Com um golo marcado no último segundo jogo, Portugal conseguiu vencer a França pela diferença mínima – sinal de que não há imbatíveis e que com garra, crença e fé tudo é possível.Portugal fez história e vai estar, pela primeira vez, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em Julho próximo.
Num jogo emotivo, nervoso, mas com devoção, Portugal alcançou a glória deste feito inédito, com maior valor ainda por ter sido obtido no estrangeiro, mais propriamente na cidade francesa de Montpelier, e especial porque ganhou a uma França que é das melhores formações mundiais na modalidade que, acrescente-se, já estava apurada para os Jogos antes de iniciar a partida frente à Selecção das Quinas.
Com o sete inicial constituído por Manuel Gaspar, Diogo Branquinho, Alexandre Cavalcanti, Rui Silva, Fábio Magalhães, António Areia e Vitor Iturriza, a formação lusa entrou com o pé esquerdo e os primeiros 15 minutos de jogo não correram de feição a Portugal, que viu a França concretizar um parcial de 0-2 ainda nos primeiros dois minutos, antes de Fábio Magalhães reduzir e apontar o primeiro golo.
Demonstrando mais concentração, os franceses voltaram a responder com novo parcial de 0-2, ficando a vencer por 1-4 aos seis minutos. Com as duas equipas a apresentarem um sistema defensivo 6×0, a seguir a um golo de António Areia, a França marcou três golos e conseguiu não sofrer, chegando ao 2-7 e levando Paulo Pereira a pedir time-ou, quatro minutos depois.
A selecção gaulesa continuou a aproveitar os erros de Portugal e quando o relógio marcava 14 minutos – altura em que os índices de eficácia rondavam os 45% para Portugal e os 85% para o adversário – já venciam por 5-11, momento em os sinos começaram a tocar para alertar os lusitanos que algo não estava a correr bem.
Nos nove minutos que se seguiram, a França não marcou qualquer golo e acabou por sentir muitas dificuldades em ultrapassar uma defesa sólida e móvel de Portugal, algo que foi aproveitado pela formação lusa para reduzir até ao 8-11, com Gustavo Capdeville em destaque na baliza e, mais tarde, até à margem mínima (12-13), resultado que se verificava ao intervalo e que dava uma enorme carga motivacional à armada portuguesa.
A segunda parte arrancou com António Areia a concretizar o empate a 13 golos, e com uma excelente execução do sistema 7×6, Portugal conseguiu resistir às investidas francesas, até André Gomes apontar o 18-17, naquela que foi a primeira vantagem portuguesa em toda a partida.
Seguiu-se um período verdadeiramente frenético onde a palavra-chave foi o equilíbrio e com Vincent Gerrard e Gustavo Capdeville em evidência nas duas balizas. A França conseguiu sempre encontrar formas de segurar a vantagem e alcançou mesmo dois golos à maior (23-25), altura em que os “Heróis do Mar” voltaram a acreditar que era possível vencer até ao último segundo.
Perto do apito final, Rui Silva fez, em contra ataque, o 29-28, que deu a Portugal a qualificação inédita para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021. A França ainda marcou, mas por uma fracção de milésimos de segundo, a bola só entrou depois da buzina.
Um prémio que, recordemos com saudade, se deve em muito a Alfredo Quintana que, nos últimos anos, como que levou a selecção nacional ao “colo” para alcançar todos feitos conseguidos nos tempos mais recentes, com o 6º lugar no europeu e, depois, no 10º posto no mundial, chegando agora a cereja sobre um bolo muito bem “amassado” pelo gigante guarda-redes luso-cubano, naturalmente com a ajuda, significativamente também importante, de todos os jogadores que integraram os trabalhos da selecção, sob o comando de um técnico – Paulo Pereira – que sofreu a bem sofrer mas que soube decidir quando o devia fazer.
Como dizia o Mestre Moniz Pereira – cujo centenário se comemora neste ano de 2021 – “a sorte dá muito trabalho”. Paulo Pereira contribuiu para que a classe dos técnicos portugueses se revejam no exemplo do Homem que, escrevendo letras e musicando-as, também disse que “Valeu a Pena”!
“Vale sempre a pena quando a alma não é pequena”, diz o conhecido e antigo (e também sempre presente) ditado português!
E disso Portugal, pelo que fez desde a Era dos Descobrimentos, sabe muito bem o que é ter Alma! Antes como agora, continuamos a dar novos mundos ao Mundo!