Nos 100 anos da morte de Francisco Lázaro
“Sinto que se quer regressar a esses velhos tempos, o que não podemos permitir” – salientou Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal na cerimónia das comemoração do centenário da morte do atleta Francisco Lázaro, nos jogos de Estocolmo (1912).
Sem se adiantar em explicações, esta frase surgiu com alguma surpresa e admite-se que nenhum dos presentes percebeu muito bem a que propósito. Fica a dúvida.
Vicente Moura começou por passar em revista a carreira do carpinteiro que foi olímpico, a sua fase de preparação, a interminável viagem (para eles e para os outros elementos da comitiva) que começou no Cais da Rocha (barco) e terminou em Estocolmo (autocarro), durante bastante tempo.
Recentemente, a Universidade Nova adquiriu, à Televisão Sueca, o curto filme que existe sobre a prova, onde se pode ver que, contrariamente ao que foi recomendado, Lázaro não colocou nada na cabeça para protecção do sol (que chegou aos 34 graus), facto que esteve na origem da sua morte por desidratação, pese embora, na altura, e na falta de dados concretos, se tenha referido que teria havido outros motivos para o óbito. Que Vicente Moura esclareceu de forma convicta, em função dos dados que o Comité dispõe, subscritos pelo chefe da missão, Fernando Correia, um dos fundadores do COP.
Passando ao primeiro quilómetro na frente da corrida, Lázaro passou em 27º cerca dos 15 km, a quatro minutos do líder, recuperando até ao 18º e mais perto do grupo da frente aos 18 km.
Mas aos 27 já se via que Lázaro não ia bem, descoordenado aqui e ali, até que numa parte a subir, cerca dos 30 km, começou a cair e a levantar-se, até que não se levantou mais. Foi assistido, com gelo na cabeça, e o primeiro prognóstico foi de meningite por causa do sol. No hospital recebeu injecções de água salgada, entrou em delírio e faleceu com uma desidratação extrema.
Vicente Moura justificou todos estes dados por documentos que tinha na sua posse.
Falou-se, depois, que a morte teria sido por efeitos da toma de um “emborcação” de vários produtos em simultâneo (entre ele estricnina) e também de ter ensebado o corpo, precisamente para se proteger do sol. O que Vicente Moura esclareceu.
Referiu ainda o presidente do COP que não houve subscrição pública para que a comitiva fosse aos Jogos, porquanto as despesas foram de conta dos membros da comitiva, com uma pequena ajuda que surgiu de um sarau de ginástica realizado par a recolha de fundos para o efeito.
Vicente Moura salientou ainda que, noutros tempos e seguindo o espírito do responsável pelo surgimento dos jogos Olímpicos, o Barão de Pierre de Coubertain, que disse “que o mais importante era participar”, motivo perlo qual “se explica as poucas medalhas que Portugal conquistou em Jogos Olímpicos, porque o país não ligava ao desporto”.
Depois da homenagem e entrega de “kits” a duas das escolas que ganharam os prémios de um concurso feito no âmbito da Escola, o COP aproveitou a oportunidade para colocar (e inaugurar) na “Wall of the Fame” as medalhas (prata e bronze) que os portugueses já alcançaram nos Jogos Olímpicos, depois de, o ano passado, ter iniciado este processo com a homenagem aos medalhados de ouro.
A finalizar, foi deposta uma coroa de flores no monumento a Francisco Lázaro no jardim das instalações do COP.