Terça-feira 25 de Novembro de 2223

Joaquim Fonseca Esteves, que foi Director do Centro de Medicina Desportiva de Lisboa, deixou-nos aos 79 anos

Joaquim Fonseca Esteves, faleceu este domingo, depois de uma vida de cerca de seis décadas ao serviço da Medicina Interna e da Medicina Desportiva, devido a um linfoma que fez tombar este guerreiro e guru da Medicina Desportiva portuguesa e internacional.

MedicinaDesportiva-FonsecaEstevesFaleceu-05-01-2021Com uma carreira médica que o levou até ao lugar de Chefe de Serviço da Carreira Médica-Hospitalar, Fonseca Esteves, como era conhecido, pelo menos na área do desporto – que abraçou mais tarde – sempre foi uma pessoa simpática, amigo do amigo, da população nas áreas geográficas em que esteve envolvido, que se destacou na área da Medicina Desportiva, onde começou como Assistente e, na sequência, foi nomeado Director do Centro Nacional de Medicina Desportiva (desde 2003), para onde entrou em 1976, tendo antes (1988) ter sido Director Clínico, serviços integrados sucessivamente no Instituto Nacional do Desporto, Instituto do Desporto de Portugal e Instituto Português do Desporto e da Juventude (actualmente).

Nesta instituição, teve oportunidade de começar a verificar as várias “mortes súbitas” que acontecerem várias vezes no âmbito dos vários desportos e que, estudados os casos, não se vislumbraram, na altura, causas justificadas para o efeito. Raramente se sabia do que tinha acontecido.

No entanto, sendo um dos percursores no estudo deste tipo de situações, por certo que se avançou no combate a este tipo de morte e que, mais tarde, deu origem à legislação que obrigou que em todas as infra-estruturas desportivas deviam existir desfibrilhadores, por forma a poder reverter o ataque, com a consequente salvação do atleta.

O exemplo mais recente, em Portugal, reporta-se ao jogador Apolinário, do Alverca, que tombou no relvado e que foi de imediato sujeito às descargas eléctricas deste aparelho para recuperar a respiração do atleta, não se conhecendo mais pormenores até esta altura.

Natural de Gonçalo, na Guarda, Fonseca Esteves nasceu a 6 de Abril de 1940, pelo que faria 80 anos no próximo mês de Abril, precisamente no dia em que se comemora mais um aniversário da criação, pela ONU (Organização das Nações Unidas), do Dia Internacional da Actividade Física ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento.

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Fonseca Esteves, Assistente Graduado em Medicina Interna, desempenhou, entre outras, as funções de Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva; Director da Revista da mesma Sociedade; foi Director de 8 Cursos de Pós-Graduação em Medicina do Desporto; presidente do Colégio da Especialidade de Medicina do Desporto da Ordem dos Médicos (1994) e Médico da Federação Portuguesa de Ténis desde 1980.

Deixa vários legados neste âmbito da Medicina Desportiva e, como pedagogo, Fonseca Esteves foi um criador e incentivador da existência de documentos informativos para toda a classe de desportistas, salientando-se a publicação de alguns livros (exemplo que se apresenta nesta página) e de dalgumas frases como as que foram publicadas (2012) pelo site “STOP às lesões no desporto – Movimento Nacional da Prevenção das lesões no desporto”, que se transcrevem:

“As lesões no desporto têm na sua origem múltiplos factores que actuam sinergicamente.

É importante termos presente a existência desses factores que condicionam ou dificultam a recuperação das lesões oste musculares nos desportistas, as quais, por não serem visíveis e por vezes pouco sintomáticas, não lhe é atribuída a importância devida.

“Por exemplo, são factores que podem comprometer a performance dos atletas as agressões hepáticas provocadas por alimentos ou fármacos, dietas alimentares incorrectas, uso de substâncias ergo génicas, infecções virais, infecções dentárias, desidratação, sobre treino ou treino inadequado”, acrescentando que “Recomendamos, mesmo na ausência de lesões evidentes, que o desportista deve assumir sempre uma atitude preventiva, informando o seu médico do aparecimento de alterações do seu comportamento físico ou de sintomas, mesmo que não os considere relevantes, por serem potenciais factores de risco que limitam a normal recuperação. Esta atitude pode contribuir muito para a prevenção primária de lesões”, para além de referia ainda que “O atleta que trabalha para obter sucesso nas suas prestações, deve estar atento e não subestimar certas alterações ou modificações do seu comportamento psíquico ou físico, os quais podem ser factores agravantes de lesões e mesmo, em casos extremos, da própria vida”.

Desapareceu mais um Grande Homem que deu muito à Medicina Interna e à Medicina Desportiva em Portugal.

Sentidas condolências à família.

 

 

 

 

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