Tendo ganho na pista (na cidade da Maia) com uma vantagem de cerca de 16 segundos, Salomé Rocha foi posteriormente desclassificada da competição face a ter utilizado ténis de corrida não conformes com os regulamentos da World Athletics (ex-IAAF).
De acordo com o comunicado emitido pela Federação Portuguesa de Atletismo, consultada a regulamentação internacional quanto aos modelos de ténis utilizados pelos atletas nas várias especialidades do atletismo, verificou-se que o modelo utilizado pela atleta tinha uma palmilha de espessura superior à permitida para este tipo de corridas em pista (acima dos 800 metros), o que levou à sua desclassificação.
Uma decisão que não é única, porquanto outras – em épocas diferentes – também foram tomadas com base no mesmo artigo que respeita ao não cumprimento das especificidades dos sapatos utilizados.
Ao longo dos anos, foram surgindo situações anómalas, a primeira das quais com a altura da calcanheira utilizada pelos atletas dos saltos, como forma de protecção, mas em que a espessura também estava acima da regulamentada, situações que se verificaram nos anos 90.
Mais tarde, foi a fabricação de modelos de sapatos (com bicos) para o comprimento e o triplo, em que a biqueira não estava em linha com a planta do pé, considerando que estava mais elevada, o que favorecia o ataque à tábua de chamada, cujo limite é “bloqueado” por uma camada de plasticina com alguns milímetros de altura, evitando, dessa forma, que com a biqueira mais elevada fosse difícil deixar marca na referida “pasta”, pelo que o salto seria validado.
A mais recente e conhecida é o tipo de sapatos que os maratonistas estavam a utilizar para minorar as dificuldades de locomoção, tornando os sapatos mais leves ou com “bolhas” de ar localizadas em vários locais dos sapatos, para melhor “amortecer” o impacto no chão.
A mais recente, quiçá, é a que se refere ao modelo que Salomé Rocha utilizou, em que a palmilha mais espessa também possa tornar a corrida “mais fácil” porque a elasticidade da palmilha provoca um melhor andamento.
A atleta e o respectivo técnico justificaram-se perante a Federação, que registou o “acidente” e apenas desclassificou a atleta.
Recorde-se, no entanto, que a atleta tem míninos para os Jogos Olímpicos de Tóquio, a realizar no ano que vem!