Em Vildemoínhos, no dia18 de Fevereiro de 1947, nasceu um menino, a quem foi dado o nome de Carlos Lopes, que veio ao mundo para se tornar, 37 anos depois, o primeiro campeão olímpico do desporto português.
Numa maratona milimetricamente controlada, Lopes acreditou que, naquele dia, seria o “seu” dia e que todos os astros estavam alinhados em fazer-lhe a vontade de o colocarem no primeiro lugar do pódio e com a bandeira portuguesa ao vento no mastro mais alto do Estádio Olímpico de Los Angeles, sinal de que era o novo campeão do Olimpo, reforçado com um também novo recorde olímpico (2.09.21) com o nome de Portugal.
Para chegar até este ponto, Carlos Lopes teve que suar (e sofrer) muito, porque a vida de um jovem, oriundo das terras de Viseu, naquela altura, obrigava a trabalhar, porque havia que ajudar a família, numerosa, porquanto todos os proventos eram curtos para ter o alimento mínimo.
Concluída a então “escolaridade obrigatória”, Lopes começou a trabalhar e, incentivado pela população da zona onde nasceu, deu logo nas vistas após a primeira prova de corta mato em que participou.
Aliás era o tipo de chão quer havia com maior amplitude – porque quase tudo eram terrenos destinados à agricultura – e, vencendo a prova, começou a chamar ainda mais atenções para o que estava para vir.
Uma chamada ao nacional de corta na categoria de juniores, levou-o ao título de campeão, que abriu o caminho para chegar ao Sporting, rumando de Vildemoínhos directamente para Lisboa, para começar uma carreira ao mais alto nível e que durou 18 anos.
Pelo meio ficaram outros triunfos, mais títulos, mais recordes, mais “mordomias”, ainda que não fosse, este último, o seu principal foco.
Pacato mas senhor do seu ser, Lopes sempre pensou pela sua cabeça, soube construir uma carreira extraordinária a todos os títulos mas sempre com os pés bem assentes no chão.
Sendo a figura mais lendária do desporto português dos anos vinte, Lopes nem por isso reclamou para si o que não podia ser também para os outros.
Com vontade férrea – até para ultrapassar um atropelamento de que foi alvo a poucos dias de embarcar para Los Angeles – o campeão português foi colocando, ano após ano, a fasquia mais alta em relação à sua carreira.
Ainda antes de Los Angeles (1984), Carlos Lopes alcançou o recorde mundial dos 10.000 metros (no mesmo ano, ainda que por pouco tempo), depois de ter batido o recorde europeu em 1982, seguindo-se o recorde europeu da maratona (1983), num período “maturidade” atlética em que delineou, mentalmente, a estratégia final para alcançar o ouro olímpico.
Muito mais haveria por falar sobre este campeão, porque todos os campeões tem histórias longas; de alegria e felicidade mas também de “trambolhões” e passadas erradas; e de muitas outras coisas.
Mas, neste dia 18 de Fevereiro de 2021, importa recordar o 74º aniversário deste grande campeão, mantendo-se firmemente empenhado em que o seu clube de sempre, o Sporting Clube de Portugal, até como Director do Departamento de Atletismo, continue a contribuir para que o desporto e o atletismo nacional, em particular, continuem a levar o nome de Portugal pelo mundo inteiro.
Parabéns Carlos Lopes. Esperamos pelos 75 para mais uma distinção!