No decorrer da Semana da Integridade no Desporto, evento promovido pela SIGA (Sports Integrity Global Alliance) por via telemática, com grandes figuras de vários quadrantes ligados ao desporto, o Director-geral do Comité Olímpico de Portugal (COP), João Paulo Almeida, sublinhou a importância de enfrentar o fenómeno da manipulação de competições desportivas de “forma global” e não como um problema exclusivo das organizações desportivas.
A participar no painel Money Talks: Match-Fixing & Criminal Infiltration in Sport, João Paulo Almeida alertou para a necessidade de “trabalhar com as autoridades criminais” para poder travar um problema em expansão, comparável ao doping.
O trabalho de “consciencialização dos atletas” para a manipulação de competições continua a ser prioritário e João Paulo Almeida citou o tenista argentino Nicolas Kicker, suspenso por ter entrado num esquema de jogos combinados e que aceitou dar testemunho desse caso num vídeo da Tennis Integrity Unit, como um exemplo simbólico poderoso na luta contra este flagelo.
O Director-geral do COP alertou ainda para a diferença de entendimento que existe no tratamento entre doping e manipulação de competições. “A Convenção Antidoping da UNESCO foi adoptada por uma larga maioria de estados” (189), ao passo que a Convenção sobre Manipulação de Competições Desportivas do Conselho da Europa teve uma adesão reduzida, estando Portugal entre os sete países que a ratificaram até agora. Ainda assim, o nosso país continua sem ter activa uma plataforma que agregue instâncias criminais, policiais e desportivas, prevista no documento, para enfrentar a manipulação de competições, sublinhou João Paulo Almeida.
Este foi mais um dos temas “top” dos debates registados nesta Semana da Integridade no Desporto, que levou milhares de pessoas a conhecer o que se passa no mundo (real) sobre estes assuntos que se relacionam com a ética, a verticalidade e a integridade que deve ser apanágio de todos os que pugnam por um desporto mais inclusivo, mais cumpridor das regras que o regem mas com uma mácula de responsabilidade acrescida, para lutar contra grupos organizados em que procuram não o desporto em si mas os lucros que podem obter com base no desporto.
Como tivemos oportunidade de referir, o Comité Olímpico de Portugal é um dos parceiros mais activos da SIGA para todas as áreas que se relacionam, de forma directa ou indirecta, ao desporto.