Iuri Leitão sagrou-se, esta quinta-feira, campeão europeu de Scratch, na competição que se está a realizar na cidade de Plovdiv (Bulgária), no que foi a primeira medalha de ouro para o ciclismo português de elite, na variante de pista, o que é de realçar.
Recorde-se que, na véspera, Iuri tinha conquistado a medalha de prata na disciplina de eliminação, pelo que é o atleta luso mais medalhado neste europeu (ouro e prata), a que se acrescenta a de bronze alcançada por Maria Martins, também nesta quinta-feira e também na disciplina de eliminação.
Com estas duas medalhas, Portugal soma oito – sendo uma de ouro, quatro de prata e três de bronze – nos últimos três anos, uma série que começou com a prata de Ivo Oliveira e o bronze de Maria Martins, em 2017.
E, porventura, mais poderão chegar porque este europeu só termina no próximo domingo.
Para chegar ao ouro, o corredor vianense revelou-se muito superior a toda a concorrência na prova de 15 quilómetros – 60 voltas ao velódromo búlgaro. As primeiras vinte voltas foram marcadas por várias tentativas de fuga, às quais o pelotão respondeu com prontidão.
A única iniciativa que vingou teve a assinatura de Iuri Leitão. O ciclista português atacou a 40 voltas do fim, pedalou em solitário e, a 26 voltas de acabar a prova, consumou a volta de avanço sobre o grupo.
Depois do ter ganho o ouro, Iuri referiu que “não estava planeado atacar tão cedo, mas vi uma janela de oportunidade e aproveitei. Depois de alguns ataques, houve um momento de tensão. Achei que era o momento certo para tentar”.
Tendo percebido que não teriam qualquer hipótese de bater o português, os fugitivos abdicaram da iniciativa. Mas Iuri Leitão não. O minhoto prosseguiu o esforço para ser o primeiro a cortar a meta, o que não precisava, dado que tinha uma volta de vantagem sobre os demais.
Atrás de Iuri ficaram o ucraniano Roman Gladysh e o britânico Oliver Wood.
Iuri explicou ainda que “não vou mentir. Vim para esta corrida com o objectivo de discutir os primeiros lugares, mas sem colocar as expectativas muito elevadas, porque na pista tão depressa se está a lutar pelas medalhas como no décimo lugar. Felizmente venci, mas acho que só comecei a perceber a dimensão do que tinha conseguido quando vesti a camisola de campeão da Europa”.
O seleccionador nacional, Gabriel Mendes, salientou que sentiu “um orgulho muito grande pelo resultado mas, sobretudo, pelo desempenho do ciclista, pois não se cansa de frisar que o mais importante é o processo de trabalho, os resultados surgem como reflexo disso”.
Poucos minutos depois de Iuri ganhar a corrida foi a vez de Maria Martins regressar ao pódio em Campeonatos da Europa.
A corredora ribatejana aplicou uma táctica semelhante à que ontem valera a prata a Iuri Leitão na mesma disciplina, correndo na parte de trás, mas quase sempre por fora do pelotão, com espaço para ir eliminando a concorrência e para ocupar posições mais adiantadas, quando isso se exigia.
A ciclista da Equipa Portugal viveu, contudo, alguns momentos mais conturbados, escapando por pouco de duas eliminações que chegaram a parecer certas. Apesar do esforço extra despendido para fugir às saídas precoces da prova, Maria Martins ainda teve energia para subir ao pódio, na terceira posição. Apenas foi batida pela britânica Elinor Barker, campeã da Europa, e pela italiana Rachele Barbieri.
Gabriel Mendes também ficou muito satisfeito com a prestação de Maria Martins, cuja preparação para o Campeonato da Europa de Elite foi prejudicada por uma semana de paragem, devido à queda na derradeira prova do Campeonato da Europa de Sub-23, mas aproveito para dizer que “a condição física não é máxima, mas temos de optimizar o desempenho com os recursos de que dispomos. Considero que a Maria fez uma corrida muito boa, conseguindo movimentos, na parte de trás, que eliminaram adversárias de forma muito competente, e reposicionando-se mais adiante. Está de parabéns pelo resultado e pela performance”.
Recorde-se que Maria Martins, no primeiro dia, obteve o 10º lugar na disciplina de Scracht.
O Campeonato da Europa prossegue nesta sexta-feira. Às 11h35 inicia-se a qualificação da disciplina de perseguição individual, que contará com os portugueses Ivo Oliveira e Iuri Leitão. A final está marcada para as 16h20. Às 16h35 Maria Martins disputa a corrida por pontos, disciplina em que Rui Oliveira participa às 17h25.