Quiçá com a ajuda da Senhora da Assunção, Daniel Freitas (Radio Popular/Boavista) conquistou a camisola amarela na etapa esta terça-feira concluída em Santo Tirso, depois de aproveitar uma fuga que ia em andamento e onde ficou na quarta posição mas com margem suficiente sobre o espanhol Alejandro Marque, que ficou agora a 42 segundos.
Uma fuga com direito a uma reviravolta que deu origem a uma surpresa na 82ª Volta a Portugal Santander. Se o britânico vencedor, esta terça-feira, em Santo Tirso, Mason Hollyman (Israel Cycling Academy) conseguiu que mais uma escapada resultasse em êxito, Daniel Freitas (Radio Popular/Boavista) aproveitou para viver o momento mais significativo da carreira: estar de amarelo na Volta.
“Já tinha em mente esse objectivo na etapa da Guarda. Tentei hoje, não consegui vencer a etapa, mas vesti a amarela”, referiu o novo líder, que acrescentou que “a responsabilidade penso que é a mesma [agora que tem a amarela]. Temos de dar tudo todos os dias. Não vai mudar nada. Temos de ir à luta”.
Freitas não escondeu que “é um dia de sonho. Depois de muitos azares este ano, foi um prémio pelo que tenho lutado e pelos azares que tenho tido”, salientou. A corrida ficou mais emocionante no dia seguinte à folga e deixou tudo ainda mais em aberto para as últimas cinco etapas.
Etapa muito movimentada… menos no pelotão
Apesar de ter sido difícil a formação da fuga nesta 5ª etapa, com 171,3 quilómetros entre Águeda e o Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Santo Tirso, 17 homens surgiram na frente. Freitas, da Rádio Popular-Boavista, integrou o grupo a quem o pelotão deu margem de manobra. A vantagem chegou a ultrapassar os 10 minutos. Não houve, na fase inicial, qualquer preocupação pelo facto de o corredor axadrezado ser o melhor classificado entre os fugitivos. Estava, à partida, a mais de três minutos da liderança e sendo virtual Camisola Amarela poucos acreditaram no sucesso final. Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO) também estava no grupo muito dedicado a manter a liderança nos Pontos. Ganhou duas metas volantes – Oliveira de Azeméis e Santa Maria da Feira – mas caiu antes de Santo Tirso e só depois conseguiu recuperar a posição na fuga.
Os últimos 30 quilómetros foram bastante animados. Tendo acordado, o pelotão onde estava o Camisola Amarela Santander iniciou uma perseguição mais séria e, após algumas fragmentações no grupo da frente, mas sem que ninguém ganhasse vantagem, foi Tomas Contte a arriscar.
O argentino do Louletano-Loulé Concelho foi à procura de glória, mas o britânico Mason Hollyman (Israel Cycling Academy) também estava decidido a estrear-se como vencedor. Acabou por ser Hollyman de 21 anos o mais forte na subida para o Santuário de Nossa Senhora da Assunção, uma subida de segunda categoria.
“Foi um dia divertido e uma grande luta. Fui um dos últimos a entrar [na fuga] e fomos a todo o gás. Havia muito talento naquele grupo. Foi uma fuga incrível. Tentei o melhor no fim para ver do que era capaz”, explicou Hollyman.”É a primeira vez que ganho uma corrida em três anos, desde os juniores. Sabia que hoje tinha de arriscar. Estas vitórias não acontecem muitas vezes”, salientou, admitindo que só assumiu que a tirada estava ganha a 100 metros da meta.
O veterano Ricardo Mestre (W52-FC Porto) ainda tentou uma reacção ao saltar do grupo perseguidor que se desfez completamente ao longo dos seis quilómetros da subida, mas restou-lhe terminar na segunda posição enquanto o argentino foi terceiro. Daniel Freitas, ao fazer sexto, ficou a contar o tempo e acabou por ver Alejandro Marque terminar a mais de cinco minutos do vencedor, o que significava que lhe pertencia a nova liderança da Volta enquanto o espanhol caía para segundo lugar a 42 segundos.
Mason Holymann (Israel Cycling Academy) foi o vencedor da 5ª etapa, com 4h11m48s, à frente de Ricardo Mestre (W52/FCPorto), que ficou a 35 segundos e de Tomas Contte (Louletano-Loulé Concelho), a um minuto. Lugares seguintes para Rafael Reis (Efapel), a 1m02s e Luis Guillermo Mas (Movistar), a 1m05s.
Na geral individual (Amarela-Santander), Daniel Freitas (Rádio Popular/Boavista) ficou na frente, com 22h02m16s, seguido de Alejandro Marque (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel), a 42 segundos e de Amaro Antunes (W52/FCPorto), a 47 segundos. Frederico Figueiredo (Efapel) está no 4º lugar, a 1m07s e Mauricio Moreira (Efapel) está no 5º posto, a 1m45segundos, liderança que vai continuar a ser “atacada” até ao final da semana, quando termina a competição.
Por equipas, a EFAPEL está no comando, com 66h02m59s, estando ainda no pódio as formações do W52/FCPorto, a 3m42s; a KSU Kelly/Simoldes/UDO, a 11m47s; o Louletano-Loulé Concelho, a 16m55s; e o TAVFER-Measindot-Mortágua, a 26m21s.
Nos Pontos (Camisola Verde-Rubis Gás), comando para Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO), com 74 pontos, seguindo-se Rafael Reis (Efapel), com 63 e Kyle Murphy (Rally Cycling) e Jóni Brandão (W52-FCPorto), ambos com 45 pontos.
Na Geral da Montanha (Camisola das Bolinhas – Continente), liderança para Amaro Antunes (W52/FCPorto), com 29 pontos, seguido de Alejandro Marque (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel), com 25, tantos quanto Frederico Figueiredo (Efapel). Mauricio Moreira (Efapel), soma 22 pontos e Hugo Nunes (Radio Popular/Boavista) tem 20 pontos.
No Prémio Juventude (Branca – Jogos Santa Casa), Abner Gonzalez (Movistar), é o primeiro, com 22h04m22s, seguindo-se Pedro Lopes (Kelly/Simoldes/UDO), com 22h08m27 e Alex Molenaar (Burgos BH), com 22h33m53s.
No Combinado, liderança para Amaro Antunes (W52/FCPorto), com 14 pontos, à frente de Frederico Figueiredo (Efapel), com 22 e de Mauricio Moreira (Efapel), também com 22 pontos.
Covid voltou a “atacar”
O sucesso da Rádio Popular-Boavista no final do dia contrasta com a frustração da manhã, uma vez que dois corredores, João Benta e Tiago Machado, tiveram de abandonar a prova na sequência de testes positivos à Covid 19, como explicou a equipa.
Também do lado da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel houve um caso suspeito e, por precaução, dois corredores abandonaram a prova.
Ainda por causa deste vírus, foram identificados dois outros casos que motivaram a retirada da formação Euskaltel Euskadi da competição.
Esta quarta-feira a Volta está no Minho. Correm-se 182,4 quilómetros entre Viana do Castelo e Fafe, com partida às 12h35. As três metas volantes estarão instaladas em Valença (45,2 Km), Ponte da Barca (102,3) e Póvoa do Lanhoso (151,1).