O “Estudo caracterizador do sector do desporto em Portugal e o impacto da COVID-19” realizado pela PwC, a pedido de Comité Olímpico de Portugal, Comité Paralímpico de Portugal e Confederação do Desporto de Portugal, apresentado esta segunda-feira, revelou que o financiamento público central ao desporto no País representa cerca de 40% da média europeia, de acordo com a informação veiculada pelo Comité Olímpico de Portugal.
Resultado da II Cimeira das Federações Desportivas, em que foi aprovada a realização de um trabalho sobre o impacto económico e financeiro da pandemia COVID-19 sobre as organizações desportivas nacionais, o estudo permite apurar com rigor e independência a extensão dos prejuízos no sector, de modo a contribuir para a criação de uma base de evidência relevante para a construção informada de políticas e opções estratégicas.
O “Estudo caracterizador do sector do desporto em Portugal e o impacto da COVID-19” concluiu que a área do desporto tem assumido grande relevância no espaço internacional, nomeadamente ao nível dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas e Organização Mundial da Saúde, pelo importante papel que desempenha na promoção da saúde da população. Também a Organização Mundial do Turismo reconhece a relevância que o segmento “Turismo Desportivo” assume no contexto do mercado desportivo.
Com este estudo, verifica-se que em Portugal esta vertente não tem sido alvo de destaque a nível estratégico, mas antes foi incluído em áreas contíguas como a Saúde e o Turismo. São exemplos da inexistência de destaque autónomo na Agenda Estratégica Portugal 2030 e no Plano de Recuperação e Resiliência, onde o desporto se apresenta residualmente em vertentes relacionadas com a componente de saúde, educação e inclusão social, e não com secção própria.
Em 2019, estima-se que o desporto em Portugal (na sua definição ampla) terá gerado um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de €4.210 milhões e 133 mil empregos (impactos directos, indirectos e induzidos), traduzindo-se num peso de 2,3% no VAB e 2,8% nos postos de trabalho nacionais. Além dos impactos económicos, o desporto gera outros valores sociais positivos para a sociedade, em várias dimensões, que não foram quantificados.
A pandemia COVID-19 implicou fortes restrições na actividade desportiva, ao nível de limitações impostas à própria prática desportiva, cancelamento/adiamento de eventos desportivos, redução do número de praticantes, e consequente perda de receita, redução de postos de trabalho e de remuneração.
Em Portugal, este impacto estima-se que tenha implicado, em 2020, uma quebra estimada de 12% em termos de VAB, face a 2019, e uma perda de 16 mil postos de trabalho.
Face a estes resultados e dadas as características intrínsecas do sector (entidades de natureza associativa, estrutura pouco profissionalizada e grande base de voluntários e trabalhadores independentes), muitas das medidas de apoio ao emprego e à economia acabaram por não abranger grande parte da área.
Relativamente aos apoios específicos ao desporto, de acordo com os stakeholders auscultados, os principais apoios anunciados ainda não chegaram às entidades ou chegaram em montantes reduzidos.
Ainda assim, os apoios públicos em contexto de pandemia permitiram a sobrevivência de várias instituições no sector, sendo de realçar as iniciativas de algumas autarquias que desenvolveram apoios adicionais específicos aos clubes e algumas Federações que apoiaram os clubes e colectividades desportivas e atletas, por exemplo, através de apoios ao nível do material de protecção e testagem.
Para os presidentes do COP, CPP e CDP, este estudo é de enorme importância pois permite perceber o enorme impacto que a Pandemia COVID-19, teve, tem e pode vir a ter no Sistema Desportivo nacional.