Vestir a camisola Rosa, símbolo de líder do Giro d’Itália, um dos maiores eventos à escala mundial na área do ciclismo, sem dúvida que é um patamar de grande gabarito, para poucos, se é que existe (ou existiu) algum ciclista que o conseguiu ao longo da história do desporto velocipédico mundial.
“A sorte protege os audazes” – uma velha máxima da vida de um cidadão, qualquer que seja o vector – mas que ainda hoje é palpável em Portugal e a um remo militar, bem poderá ser atribuído ao jovem (22 anos) João Almeida, que alcançou este desiderato de uma forma firme, de “antes torcer do que partir”, que o levou às mais altas montanhas italianas, espelhadas pelo esplendor de Portugal e das bandeiras lusitanas que por lá ficaram.
No entanto, com a meta final à vista (apenas a três dias de acabar a competição) Almeida viu “desmoronar-se” o sonho de poder chegar no pódio das medalhas, porquanto não teve nem estofo nem pernas para ser manter na posição cimeira, por factores quiçá físicos e, muito mais, psíquicos e de outras ordem ainda por esclarecer, embora se deva enaltecer o espectáculo que proporcionou, a tenacidade que demonstrou, à fibra que o levou à liderança diária neste evento de superação que foi demonstrando.
Pese embora ainda faltem três etapas, ainda pode haver alterações, porquanto nunca se sabe o que pode surgir pelo caminho. O que só verá nos dias que ainda faltam. Fica, no entanto e para já, o ineditismo dos factos relatados.
Posto isto, a 18ª etapa, disputada esta quinta-feira, que ligou Pinzolo ao Laghi di Cancano, numa distância de 207 km, teve como vencedor o austríaco Jai Hindley (Team Sunweb), com o tempo de 6h03m30s a uma velocidade de 34,210 km/h, com a chegada a 1.938 metros. o britânico Tao Geoghegan Hart (Ineos Grenadiers) chegou em segundo com o mesmo tempo, enquanto o espanhol Pello Bilbau (Barhain-McLaren) foi terceiro, com mais 46 segundos.
Quarto lugar para o dinamarquês Jakob Fugsang (Astana Pro Team), a 1m25s e o quinto foi conquistado pelo que passou a ser o novo camisola Rosa, o holandês Wilco Kelderman (Team Sunweb), a 2m18s.
João Almeida, com a “língua de fora”, João Almeida (Deceuninck-Quick Step) ainda teve força para superar dois companheiros de luta, sprintando para o 7º lugar, a 4m51s do vencedor.
Rúben Guerreiro (EF Pro Cycling) voltou a estar em evidência ao obter o 36º posto e, com isso – por voa de ter ganho duas contagens do prémio da montanha – passar a liderar este prémio, cujo título é definitivo face à vantagem sobre o segundo e não haver muitas mais metas deste tipo nas etapas que faltam.
Na classificação geral, Wilco Kelderman passou a liderar, com um total de 77h46m56s, à frente de Jai Hindley (a 12 segundos) e de Tao Geoghegan (a 15 segundos). Quarto lugar para Pello Bilbao (a 1m19s) e na quinta posição está agora João Almeida, a 2m16s.
Ruben Guerreiro subiu mais seis lugares (de 43º para 37º) ficando a 1h55m43s.
O francês Arnaud Démare (Groupama-FDJ) continua a liderar a Camisola dos Pontos; Rúben Guerreiro é líder definitivo na Montanha (soma 234 pontos contra 122 do belga Thomas de Gendt); na Juventude liderança para Jai Hindley, enquanto João Almeida desceu à terceira posição).
Nas equipas, a Ineos Grenadiers continua no comando, com a Deceuninc-Quick Step (a equipa de João Almeida) passou para a quinta posição, o que confirma a falta de equipa para dar apoio a João Almeida quando ele mais precisava, um sinal de “descrédito” que se vinha a sentir há já alguns dias.
Esta sexta-feira, lugar à 19ª etapa, entre Morbegno e ASTI, numa distância de 258 km – a mais longa deste Giro d’Itália 2020 – que tem como atractivo ser sempre a descer, que poderá parecer mais um passeio (com dois intervalos para receber refeições) mas também a última “chance” para quem possa estar “desconsiderado” (como João Almeida) ou mais atrasado e fazer um brilharete.