O Director-geral do Comité Olímpico de Portugal, João Paulo Almeida, defendeu no webinar “Desporto e a Integridade”, organizado pela Associação Portuguesa de Apostas e Jogo (APAJO), que continua a haver “um longo caminho a percorrer entre a lei e a sua efectiva implementação na prática”, no que diz respeito ao combate da manipulação de competições desportivas.
João Paulo Almeida criticou a “pouca transversalidade” existente no trabalho desenvolvido pelas organizações desportivas nesta área, tendo lembrado que uma das determinações previstas pela Convenção do Conselho da Europa sobre a Manipulação de Competições Desportivas – “a criação de uma plataforma, uma rede de parcerias entre os ‘stakeholders’ desta actividade” – ainda não existe em Portugal.
“Esta dificuldade de coordenação torna-nos alvos fáceis e o que se vê é uma enorme desinformação dos agentes desportivos”, sublinhou o director-geral do COP.
Juan Méndez, gestor da SportRadar, empresa que entre as suas actividades monitoriza as apostas desportivas, informou que existem 5.500 jogos manipulados, entre os que constaram do mercado de apostas.
Participaram também na sessão moderada pelo Director de O Jogo, José Manuel Ribeiro, o investigador do ISCTE, Marcelo Moriconi, e Rute Soares, da Federação Portuguesa de Futebol.
Desde que este tema começou a ser debatido no mundo e, posteriormente, em Portugal, depressa se verificou que ao aumento significativo das acções realizadas não correspondeu um trabalho de cooperação, porquanto cada parceiro que criou as ferramentas para onde deviam ser remetidas as “anormalidades” verificadas (e detectadas) nem sempre fez “rolar” o que sabe por outros membros, como se recomenda na Convenção do Conselho da Europa sobre a manipulação de competições desportivas.
É um tema quente, que tem vindo a ser debatido amiúde em vários fóruns, mas os resultados tardam em surgir para que se possa implementar uma estratégia para reduzir drasticamente os mais de cinco mil processos conhecidos.
Sendo um trabalho de “sapo”, necessita de um quadro alargado de agentes (bem preparados para o efeito) para que, com maior celeridade, se possam criar as “redes” tendentes a envolver estes “polvos” que pululam por todo o lado.
Aliás, incluindo em Portugal, onde vários agentes foram alvo de sanções, alguns dos quais com penas na ordem da dezena de anos de prisão.
Soe dizer-se que “devagar se vai ao longe” – o que não deixa de ser uma verdade – se bem que a realidade actual impõe um aceleramento mais elevado para que não se perca o “fio à meada”!
Informar e formar, para travar este tipo de “virús”, deve ser uma actividade a desenvolver de forma diária, assente num plano concreto e objectivo, alargado (ou alongado) às estruturas existentes, quiçá reforçando quanto à forma e ao formato de actuação.