O jovem João Almeida – que iniciou a carreira de profissional em 2017 – voltou a estar a grande nível no Gito d’Itália, que este domingo se concluiu em Milão, depois de três semanas de competição ao mais alto grau, onde conseguiu inverter uma situação negativa para superpositiva em função do que se verificou na própria equipa.
Depois de ter sido o melhor no prólogo inicial da competição, João Almeida foi nomeado chefe-de-fila da Deceuninck-Quick-Step, pelo que toda a equipa teria de actuar em conformidade com a posição do líder nomeado.
Entretanto, por um infortúnio derivado de algo que não assentou bem no estômago, João Almeida teve os problemas correlativos e na etapa que se seguiu acabou por perdeu cerca lugares e ficar afastado da zona da frente, onde se encontrava, o que levou o director da equipa a substituí-lo na liderança das equipa, ficando o belga Evenepoel a comandar o grupo, porque se encontrava melhor posicionado.
Assim sendo, o ciclista português foi mandado para as “calendas” e teve que ser, por várias vezes, o rebocador do belga, o lhe granjeou mais perdas em cada seguinte, em especial não poder atacar e seguir o caminho para que estava talhado, mormente quando a montanha começou a surgir logo na primeira semana.
Entretanto, Evenepoel deixou de corresponder à expectativa e João Almeida começou a fazer a própria corrida, vindo a ultrapassar o seu companheiro de equipa a meio da segunda semana, acabando o belga por desistir e, então, ser renomeado para chefe-de-fila.
Daí para a frente, ainda que sempre em perda (face ao atraso que tinha dos primeiros), João Almeida, com o seu profissionalismo e brio pessoal, encetou uma recuperação que vaio ser coroada da melhor forma, tendo terminado em sexto lugar na geral, para além de um quarto lugar no prémio da juventude, de um sexto lugar no prémio da montanha e de um 12º nos pontos, contribuindo para o oitavo posto na classificação colectiva.
Um desempenho que deveria merecer o devido reconhecimento pelos dirigentes da equipa, pelo papel desempenhado, reforçando o reconhecimento de que é um ciclista de elevado espirito combativo e a confirmar que andar 15 dias com a camisola rosa e obter o 4º lugar na geral de 2020 não foi por acaso.
Resultados que servbiram como excelente prenda dos 23 anos, que tinham sido comemorados em 8 deste mês de Maio.
Na última etapa, este domingo, que ligou Senago a Milão, num contra-relógio individual com 30,3 km, João Almeida voltou também a confirmar que é um homem de “todo-o-terreno”, ao terminar no 5º lugar, apenas a 27 segundos do vencedor, sendo que o camisola rosa, o colombiano Bernal Gomez, ficou na 24ª posição, a 1m53s do vencedor, com João Almeida a ganhar cerca de minuto e meio, o que, numa curta distância, é considerável.
O vencedor foi o italiano Filippo Ganna (Ineos Grenadiers), com 33m48s, à frente do francês Rémi Cavagna (Deceuninck-Quick-Step), a 12 segundos e de outro italiano, Edoardo Affini (Jumbo-Visma), a 13 segundos.
O outro português em luta, Nelson Oliveira (Movistar) terminou a etapa no 40º lugar, a 2m28s, do vencedor.
Na classificação geral, o colombiano Bernal Gomez (Ineos) confirmou-se como vencedor, com o total de 86h17m28s, à frente do italiano Damiano Caruso (Bahrain), a 1m29s e do britânico Simon Yates (BikeExchange), a 4m15s.
Seguiram-se o russo Aleksandr Vlasov (Astana), a 6m40s; o colombiano Martinez Poveda (Ineos Grenadiers), a 7m24s; João Almeida (Deceuninck-Quick-Step), a 7m24s; o francês Romain Bardet (DSM), a 8m05s; o britânico Hugh Carthy (ED Education-Nippo), a 8m56s; o norueguês Tobias Foss (Jumbo-Visma), a 11m44s; e o irlandês Daniel Martin (Israel), a 18m35s.
Nelson Oliveira (Movistar) terminou no 27º lugar a 1h36m27s.
A camisola por pontos foi ganha pelo eslovaco Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), com 136 pontos, à frente do italiano Davide Cimolai (Israel), com 118; o colombiano Fernando Rendon (EAU), com 116.
João Almeida ficou no 12º lugar.
O prémio da montanha, foi conquistado pelo francês Geoffrey Bouchard (AG2R) com 184 pontos, seguido do colombiano Bernal Gomez (Ineos Grenadiers), com 140 e do italiano Damiano Caruso (Bahrain), com 99.
João Almeida foi 6º, com 54 pontos,
O prémio Juventude foi conquistado pelo colombiano Bernal Gomez (Ineos Grenadiers), seguindo-se o russo Aleksandr Vlasov (Astana), a 6m40s, e de outro colombiano, Martinez Poveda (Ineos Grenadiers), a 7m24s, com João Almeida a obter a quarta posição, a 7m24s.
Em termos de equipas, a Ineos Grensdiers voltou a provar que é uma formação muito coesa, vencendo com o tempo total de 259h30m31s, à frente da Jumbo-Visma (a 26m52s) e da DSM (a 29m09s).
A Movistar (de Nelson Oliveira) ficou na 7ª posição, a 1h28m18s e a Deceuninck-Quick-Step, de João Oliveira, ficou logo a seguir, a 1h37m51s.
O ciclismo e, em especial, o desporto português voltaram a marcar pontos positivos além-fronteiras, fazendo recordar os tempos de Joaquim Agostinho e outros ciclistas de grande porte.