Domingo 24 de Novembro de 0604

“Portugal é o que tem mais direito mas…

5jun_5015_isg_mestrado_desISG – Gestão do Desporto

… muito não é concretizado”, salientou Fernando Seara, falando para uma plateia de mais de uma centena de dirigentes, gestores e estudantes presentes no auditório do Instituto Superior de Gestão.

Esta e outras declarações foram proferidas no decorrer de uma conferência subordinada ao tema “Gestão do desporto em tempo de crise”, que deu mote à ao início, a partir de Outubro próximo, de uma pós-graduação em “Gestão do desporto”.

Fernando Seara salientou ainda que isto “verifica-se pelo facto de não haver formas de controlo” que reponha o cumprimento das leis vigentes no que às Sociedades Anónimas de Desportivas diz respeito.

Fernando Seara explicou depois os motivos do seu pensamento ao afirmar que “uma vez mais, os clubes e as SAD’s vão ser legitimadas, de uma ou de outra maneira, sem ter a segurança social e os impostos em dia, nem os ordenados, para poderem jogar no campeonato da I Liga da próxima época.”

A situação enquadra-se no “fair play financeiro” que a UEFA implementou mas que e, ainda segundo Fernando Seara, “até já se fala que os clubes vão recorrer ao novo programa revitalizar a economia promovido pelo governo”.

Seara versou ainda sobre a repartição dos direitos económicos e desportivos e concluiu que “muitos clubes estão dependentes da consciência municipal para poderem sobreviver, porquanto são o elemento base de toda a estrutura desportiva, qualquer que seja a modalidade, pelo que tem que ser apoiados.

Dias Ferreira, outro jurista da nossa praça, entrou também a provocar, desta vez sobre o que determinado dicionário diz sobre a crise. E descreveu: “crise é o momento decisivo entre o tratar a doença ou o caminho para o desenlace final”.

Referência que esclareceu ter a “ver com o alargamento que alguns pretendiam, para cujos defensores é indiferente o caminho a seguir, o que revela a mentalidade de muitos dirigentes desportivos que temos”.

Finalizou afirmando que o que é preciso “não é uma troika das finanças mas sim uma troika de avançados para enganar o pagode”.

Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal, debruçou-se sobre os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro (5 a 21 de Agosto), que serão realizados com o objectivo de “Celebrar o desporto com paixão e motivação”, que poderá levar ao Brasil mais de quatro milhões de turistas, sensivelmente o que também está previsto para o mundial de futebol de 2014.

Vicente Moura salientou que “acredito que o Brasil ganhou a organização destes jogos porque o então presidente Lula da Silva fez um discurso a chamar ao sentimento, pela existência de 65 milhões de jovens até 18 anos e porque seria a primeira vez que os jogos se efectuariam na América do Sul”.

O orçamento inicial seria de 19,8 mil milhões de euros, mas é crível que vai ser aumentado substancialmente face às derrapagens que já sofreu neste, recordando-se que Pequim gastou à volta de 24 mil milhões e que Londres vão gastar cerca de 11 mil milhões, isto só em termos de Comité Organizador (COJO) – não inclui infra-estruturas – “sob a liderança do presidente do Comité Olímpico do Brasil, também presidente do COJO” – segundo esclareceu Vicente Moura.

António Samagaio, jurista especialista na área financeira, referiu-se ao facto de o “futebol ser uma indústria em crescimento em todo o mundo”, com um aumento na ordem dos 4% na época passada (2010/2011), movimentando na ordem dos 17 mil milhões de euros, 50% dos quais de direitos televisivos e respeitantes apenas às cinco ligas europeias de maior relevo (Itália, França, Inglaterra, Alemanha e Turquia).

Salientou ainda que “em Portugal a receita duplicou, se bem que o endividamento subisse de 70 para 470 milhões de euros, mais 57% do que se vira antes”. Preocupante, ainda, o facto de os custos com pessoal (jogadores, treinadores, médicos, etc) atingir, em alguns casos, cerca de 70% da receita. O que torna ingovernável qualquer instituição.

“O que – segundo Samagaio – obrigou todos os clubes ingleses a saírem da Bolsa e o que poderá acontecer em Portugal a curto prazo”.5jun_5018_isg_mestrado_des

A crise também está aqui. E se a economia fica beneficiada (pela previsão de menor prejuízo na época 2012/2013, pelo não alargamento), nunca se sabe se a derrapagem se vai aumentar, caso os principais clubes invistam em jogadores estrangeiros sem que vendam alguns activos para contrabalançar.

António Jorge fez a apresentação da Pós-graduação em gestão do desporto, dando a conhecer horários, prelectores (entre os quais Bruno de Carvalho, concorrente às eleições no Sporting).

Os interessados devem obter as devidas informações no site do www.isg.pt.

 

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