Quarta-feira 24 de Novembro de 2990

Sessão Olímpica da Academia Olímpica de Portugal debateu “Educar pelo Olimpismo”

“Educar pelo Olimpismo” foi o tema de mais uma Sessão Olímpica promovida pela Academia Olímpica de Portugal (AOP), órgão do Comité Olímpico de Portugal, que decorreu no formato já “habitual” do webinar, que teve lugar esta quarta e quinta-feira, com cada um em sua casa.

alexandre mestre 1Nesta quinta-feira, Alexandre Mestre, ex-Secretário de Estado da Juventude e do Desporto e membro da AOP, abordou o tema “Carta Olímpica: uma perspectiva à luz dos direitos humanos”, tendo passado em revista vários dos parâmetros jurídicos que estão associados a este assunto, incluindo a base da Carta Olímpica – que definiu há muito tempo que todos tem o direito à pratica do desporto – dentro do princípio da defesa dos Direitos Humanos, tendo recordado que, na Agenda 2020, também entrou a questão dos refugiados.

Recordou que a Carta dos Direitos Humanos (criada em 1948, no pós II Guerra Mundial) ainda não tinha referências à prática desportiva, questão que a Carta Europeia do Desporto já integrou, ainda que não tanto elaborada com hoje se apresenta.

Na multiplicidade de documentos que existem sobre os direitos humanos, nem todos abordam a questão do desporto, mas, aos poucos, o tema, pela sua tangência, foi integrado por força (e justiça) do impacto que as actividades desportivas foram tendo ao longo das últimas décadas.

Pelo meio, falou-se no caso específico da atleta sul-africana Caster Semenya, que produzia testosterona a mais comparativamente com o sexo masculino, por uma questão congénita, mas que ultrapassava em grande escala os máximos definidos pela Agência Mundial Antidopagem, situação que garantia à atleta uma “vantagem” sobre as estantes mulheres desportistas, pelo menos no atletismo.

jlopes aopO que, segundo Alexandre Mestre, contraria a Declaração dos Direitos Humanos, chegando-se ao conflito entre a medicina e o direito, situação que durou alguns anos mas que a atleta foi obrigada a desistir da carreira, porque não concordou em tomar medicamentos para baixar os níveis de testosterona, o que tinha sido decidido pela então Federação Internacional de Atletismo (IAAF) hoje WorldAtlhetics.

Colocou ainda algumas questões ligadas ao desporto para os cidadãos portadores de deficiência, passou pelos abusos sexuais de crianças por parte de treinadores (como tem sido relatados nos (últimos tempos) e abordou também o que também está na ordem do dia e que se relaciona com a manipulação dos resultados desportivos, temas que criam grandes dificuldades à ética, à integridade e à transparência.

Sem dúvida, vectores que devem ser preservados no que se refere à verdade desportiva, criando-se ferramentas para colocar uma “mão de ferro” para abortar qualquer situação no âmbito das actividades desportivas. E isto não só no desporto, como a comunicação social vai divulgando quase diariamente!

tiago viegasTeresa Rocha, professora, uma atenta “fera” na defesa dos princípios de Pierre de Coubertin e membro do recém-criado Comité Português de Pierre de Coubertin (que já integra a Rede Internacional destes Comités), falou sobre “Pierre de Coubertin e as Academias Olímpicas”, recordando a vida e história do Barão, que nasceu em Janeiro de 1863, frisando a importância dos conceitos da Academia na difusão da defesa dos valores éticos e morais que integram o Movimento Olímpico.

O que levou, em 1961, em Olímpia (Grécia), à criação da Academia Olímpica Internacional, que catapultou para toda a civilização e de onde “bebemos a cultura olímpica carreada pelo movimento olímpico internacional”.

Seguiu-se uma mesa-redonda com a presença dos atletas olímpicos João Rodrigues (Windsurf), recordista com sete presenças nos Jogos, David Rosa (BTT) e presente por duas vezes e, ainda, o judoca Pedro Dias que, moderados por Luís Murta, professor no Instituto Politécnico de Beja (parceiro da AOP na organização deste evento), contaram as suas vivências quando presentes na magnânima organização que são os Jogos Olímpicos.

“Os Jogos Olímpicos ma Antiguidade e na Era Moderna” e “A Academia Olímpica de Portugal e a Academia Olímpica Internacional” foram temas desenvolvidos por Gustavo Marcos e Tiago Viegas (presidente da Academia Olímpica), enquanto os também atletas olímpicos Fernando Pimenta e Susana Feitor participaram noutra mesa redonda, sempre com as questões olímpicas presentes e sobre o ponto de vista de cada um.

Mais uma sessão – que devia ter sido realizada em Beja mas que foi adiada devido à pandemia do Covid-19 – com elevada participação (cerca de seis dezenas de internautas) e que teve um saldo olimpicamente positivo. Como se pretendia.

 

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