A Associação Internacional de Imprensa Desportiva divulgou, no respectivo site, a realização da segunda edição do AIPS World e-Conference intitulada Tokyo 2020 Media: “Desporto e Saúde Mental – O perigo no acesso às fontes no futuro?”.
O evento será efectuado no dia 2 de Julho próximo, via online, com tradução simultânea em quatro línguas (entre as quais o português), acção que marcará ainda o 97º aniversário da AIPS, fundada em 2 de Julho de 1924, em Paris, num ringue de boxe, onde reuniram os mentores desta então novel associação.
Sobre o assunto, Gianni Merlo, presidente da AIPS, revelou que “a cada ano fica cada vez mais difícil ter acesso às fontes. O que aconteceu com o caso, recente, da tenista japonesa Naomi Osaka trouxe mais relevância ao facto de que condições psicológicas podem afectar a interacção dos atletas com a mídia. Mas o que temos que lutar é contra os efeitos que a acção de Osaka – criando um efeito dominó nos outros atletas – que agora podem usar isso como desculpa para evitar falar com a imprensa”.
Acrescentou ainda Gianni Merlo, que “parece que estamos a voltar aos tempos sombrios da Alemanha Oriental quando disseram que a fragilidade dos atletas na competição os impedia de falar com os jornalistas. O estava escondendo uma realidade diferente, como todos sabemos. Quem não tem nada a esconder enfrenta a imprensa a qualquer hora. Antigamente, os atletas que tinham mais coisas a esconder evitavam relacionar-se com a imprensa”, frisando que “devemos lutar para que o relacionamento com as fontes continue como garantia de limpeza no mundo do desporto. Pode haver casos específicos que também devemos respeitar. Mas se se tornar uma epidemia, a condição mental não é o coronavírus. Respeitamos os outros, mas mesmo os profissionais abastados devem respeitar aqueles que trabalham seriamente também para defender os valores do desporto”.
Quanto ao facto de se se registaram episódios idênticos em Jogos Olímpicos anteriores, Merlo salientou que “não houve casos sensacionais no passado. Se não compareceram, foi porque em breve haveria outra competição. Mas, pelo que me lembro, isso nunca aconteceu por problemas psicológicos. Sempre houve um procedimento e relacionamento com os jornalistas em outras condições ou em outras situações como zonas mistas ou vila olímpica. Precisamos impedir que alguns atletas de ponta vendam os direitos de entrevistas exclusivas. Somos profissionais e devemos chegar a um acordo com os atletas profissionais de respeito mútuo”.
Sobre o que mudou na AIPS desde 2 de Julho de 2020, Merlo esclareceu que “houve uma grande evolução em todas as nossas actividades: falo do sucesso de todas as nossas iniciativas online como as AIPS Talks relacionadas aos temas quentes do mundo dos desportos. Alcançamos muito mais colegas e, paradoxalmente, o bloqueio permitiu-nos consolidar as relações com jornalistas de todo o mundo, relançando nosso projecto cultural. Se pedimos aos profissionais que nos respeitem, devemos seguir crescendo a nível cultural e transmitir esses valores aos colegas mais jovens”.
Merlo salientou ainda que, quanto à acção que se vai realizar em 2 de Julho próximo, o mais importante é “estarmos juntos e compartilharmos as escolhas que fazemos para defender nossa profissão. Depois do ano pandémico, temos que restabelecer nossos valores. Estamos todos unidos nesta batalha: clubes e federações têm jogado de uma forma que nem sempre é clara no acesso aos locais de trabalho e aos atletas. Havia medidas lógicas que dependiam de motivos de segurança da Covid-19, mas alguns outros motivos eram menos lógicos. Agora temos que encontrar um equilíbrio”.
A inscrição para este webinar pode ser feito no site da AIPS-Association Internationel de Presse Sportif.