“O desporto coloca-se do lado da vida contra a pandemia”, frase proferida por José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, no fim da 2.ª Cimeira das Federações Desportivas, esta terça-feira, em Odivelas, traduz a prioridade do sector num contexto difícil em que a sua sustentabilidade corre risco, mas tal não trava as críticas quanto ao silêncio das autoridades governativas.
De acordo com a nota divulgada pelo COP, José Manuel Constantino salientou ainda que “é inexplicável que haja preocupação, do ponto de vista da decisão política, relativamente à generalidade dos sectores sociais e, relativamente ao desporto, até à data, isso não tenha existido”, dirigente que prometeu que “não esperem das federações desportivas um abrandamento da pressão que temos colocado na urgência em se encontrarem respostas para ajudar a minimizar a situação que estamos a viver.”
Quando o Governo está a preparar novas medidas para enfrentar a pandemia sem consultar as organizações desportivas, José Manuel Constantino criticou que “era essencial que, relativamente ao desporto, houvesse um diálogo, uma aproximação e troca de opiniões sobre esta matéria. Estou espantado que estejamos a 24 horas do anúncio de novas medidas de confinamento e, relativamente ao sector desportivo, venhamos a saber o que vai acontecer através dos órgãos de comunicação social.”
A 2.ª Cimeira das Federações Desportivas aprovou a moção estratégica “Juntos pelo Desporto” que vai ser apresentada ao Governo, votada favoravelmente pelas Federações de Andebol, Atletismo, Badminton, Basquetebol, Canoagem, Ciclismo, Desportos de Inverno, Futebol, Ginástica, Golfe, Hóquei, Karaté, Lutas Amadoras, Natação, Patinagem, Rugby, Surf, Taekwondo, Ténis, Ténis de Mesa, Tiro, Triatlo, Vela, Voleibol, Actividades Subaquáticas, Aeronáutica, Automobilismo e Karting, Campismo e Montanhismo, Corfebol, Dança Desportiva, Jogos Tradicionais, Ju-Jitsu, Kickboxing e Muaythai, Lohan-Tao Kempo, Motociclismo, Motonáutica, Orientação, Padel, Squash, Xadrez, Desporto Universitário e Desporto para Pessoas com Deficiência, e ainda da ANDDI – Portugal e da ANDDVIS.
Entretanto, no âmbito da Comissão de Educação, Ciência e Desporto, na Assembleia da República, o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues deu conhecimento de que o Governo tem ajudado o desporto dentro do quadro que é possível nas circunstâncias actuais, tendo salientado que o IPDJ tem cumprido com os acordos subscritos com as estruturas do desporto, adiantando ainda que poderá haver melhorias nalgumas áreas, que estão a ser analisadas.
Por outro lado, o Secretário de Estado da Juventude e Desporto João Paulo Rebelo veio a público dar nota de que a nova legislação sobre os direitos de TV está na fase final de análise, podendo ser aprovada a breve trecho.
Entre umas e outras posições, por certo que se espera um consenso o mais alargado possível, porquanto é preciso vencer a pandemia e encontrar o caminho certo para que as actividades desportivas, a todos os níveis, reentrem num funcionamento que redunde numa presença digna nos Jogos Olímpicos que se efectuam no próximo Verão, se bem que, hoje em dia, à luz do que se conhece em termos mundiais, a situação ainda é dúbia, com a Tóquio (a cidade dos Jogos) a continuar a manter um elevado grau de casos de Covid-19.
Acreditemos que, mesmo que “não vá ficar tudo bem tão depressa”, haja Jogos Olímpicos credíveis, com saúde, fair play e desportivismo para uma educação olímpica ao mais alto nível.