Conhecido por Ben King, o norte-americano da Rally Cycling foi o vencedor isolado da 6ª etapa da Volta a Portugal Santander, corrida esta quarta-feira em território minhoto.
Está a ser a Volta das fugas. Quem está a arriscar, está claramente a petiscar! Para a Rally Cycling foi a segunda vitória, precisamente por colocar alguém na frente. Depois de Kyle Murphy, foi a vez do muito experiente Benjamim King.
O dia ficou ainda marcado pelo abandono da Rádio Popular-Boavista da corrida devido a novo caso suspeito de Covid-19. Sendo reincidente, a formação seguiu as instruções do protocolo sanitário o que levou Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), segundo na classificação, a “recuperar” a Amarela.
Antes da partida, em Viana do Castelo, foi noticiada a saída da equipa que tinha Daniel Freitas como líder da geral conquistada na véspera e Marque, visivelmente contrariado, mas conformado, teve de partir com o símbolo de líder. Antes, escreveu “Dani Freitas” na Camisola Amarela Santander para homenagear o corredor que se viu afastado do sonho amarelo.
Com a liderança de novo às “costas”, a equipa algarvia, também desfalcada por causa da pandemia, teve ou tentou controlar as operações. A opção foi deixar a fuga, sem ciclistas que colocassem em perigo a luta pela geral, ganhar uma vantagem que passou os dez minutos. Ou seja, dia praticamente calmo no pelotão, pelo menos até perto do final. Na frente, entre os fugitivos, o destaque foi para Bruno Silva (Antarte-Feirense) que somou pontos para a montanha e assumiu a Camisola Bolinhas Continente em igualdade com o anterior rei dos trepadores Amaro Antunes (W52-FC Porto).
Com o pelotão desde cedo a demonstrar que não teria interesse em alcançar a cabeça da corrida, os fugitivos só tiveram de escolher o momento em que cada um faria a sua própria corrida. Foi a cerca de 30 quilómetros de Fafe que começaram os ataques e as respostas, animando, e muito, uma corrida que até então havia sido muito calma.
A faltar a última dezena de quilómetros, Ben King aguentou a curta distância para Alastair MacKellar (a Israel Cycling Academy procurou a segunda vitória consecutiva), Tom Wirtgen (Bingoal Pauwels Sauces WB) e Juan Diego Alba (Movistar) os principais perseguidores do norte-americano. No centro de Fafe cortaram a meta a nove, 15 e 20 segundos respectivamente.
O vencedor de duas etapas da Volta a Espanha em 2018, de uma na Volta à Califórnia (2016) e de um título nacional (2010), junta agora ao palmarés um triunfo na “Portuguesa”.
“Viemos para ganhar etapas. Ganhámos a segunda [e agora a sexta] e foi importante para a equipa, para os patrocinadores e adeptos”, salientou King. E continuou: “Foi uma fuga grande e forte e não foi um dia fácil. Foi preciso sofrer para conseguir a vitória. Foi um dia de muito calor e longo. Estou muito feliz”, afirmou o ciclista que este ano assinou pela ProTeam Rally Cycling, depois de uma década no World Tour.
No pelotão, também houve muita harmonia e calma até aos metros finais em Fafe. Mauricio Moreira (Efapel) conseguiu ganhar dois segundos, o que significa estar a um minuto e um segundo de Marque. No entanto, o companheiro de equipa, António Carvalho acabou sancionado por ter colocado em perigo a integridade física de outro ciclista num desvio de trajectória no sprint em Fafe. Foi relegado para o último lugar do grupo onde estava inserido (30º).
Com essa excepção na frente não houve mexidas. Alejandro Marque vai continuar com a Camisola Amarela Santander, com cinco segundos de vantagem para Amaro Antunes (W52-FC Porto) e 25 para Frederico Figueiredo (Efapel).
“Nestes últimos dias começámos sempre com notícias não muito boas. Mas as coisas são bem-feitas e a Podium (responsável pela organização da 82ª Volta a Portugal Santander) está a fazer um grande trabalho para nos proteger da Covid-19. Um abraço muito grande ao Daniel [Freitas]“, começou por dizer o espanhol no fim da etapa, lamentando que o corredor da Rádio Popular-Boavista não tenha vivido a experiência de vestir a amarela durante uma etapa da Volta.
Marque acredita que pode ganhar a Volta, mas salientou que será difícil manter a liderança com poucos homens para trabalhar. Mas não atira a toalha ao chão. “Temos menos dois ciclistas. A equipa está desgastada e o Gustavo a recuperar da queda. Agora são as outras equipas que têm de assumir a responsabilidade.”
Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO) não esteve na fuga, mas a vantagem pontual deu para manter a Camisola Verde Rubis Gás dos Pontos. O ciclista de Porto Rico, Abner González (Movistar) é o líder destacado da Juventude, envergando a Camisola Branca Jogos Santa Casa. A Efapel é a primeira entre as equipas.
Se esta quarta-feira foram feitos muitos quilómetros, 182, esta quinta será o dia mais longo desta edição da Volta a Portugal. Serão cumpridos 193,2 quilómetros com início em Felgueiras e meta em Bragança. É o primeiro de três dias de muita montanha.
As metas volantes estarão em Vila Pouca de Aguiar (74,7 Km), Valpaços (118,6) e Torre de Dona Chama (144).
Condição Sanitária obriga a Volta muito Testada
Nas últimas horas foram realizados mais de 375 testes na caravana, incluindo todas as equipas e respectivo staff, assim como todas as pessoas já vacinadas. Foi identificado um novo caso suspeito na equipa Rádio Popular -Boavista. Seguindo o protocolo, a equipa saiu de prova. A organização continuará a seguir todos os procedimentos e recomendações para promover as boas práticas e a tomar todas as necessárias decisões ponderadamente.
Após nove dias de Volta a Portugal Santander contando com todas as acções na véspera da competição, já com 800 quilómetros percorridos, com milhares de espectadores na estrada, centenas de milhares que a acompanham nos media diariamente e depois de milhares de testes realizados às centenas de participantes e colaboradores, infelizmente foram identificados 15 casos positivos de Covid-19 associados à prova. Estão todos assintomáticos ou com sintomas ligeiros.