Num comunicado divulgado no respectivo site, subscrito por José Manuel Constantino, sobre a situação actual do desporto versus actividade desportiva, o presidente do Comité Olímpico de Portugal ressalvou que “uma comparação entre o número actual de licenças federativas e o de igual período do ano anterior aponta para uma redução de efectivos de cerca de 52%”.
Prosseguindo, referiu que “trata-se de uma avaliação provisória que carece de afinamento no final do ano, uma vez que este é um período em que muitas federações desportivas procedem à actualização dos respectivos dados, podendo os mesmos vir a configurar uma situação ainda mais grave nessa altura. Neste balanço, só as modalidades colectivas de pavilhão registam perdas de cerca de 79%”.
Continuando, o presidente do COP assinalou que “estes indicadores dão-nos uma perspectiva do efeito devastador que a pandemia está a ter sobre o desporto. E confronta-nos a todos – autoridades desportivas e políticas – com a verdadeira dimensão do problema, num país com baixos indicadores de prática desportiva federada assentes numa economia associativa frágil.
Esta tendência, de redução drástica dos registos desportivos federados, é comum à generalidade dos países europeus e Portugal não é excepção. Como o é a das limitações da retoma da prática desportiva, com regimes mais brandos nuns, mais severos noutros”, frisando ainda que “a excepção reside nas medidas políticas de resposta à perda de efectivos e de receitas, porque, contrariamente aos congéneres europeus, Portugal tarda em apresentar soluções que ajudem as organizações desportivas a minimizar os efeitos desta situação”.
Depois de frisar que “de todos os lados surgem apelos. Das Nações Unidas, da UNESCO, da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, e também do Vaticano se apela a que os governos nacionais ajudem o desporto”.
Só que, assinalou, “Portugal continua a ignorar esses apelos mesmo quando o seu Governo subscreve alguns dos documentos que lhe dão corpo e se prepara para liderar a União Europeia no início de 2021”.
No que se refere ao trabalho feito pela entidade a que preside, recordou que “as propostas que o Comité Olímpico de Portugal tem apresentado ou subscrito com o Comité Paralímpico de Portugal e a Confederação do Desporto de Portugal são equilibradas, moderadas e sensatas, porque não ignoram a situação económica e financeira a que o País está exposto em resultado da crise instalada pela pandemia e que implica uma difícil e criteriosa gestão dos recursos públicos disponíveis”, acrescentando que “o que está em causa é a sustentabilidade do tecido desportivo, numa débil e precária situação anterior à crise e agora vulnerável a uma quebra significativa de praticantes desportivos e de receitas”.
Mais à frente, José Manuel Constantino referiu que “à ausência de resposta do Governo juntou-se agora a atitude de profunda desconsideração e abandono do Parlamento, que ignorou as propostas apresentadas pelo sector desportivo, não tendo nenhuma delas merecido aprovação, quer do grupo parlamentar do Partido Socialista, quer do grupo parlamentar do Partido Social Democrata, pelo que as alterações apresentadas não lograram obter a votação favorável necessária para serem inscritas na versão final da lei do Orçamento de Estado”.
Conhecedor profundo da matéria, o presidente do COP disse que “defender a sustentabilidade do desporto em contexto de pandemia é proteger um bem público e reconhecer, nas suas diferentes dimensões, a respectiva importância social. Não o proteger ou abandoná-lo à sua sorte é virar costas a uma realidade fortemente vulnerável ao impacto da crise, com enormes custos sociais e desportivos”.
Pelo que, na sequência do referido, salientou que “é urgente uma visão política lúcida e pragmática, que socorra o desporto da agonia que está a sofrer. Aplicando a metáfora presidencial, o desporto, até à data, tem viajado no porão!
A criação de fundos de financiamento público solidários e de incentivos fiscais para clubes e associações desportivas de base é, entre outras medidas de política desportiva pública, um traço comum à generalidade dos programas dos governos europeus. Portugal tarda em responder à situação. É indispensável e urgente que o faça. O desporto não pode esperar!”
No mínimo, é o que se pode esperar.