tóquio’2020) e Simone Fragoso (a portuguesa mais medalhada nos Jogos Paralímpicos), os oradores que foram respondendo às várias questões colocadas quer pelo moderador quer pela plateia.
Versando a sua presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o velejador José Costa salientou que que todos os que estão, por norma, presentes na maior e mais impactante organização desportiva mundial, são pessoas de excepção, que pretendem ganhar e … ganhar, não havendo comparações, motivo pelo que o resultado obtido é o factor mais relevante para os valores do futuro na sociedade de provém, onde se pretende que o desporto seja visto dentro de um quadro global de ética, fair play, desportivismo, integridade, transparência e superação.
Nuno Barreto, por seu lado, recordou o tempo (há 34 anos) em que conquistou a medalha de bronze na companhia do seu colega velejador Hugo Rocha, saltando para os dias de hoje para falar de um projecto que abraçou – que é conhecido por ECOMAR, do qual é Embaixador para Portugal – que nasceu há 20 anos em Espanha, para promover na Península Ibérica uma maior promoção dos desportos náuticos junto dos jovens, tendo referido que já existem no país três dezenas de clubes novos na área da Vela e na Canoagem.
Registe-se que Barreto foi o primeiro presidente eleito da Comissão de Atletas Olímpicos.
Por seu lado, Francisco Geraldes, futebolista profissional que representa o Estoril Praia, abordou o facto de ter escrito um livro sobre poesia (intitulado “Cito, longe, tarde”) que já está nas livrarias e que se refere a factos da sua carreira de desportista, que justificou a coragem de o elaborar foi considerado normal em função da experiência adquirida como jogador e das “bocas” que foi ouvindo enquanto jogador.
Simone Fragoso, que não esteve em Tóquio, nos Jogos Paralímpicos face à pandemia, referiu que viu a sua carreira interrompida após 15 anos de presença assídua, mas que vai fazer tudo para estar em Paris (2024), ainda que não na natação mas noutras modalidades que está a estudar para decidir.
Francisco Belo, que foi 16º no lançamento do peso nos Jogos de Tóquio (este ano), abordou a dupla função de atleta e estudante de medicina (já licenciado), tendo referido que fez uma vida normal, arrumada e planeada, apesar de ter sido apelidado de “idiota” no âmbito académico por também ser, em simultâneo, atleta de alta competição.
Mas sempre quis “ser quem somos”, com a liberdade de escolher e analisar o que pode fazer, tendo salientado que conseguiu aliar as duas coisas, porquanto aprendeu coisas, de um lado e outro, que fizeram a complementaridade da minha formação geral.
Com a formação que dispõe, Francisco Belo também é um defensor acérrimo do desporto limpo, sem doping, tendo salientado, em resposta a uma questão colocada pela plateia, que se deve acabar com o tabu que ainda existe na questão da dopagem no desporto, falando abertamente sobre todos os assuntos que são importantes, sem medo, para que sejam cada menos os que recorrem a substâncias proibidas para obter melhor rendimento desportivo.
Uma posição que se deve realçar, reforçada pelo facto de ser médico de formação académica, o que garante uma maior disponibilidade mental para transmitir a outros a experiência que já granjeou.