O norte americano insistiu quando os companheiros de fuga já não tinham pernas para mais. Insistiu quando o pelotão deu tudo por tudo depois de perceber que dar mais de nove minutos de vantagem não tinha sido a melhor ideia. Insistiu também quando Joni Brandão surpreendeu no último quilómetro e ganhou ligeira vantagem à cabeça do pelotão.
Tanta insistência tinha de dar certo e Kyle Murphy terminou vitorioso. “Foi um grande dia, a minha primeira vitória como profissional”, começou por salientar, sem esquecer que a Rally Cycling conta com um patrocinador português: O grupo Lusíadas. E o que quer para o resto da Volta? Nem hesitou: “Acabar!” Destacou que o objectivo da equipa passava por um triunfo numa etapa: “Agora podemos relaxar, respirar e talvez procurar mais oportunidades”.
Foi um daqueles dias em que era impossível não pensar no que aí vem. Este sábado é dia de subida à Torre e, por isso, foram as equipas dos sprinters as mais interessadas na etapa da 82ª Volta a Portugal Santander que fez esta sexta-feira a travessia do Alto Alentejo para a Beira Baixa.
O português de origem germânica, Marvin Scheulen (LA Alumínios-LA Sport), foi o responsável pela fuga logo nos momentos iniciais da etapa, após a estreia de Ponte de Sor como cidade de partida da Volta. Murphy seguiu-lhe a roda e pouco depois juntou-se Andrew Turner (SwiftCarbon). Ou seja, grande parte dos 162,1 km da etapa foram protagonizados por este trio, onde Scheulen se destacou a vencer metas volantes e prémios de montanha. O português passou a ser o novo detentor da Camisola Bolinhas Continente, que destaca o melhor trepador.
Na fuga, Murphy só queria a etapa. Não houve calor nem vento que o intimidasse e, como vencedor do dia, somou pontos que lhe dão a Camisola Verde Rubis Gás, por liderar a classificação por Pontos.
Foi, apesar de tudo, uma etapa calma com o pelotão a correr atrás do prejuízo (desvantagem para a fuga) nos últimos quilómetros. O ataque de Jóni Brandão (W52/FC Porto) na frente do grupo, pouco antes de cruzar a meta, foi outro motivo de animação. O reforço da equipa azul e branca para esta temporada ganhou cinco segundos à concorrência – cortou a meta 12 segundos depois de Murphy -, mas Rafael Reis (Efapel) manteve a Camisola Amarela Santander. Entre os mais novos, Juri Hollmann (Movistar) continua a ser Camisola da Juventude Jogos Santa Casa.
Kyle Murphy venceu em Castelo Branco com o tempo de 3h57m49s, deixando Jóni Brandão (W52/FCPorto) a 12 segundos e Luis Guillermo Mas (Movistar), a 17 segundos, no comando do pelotão.
Na geral individual (Amarela-Santander), Rafael Reis (Efapel) continua no comando, com o total de 8h16m39s, com uma vantagem de 13,02 segundos sobre Mauricio Moreira (Efapel) e 17,40 sobre Diego Lopez Fuentes (Kern Pharma).
Por equipas, a Efapel também segue na liderança (24h50m32s), seguida da Movistar, a 18 segundos e a W52/FCPorto, a 27 segundos.
Nos pontos (camisola Verde-Rubis Gas), Kyle Murphy (Rally Cycling-EUA) é o líder, com 45 pontos, seguido de Luis Gomes (Kelly/Simoldes/UDO), com 44 e Rafael Reis (Efapel), com 40.
Na Montanha (Camisola Bolinhas- Continente), comando para Marvin Scheulen (LA Aluminios/LA Sport), com 15 pontos, à frente de Hugo Nunes (Radio Popular/Boavista), com 11 e de Carlos Oyarzun (Louletano-LouléConcelho), com 8, os mesmos que Kyle Murphy.
Na Juventude (Camisola Branca-Jogos Santa Casa), Juri Hollmann (Movistar) é o primeiro, com 8h17m00s; seguido de Abner Gonzalez (Movistar), com 8h17m09s e Alex Molenaar (Burgos BA), com 8h17m10s.
A subida à Torre pela Covilhã
Este fim-de-semana de tantas emoções ciclísticas começa com um dos dias mais importantes da Volta a Portugal Santander, a sempre fantástica ascensão ao ponto mais alto de Portugal Continental, a Serra da Estrela (sábado).
Serão 170,3 quilómetros da Sertã até à Covilhã com o final a acontecer no Alto da Torre, a única subida de categoria especial da corrida.
A 3ª etapa tem metas volantes em Oleiros (22,7 quilómetros), Fundão (92,1) e Covilhã (150,1).