Carolina Duarte (T13) e Miguel Monteiro (F40) são dois dos atletas paralímpicos que integram o lote dos que obtiveram mínimos para os Jogos Paralímpicos Tóquio’2020, remarcados para 2021, se bem que tem atravessado um período menos positivo – inactividade quase completa – na preparação para o mais importante evento desportivo da vida de cada um.
Em entrevista concedida ao site da Federação Portuguesa de Atletismo, Carolina Duarte (30 anos), atleta do Sporting Clube de Portugal, integrada na categoria T13 (deficiência visual), ficou surpreendida com a notícia do adiamento dos Jogos para 2021, tendo salientado que “nunca acreditei que fossem adiados até ao dia em que realmente foram. Nesse dia fiquei bastante apática. Não tinha qualquer tipo de sentimento, nem bom nem mau. Foi estranho, porquanto um ano é muito tempo”, tendo acrescentado que “os Jogos continuam a ser o objectivo. É uma situação diferente para todos os atletas, mas é a nova realidade que temos pela frente”.
Sobre o “novo” tipo de treino a que foi obrigada a cumprir, Carolina referiu que o treino em confinamento é um grande desafio. Comecei por fazer treinos na praia, mas que fechou poucos dias depois. Então adaptei os treinos de corrida no parque. Os treinos de circuitos de força não mudaram muito porque o meu tipo de treino não é altamente dependente de um ginásio muito equipado, até porque em Londres (onde vivi) o ginásio pouco tinha e os treinos são adaptados a isso. Ainda assim comprei alguns equipamentos e acessórios para poder fazer tudo em casa”.
Quanto às implicações que isso possa ter para as competições, salientou que “é algo em que ainda não pensei, até porque não sei que competições se irão realizar de facto. Agora estou mais focada em continuar a treinar e em manter a forma o mais possível até que as condições voltem ao normal. Depois será outra fase”.
Fora dos treinos, Carolina “tem mais quer fazer”, porquanto disse que “a única coisa que não tenho é tempo para me aborrecer! Mudei há pouco tempo para uma casa com jardim e, por isso, passo bastantes horas a jardinar: semeio plantas, trato das flores, arranjo o jardim. E também tenho dois cães que me conseguem ocupar por muito tempo. Mas tenho saudades de ir à pista e de estar com a minha família, que também está em confinamento”
Nascida em Lisboa (8 de Janeiro de 1990), Carolina é orientada pelo técnico Christopher Junior Zah e tem como recordes pessoais 12,43 (100 m), 25,30 (200 m) e 56,09 (400 m).
Os melhores desempenhos foi a conquista da medalha de prata no mundial de 400 metros (Dubai’2019), campeã europeia dos 400 metros (Berlim’2018), medalha de bronze no mundial (Londres’2017) nos 400 metros e medalha de prata no europeu (Berlim’2018) nos 100 e 200 metros.
Quanto a Miguel Monteiro (19 anos), é um lançador destacado no desporto adaptado, ainda jovem, mas já com algumas medalhas no seu currículo. No ano passado o atleta da classe F40 (baixa estatura) foi quinto classificado no mundial do Dubai 2019.
Representando a Casa do Povo de Mangualde, Miguel Monteiro, sobre o adiamento dos Jogos, referiu ao mesmo site que “isso era algo que inevitavelmente já se esperava que acontecesse, mais tarde ou mais cedo, pelo que foi com naturalidade que vi os Jogos serem adiados devido a esta situação que todo o mundo atravessa”, tendo acrescentado que “os Jogos são e serão sempre um objectivo a alcançar para qualquer atleta”.
Para Miguel Monteiro as alterações ao treino não foram muitas.
Sem objectivos imediatos e sem competições, Miguel salientou que “o treino que estamos a fazer nesta época de confinamento passa mais por evitar a perda de forma do que propriamente melhorar marcas, uma vez que não sabemos quando é que esta situação se vai reverter”.
Para lá dos treinos, Miguel referiu que “continuo a ter aulas por videoconferência e actividades da Universidade, que ocupam grande parte do meu tempo durante o dia. Para além disso, converso com os amigos, aprendo coisas novas e o que mais surgir”.
Nascido em Mangualde (23 de Dezembro de 2000), Miguel Monteiro é treinado por João Mendes e tem 10,32 como recorde pessoal no lançamento do peso.
Em competição, conquistou as medalhas de prata no mundial (Londres’2017) e no europeu (Berlim’2018); sagrou-se campeão europeu de juniores (Nottwill’2019) e foi 5º no mundial do Dubai (2019)
