João Almeida foi 4º na última etapa do 103º Giro d’Itália, que terminou este domingo, e obteve outro quarto lugar inédito para o ciclismo português, em especial a nível desta competição, porque é o primeiro a obter a melhor classificação de sempre nesta competição, uma das três clássicas mundiais.
Antes, apenas Acácio Silva tinha conseguido chegar na quinta posição pelo que a proeza do jovem (22 anos) ciclista de A-dos-Francos (Caldas da Rainha) passou para os anais da história mundial da modalidade.
Tal como referiu o saudoso Prof. Moniz Pereira “Valeu a pena” e também que “a sorte dá muito trabalho”, esta que foi “madrasta” mas que “faltou” na fase mais decisiva da competição, se bem que João Almeida atingiu o auge no decorrer da competição, chegando quase à “exaustão”. O mérito de ter tido a força mental suficiente para suportar o peso da camisola Rosa ao longo de 16 etapas, o que foi obra inédita.
Melhor ainda porque Rúben Guerreiro, confirmou-se como o melhor trepador da competição, feito também inédito obtido por um português, vestindo de azul durante muitas das etapas que foram cumpridas a alto nível.
Na etapa deste domingo, o contra-relógio de 15,7 km foi ganho pelo britânico Tao Geoghegan (Ineos Grenadiers), com o tempo de 17m16s, à média de 54,556 km/hora, à frente do belga Victor Campenaerts (NTT Pro Cycling), que ficou a 32 segundos, os mesmos que o australiano Rohan Dennis (Ineos Grenadiers).
João Almeida (Deceuninck-Quick-Step) ficou no quarto lugar, a 41 segundos, empatado com o australiano Miles Scotson (Groupama-FDJ).
Nesta pequena corrida, Almeida conseguiu fazer melhor que os quatro ciclistas que tinha na sua frente, o que diz bem da garra e da superação conferida pelo corredor português.
Ruben Guerreiro (EF Pro Cycling) completou na 63ª posição, a 2m07s, pelo que ainda conseguiu subir à quarta posição.
Uma extraordinária prestação de João Almeida, que poderá ser, desde já, qualificado como o melhor atleta português deste ano de 2020.
O grande campeão de 2020 foi outro jovem, o britânico Tao Geoghegan (Ineos Grenadiers), que fechou com o tempo total de 85h40m21s, deixando o australiano Jai Hindley (Sunweb) a 39 segundos e o holandês Wilco Kelderman (Sunweb) a 1m29s.
Classificaram-se a seguir João Almeida (Deceuninck-Quick-Step), a 2.57 e o espanhol Pello Bilbao (Bahrain-McLaren), a 3.09.
Para além da Rosa, Tao Geoghegan acumulou ainda a Branca (Juventude), enquanto a Azul (Montanha) foi conquistada, também com garra, orgulho e superação, por Rúben Guerreiro, enquanto o francês Arnaud Démare (Groupama) conquistou a dos Pontos.
Por equipas, a Ineos Grenadiers venceu com mais de vinte minutos de avanço da Deuceninck-Quick-Step (a formação de João Almeida).
Fechado o pano sobre o Giro d’Itália, não há dúvida que esta edição (103ª) foi brilhante de várias formas, até ao pormenor de só se saber o vencedor depois do final da última etapa, o que não se verificava há mais de cem anos. Na história da história, em que dois lusitanos, como antes, voltaram a levantar a bandeira portuguesa bem alto.